Abordagem
A síndrome da morte súbita infantil (SMSI) é um diagnóstico de exclusão e se confirma com uma cuidadosa avaliação post mortem. Diversos autores e grupos têm defendido uma abordagem padronizada para a avaliação post mortem, a qual deve incluir, no mínimo, os componentes clínicos e patológicos definidos a seguir.[5][116][117]
Avaliação clínica
É realizada uma entrevista com o cuidador para determinar a saúde da criança por ocasião da morte, procurando especificamente pela presença de comorbidades agudas ou crônicas que possam ter causado ou contribuído para a morte (ou seja, infecções graves, inclusive vírus sincicial respiratório e coqueluche, e disritmias). Os sintomas poderiam incluir febre, tosse, congestão nasal, irritabilidade, cansaço fácil e letargia.
Uma morte acidental pode ser estabelecida por meio de evidência de excesso de roupas ou sufocamento em associação com roupas de cama macias ou uma superfície macia para dormir (como colchão d'água ou divã/sofá/poltrona), estrangulamento ou ficar preso entre 2 superfícies duras (por exemplo, colchão e parede).[118]
Também podem ser estabelecidas evidências de lesões traumáticas não acidentais ou abusivas e outras formas de abuso (inclusive síndrome de Munchausen por procuração). É útil nessa avaliação para averiguar o número de observadores do início do incidente e/ou o nível de concordância entre as histórias fornecidas por vários observadores, se houver.
Além disso, a entrevista pode ser um momento de avaliação de outros fatores de risco identificáveis de SMSI (por exemplo, posição de bruços, de lado ou inclinada para dormir; posição do sono do lactente quando foi encontrado; ambiente de sono; compartilhamento de leito; prematuridade; história de tabagismo parental, incluindo tabagismo materno durante e após a gestação; e história de abuso de substâncias materno). Nenhum fator parece suficiente, por si só, para iniciar um evento de síndrome da morte súbita infantil (SMSI). Os fatores de risco devem ser colocados no modelo de hipótese de 'Risco Triplo' e o conjunto de fatores coexistentes deve ser usado para se avaliar o risco de um evento de SMSI em qualquer paciente. Uma pesquisa recente de 244 casos de SMSI constatou que 78% deles tinham 2 ou mais fatores de risco concomitantes (modificáveis ou não modificáveis), enquanto quase 35% tinham 4 ou mais.[61]
Na história familiar, deve-se avaliar epilepsia, disritmia, doença metabólica e outras mortes inexplicadas.
O uso de cautela durante o questionamento limitará a probabilidade de que respostas positivas aumentem os sentimentos de culpa e/ou autoacusação dos cuidadores. Os pais e cuidadores são lembrados de que a morte não foi culpa deles.
Avaliação laboratorial/autópsia
Após a entrevista inicial, todas as mortes inexplicadas requerem uma autópsia completa e padronizada.
A autópsia inclui:
Avaliação microbiológica completa de patógenos bacterianos, virais e fúngicos, incluindo análise de sangue, urina e líquido cefalorraquidiano
Avaliação de distúrbios metabólicos ou genéticos que possam mimetizar a SMSI (por exemplo, distúrbios do metabolismo de ácidos graxos)
Registros fotográficos de todos os achados cutâneos e oftalmológicos, sobretudo hematomas e hemorragias retinianas
Radiografia de esqueleto para avaliar lesões ósseas
Macroscopia dos órgãos internos e exame patológico microscópico utilizando um protocolo de autópsia padronizado.
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal