Abordagem
O diagnóstico da síndrome da veia cava superior (VCS) geralmente é clínico e necessita de um grau elevado de suspeita; portanto, uma boa anamnese e exame físico são importantes. A tomografia computadorizada (TC)/ressonância nuclear magnética (RNM) do tórax é o exame inicial de escolha necessário para confirmar o diagnóstico e avaliar a etiologia subjacente. A obtenção de tecido para histopatologia pode ser necessária em casos de suspeita de malignidade ou infecção.
História
A anamnese também pode ser notável para tabagismo, múltiplos eletrodos de marca-passos ou cateteres venosos centrais. Uma história pregressa de exposição à radiação deve ser observada, pois o excesso de radiação para o mediastino pode acarretar fibrose e causar obstrução da VCS.
No início da evolução, a obstrução parcial da VCS pode ser assintomática ou associada a sintomas sutis. Com a obstrução progressiva, os sintomas e sinais clássicos se tornam mais evidentes. Os sintomas mais comuns são edema facial, dispneia, tosse, edema de braço e pletora facial.[1][2] Uma dispneia de início súbito em decorrência de edema laríngeo pode ser fatal como resultado de comprometimento das vias aéreas superiores.[5] Outros sintomas incluem cefaleia, dor torácica, visão turva, rouquidão e estridor. Os sintomas geralmente pioram quando o paciente se curva para frente ou se deita.
História de anorexia, perda de peso, tosse, dispneia e hemoptise associadas pode sugerir malignidade pulmonar (ou possível infecção crônica). Febre, erupção cutânea ou artralgia pode ser indicativa de doença vascular do colágeno subjacente.
Exame físico
O exame físico geralmente revela veias ingurgitadas do pescoço e da parede torácica superior, edema facial e edema de membros superiores. Veias colaterais proeminentes podem ser visíveis, abrangendo a parede torácica anterior. A manobra de se curvar para frente geralmente piora o ingurgitamento venoso e é um sinal clínico útil. Edema laríngeo, cianose, papiledema, alterações mentais, letargia e mesmo coma têm sido descritos com obstrução grave.[1][6] Quando linfadenopatia se encontra presente fora do tórax, linfoma deve ser considerado uma possibilidade.
Investigações
A radiografia torácica pode ser realizada como um exame inicial e algumas vezes revela um mediastino alargado ou lesão de massa no pulmão, mas a investigação radiológica mais importante é a TC do tórax (com contraste intravenoso) quando o diagnóstico for clinicamente suspeito.[1][2] Ela estabelece o diagnóstico de obstrução da VCS e mostra a localização exata, a gravidade e a patologia associada (por exemplo, neoplasia maligna ou trombose intravascular). A RNM também pode ser útil, mas não tem qualquer vantagem distinta sobre a TC, exceto em pacientes com alergia a contraste ou insuficiência renal, pois ela evita o uso de contraste iodado.[1][2]
A ultrassonografia de membros superiores é um exame de rastreamento não invasivo útil e auxilia na identificação de trombose ou obstrução venosa.[2][19] A presença de fluxo monofásico na VCS ou perda de variação respiratória na ultrassonografia com Doppler pode sugerir obstrução da VCS.
A venografia bilateral de membros superiores pode delinear precisamente o local e a extensão da obstrução da VCS e das vias colaterais, mas não fornece informações sobre a patologia pulmonar ou mediastinal. A venografia geralmente não é necessária para o diagnóstico, mas pode ser útil para planejar uma inserção de stent ou cirurgia.[1][2]
Outras investigações
A obtenção do diagnóstico tecidual é importante para confirmar a presença de neoplasia maligna. Uma biópsia de linfonodo supraclavicular ou de outros linfonodos cervicais pode evitar a necessidade de procedimentos invasivos como a mediastinoscopia e, portanto, um exame cuidadoso para linfadenopatia cervical deve ser realizado. Para o diagnóstico de neoplasia maligna, a broncoscopia apresenta um rendimento diagnóstico de 50% a 70%, a biópsia transtorácica por agulha aspirativa tem um rendimento de aproximadamente 75% e a mediastinoscopia ou mediastinotomia fornece um rendimento diagnóstico >90%.[1]
O exame da expectoração para cultura, a coloração álcool-ácido resistente e citologia são úteis no diagnóstico de casos de tuberculose, infecções fúngicas (por exemplo, aspergilose, blastomicose, histoplasmose, nocardiose) ou malignidade endobrônquica. A toracocentese com análise citológica deve ser fortemente considerada sempre que houver presença de derrame pleural.
A velocidade de hemossedimentação ou a proteína C-reativa podem estar elevadas em pacientes com infecção ou distúrbios imunológicos.
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal