Epidemiologia
A febre amarela é endêmica na África Subsaariana, nas Américas Central e do Sul e no Caribe, sendo que a maioria dos casos (aproximadamente 90%) ocorre na África. Globalmente, estima-se que entre 84,000 e 170,000 casos graves ocorram todos os anos, resultando em 29,000 a 60,000 óbitos.[3] Fatores como a falta de instalações para diagnóstico, e a ocorrência remota de áreas de surto causam uma frequência menor de relatos que impede a avaliação do real ônus da doença.
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ECDC: yellow fever distribution and areas of risk in Brazil Opens in new window
O surto mais recente foi relatado em Mali. Até 26 de dezembro de 2019, foram relatados 3 casos confirmados (com 2 mortes), 9 casos suspeitos e 3 casos prováveis.[4]
Surtos têm sido relatados na Nigéria desde 2017.[5] O número de casos confirmados em 2019 foi quase três vezes maior que em 2018, o que sugere uma intensificação da transmissão. De 1 de janeiro a 10 de dezembro de 2019, foram relatados 4189 casos suspeitos, com 115 casos confirmados e 23 mortes.[6]
Um grande surto ocorreu em Angola e na República Democrática do Congo entre dezembro de 2015 e julho de 2016, com mais de 7300 casos suspeitados e 900 casos confirmados.[7] Surtos também foram relatados na China (11 casos importados de Angola), Uganda e Quênia em 2016.
Um surto no Brasil foi relatado pela primeira vez em dezembro de 2016 e declarado extinto em setembro de 2017. No entanto, tem havido um ressurgimento de casos humanos desde dezembro de 2017, juntamente com um aumento nas epizootias de primatas não humanos desde setembro de 2017. Até junho de 2018, pelo menos 1266 casos humanos confirmados foram notificados com 415 óbitos. Relataram-se casos em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Vários casos foram confirmados em viajantes não vacinados que retornaram do Brasil, com um caso relatado em um viajante que retornou no Reino Unido.[8]
A febre amarela tem o potencial de rápida disseminação por viajantes internacionais a países vulneráveis onde os mosquitos Aedes aegypti estão presentes. Um exemplo disso ocorreu em 2016, quando 11 viajantes infectados entraram na China vindos de Angola, colocando assim uma grande população não vacinada em risco. Felizmente, a transmissão autóctone não ocorreu.[9]
Nos EUA, todos os casos são importados e ocorrem em pessoas não imunizadas que viajaram para áreas de risco e que não tomaram as devidas precauções contra o mosquito. No total, foram relatados 11 casos em pessoas não vacinadas, originárias dos EUA e da Europa, que viajaram para a África Ocidental e para a América do Sul entre 1970 e 2015; oito dessas pessoas faleceram. Apenas um viajante tinha história de vacinação documentada, e esse indivíduo sobreviveu. Surtos em Angola e no Brasil entre 2016 e meados de 2021 resultaram em mais de 37 casos relacionados a viagens registrados em viajantes não vacinados residentes de áreas ou países não endêmicos.[10]
Embora todos os países das Américas com áreas enzoóticas tenham incorporado a vacinação contra a febre amarela em seus programas de vacinação infantil de rotina, 22 casos confirmados da região das Américas (Bolívia, Brasil e Peru) foram relatados durante o ano de 2010. A taxa de letalidade foi muito alta, chegando a 77.3% (17 óbitos). Nenhum caso foi encontrado nas áreas urbanas.[11] Embora este tenha sido o menor número de casos confirmados desde 1967, quase todos os grandes centros urbanos localizados nas áreas tropicais das Américas foram infestados novamente com o Aedes aegypti, e a maioria dos moradores e viajantes é suscetível a contrair a infecção devido à baixa cobertura de imunização. Em 2017, a OMS declarou que a "América Latina corre maior risco de epidemias urbanas atualmente que em qualquer outro momento nos últimos 50 anos".[12]
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