Abordagem

Nenhum dos tratamentos atuais pode reverter os danos na pele induzidos pela radiação ultravioleta.[16] Portanto, a prevenção primária da queimadura solar com medidas como evitar o sol, proteção física e uso apropriado de filtros solares, são essenciais para manejar a afecção.

Tratamento sintomático

Não existe um algoritmo definitivo para o tratamento de queimadura solar aguda. Em geral, os estudos que avaliam o uso de corticosteroides orais e tópicos, anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), antioxidantes e anti-histamínicos após a exposição à radiação ultravioleta (UV) demonstraram pouca ou nenhuma melhora no tempo de recuperação.[16][29] Portanto, recomenda-se o manejo conservador com emolientes para facilitar a cicatrização da pele.[29] Não ficou demonstrado que emolientes reduzem o tempo de recuperação de queimadura solar aguda.[16] O petrolato pode reter calor, fazendo com que alguns especialistas sejam contra seu uso em queimaduras agudas, embora pomadas oclusivas tenham demonstrado acelerar a cicatrização da ferida.[14] Loções aquosas podem melhorar a descamação e a dor associadas à radiação terapêutica.[30]

Não há evidências clínicas para dar suporte ao uso de aloe vera em vez de outros emolientes, pois a aloe vera não demonstrou produzir uma melhora significativa no eritema pós-exposição ou na cicatrização, e pode estar associada à dermatite de contato.[31][32] No entanto, dado seu perfil limitado de efeitos colaterais e benefícios sintomáticos, esse tratamento deve ser reservado para uma intervenção de segunda linha.

As opções terapêuticas adjuvantes incluem analgésicos e agentes de ressecamento em casos de dor e vesículas significativas. Analgésicos podem aliviar o desconforto e os sintomas sistêmicos relacionados à queimadura solar. Acredita-se que anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) sejam eficazes no tratamento de reações de queimaduras solares por inibição dos mediadores inflamatórios como prostaglandinas. Embora estudos tenham mostrado que AINEs sistêmicos e tópicos possam reduzir o eritema induzido por UV, geralmente essas reduções são leves e/ou transitórias e requerem uso do medicamento antes ou logo após a exposição.[16][29] Pramocaína é um anestésico tópico que pode ser usado como segunda linha, embora possa causar dermatite de contato.[33]

Compressas devem ser aplicadas antes da aplicação de emolientes. O acetato de alumínio é adstringente com propriedades antissépticas. Ajuda a secar e cicatrizar áreas com vesículas. Compressas ou banhos frios +/- aveia coloidal também podem ser benéficos, embora as evidências sejam limitadas para essas intervenções.

Depleção de volume, sintomas sistêmicos e vesículas

Crianças muito novas com extensão da área da superfície corporal (ASC) acima de 10%, adultos com vesículas cobrindo mais de 15% a 25% da ASC e aqueles com sintomas sistêmicos devem ser considerados para hospitalização para receberem fluidoterapia intravenosa e cuidados de suporte.[34][35]

Prevenção contínua

Apesar de controvérsias, o filtro solar continua sendo o método de prevenção primária de queimadura solar mais utilizado entre todas as faixas etárias.[36] A radiação de ultravioleta B (UVB) é a causa primária de queimadura solar. A radiação UVB e UVA (inclusive UVA2, bloqueada pela maioria dos filtros solares, e UVA1, bloqueada por determinados filtros solares) pode contribuir para câncer de pele e envelhecimento da pele. Portanto, para quase todas as finalidades, qualquer filtro solar de amplo espectro UVA/UVB é suficiente para proteger contra queimaduras solares, desde que seja utilizado corretamente. Entretanto, muitos filtros solares disponíveis comercialmente não fornecem proteção UVA completa. Os melhores agentes de filtros solares abrangem todo o espectro de radiação UVA e UVB. Estes incluem o óxido de zinco bloqueador de ultravioleta (UV) inorgânico físico e os filtros solares orgânicos químicos de absorção de UV com avobenzona e ecamsule.[37] O dióxido de titânio também é amplamente utilizado como bloqueador de UV inorgânico, mas tem um espectro reduzido de bloqueio de UVA em comparação com o óxido de zinco. Como os filtros solares orgânicos podem ser absorvidos, geralmente recomenda-se o óxido de zinco para a proteção de crianças pequenas. Ele também é amplamente utilizado por todas as faixas etárias em algumas partes do mundo onde a penetração de UV na camada de ozônio é alta. Uma controvérsia sobre a possibilidade de o óxido de zinco micronizado gerar ânions de superóxido ainda não foi respaldada por estudos in vivo que demonstrem que os ânions de superóxido podem penetrar o estrato córneo para causar danos.

Na Europa, a proteção contra UVA é indicada por um sistema de estrelas ou pelo termo 'UVA' dentro de um círculo.

Regulamentos da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA que entraram em vigor em 2012, visam tornar os rótulos dos filtros solares mais claros ao público. FDA: for consumers - sunscreen products Opens in new window Os regulamentos da FDA proíbem o uso das palavras 'à prova d'água', 'à prova de suor' ou 'bloqueador solar', pois esses termos induzem a erro. Os filtros solares resistentes à água ou ao suor são rotulados como oferecendo proteção por 40 ou 80 minutos. Os regulamentos também estabelecem um teste padrão para determinar quais produtos podem ser rotulados como de proteção de 'amplo espectro' UVA/UVB. Para atender aos critérios desse teste, os filtros solares precisam proteger contra UVB com um fator de proteção solar (FPS) 15 ou mais e, também, compreender pelo menos uma parte do espectro UVA. No entanto, conforme foi abordado acima, muitos dos filtros solares que são rotulados como 'de amplo espectro' não bloqueiam a UVA1. A consequência de uma exposição inefetiva ao UVA1 é o bronzeamento, o qual foi associado a câncer de pele e ao envelhecimento da pele. Em 2019 a FDA emitiu uma regra proposta com requisitos atualizados para os protetores solares, além de fornecer orientações sobre como aplicar e armazenar o protetor solar e informações sobre o rótulo e ingredientes do protetor solar.[38] A FDA inclui as seguintes substâncias como ingredientes ativos aceitáveis para filtro solar: ácido aminobenzoico, avobenzona, cinoxato, dioxibenzona, homossalato, meradimato, octocrileno, octinoxato, octisalato, oxibenzona, padimato O, ensulizol, sulisobenzona, dióxido de titânio, salicilato de trolamina e óxido de zinco. Apenas dois desses 16 ingredientes, óxido de zinco e dióxido de titânio, são "geralmente reconhecidos como seguros e eficazes". A regra proposta em 2019 também inclui uma proposta para elevar o valor máximo do FPS no filtro solar de 50 para 60.[39]

Recomenda-se o uso de roupas protetoras, como camisas de manga longa (tecidos com uma trama fechada fornecem a melhor proteção UV) e chapéus de abas largas. Roupas com classificação de proteção UV, bem como produtos de lavagem, como bis-etilexiloxifenol metoxifenil triazina, que melhora a capacidade do tecido de proteger a pele da luz solar, estão disponíveis comercialmente.[40]

Um índice ultravioleta (UVI) solar global foi desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde por meio de uma colaboração internacional. Ele descreve, por uma escala numérica simples, a intensidade de radiação UV na superfície da terra relevante para os efeitos na pele humana. Global Solar UV Index Opens in new window Índices UV de 1 a 2 indicam que é seguro ficar ao ar livre sem medidas de proteção solar, índices UV de 3 a 7 recomendam ficar à sombra nos horários próximos ao meio-dia e medidas de proteção solar em todos os outros horários, e índices UV de 8 ou acima indicam que deve-se evitar a exposição ao sol nos horários próximos ao meio-dia, com medidas obrigatórias de proteção solar o tempo todo. Uma declaração de consenso para Austrália e Nova Zelândia recomenda a aplicação de protetor solar diariamente quando os índices UV forem 3 ou mais.[22]

As recomendações do National Institute for Health and Care Excellence discutem como aconselhar pacientes com risco de queimadura solar ou deficiência de vitamina D em termos de comportamentos seguros em relação ao sol.[21] O aconselhamento de adultos jovens e pacientes pediátricos (e pais) para minimizar a exposição à radiação ultravioleta é recomendado pela Preventive Services Task Force dos EUA para pacientes pediátricos até 24 anos de idade com tipos de pele clara.[17]

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