Queimaduras cutâneas
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- Tratamento
- ACOMPANHAMENTO
- Recursos
Algoritmo de tratamento
Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal
adequado para tratamento ambulatorial
limpeza da lesão e profilaxia antibiótica tópica
Os pacientes com queimaduras menores que tenham assistência adequada em domicílio, em geral, podem ser tratados no ambiente ambulatorial. As lesões localizadas em pés, mãos, face, orelhas e genitais têm importância funcional e estética desproporcional ao tamanho da lesão. Nesses casos, pode ser indicada uma avaliação especializada precoce. A maioria das queimaduras selecionadas para manejo ambulatorial é superficial e cura em 2 semanas. Se isso não acontecer, os pacientes talvez precisem de uma avaliação especializada.
Limpe as lesões por queimadura com água morna da torneira e sabão neutro.
A profilaxia antibiótica sistêmica não é recomendada rotineiramente, pois estudos anteriores não demonstraram nenhum benefício convincente.[46]Sheridan RL, Weber JM, Pasternack MS, et al. Antibiotic prophylaxis for group A streptococcal burn wound infection is not necessary. J Trauma. 2001 Aug;51(2):352-5. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11493799?tool=bestpractice.com
As queimaduras superficiais podem ser tratadas com pomadas antibacterianas viscosas contendo concentrações baixas de vários antibióticos, embora os dados para apoiar isso sejam fracos. A prata é um excelente antisséptico e é usada no tratamento das lesões por queimaduras de diversas formas, inclusive creme de sulfadiazina de prata, solução aquosa de nitrato de prata e curativos contendo prata nanocristalina.[50]Gravante G, Caruso R, Sorge R, et al. Nanocrystalline silver: a systematic review of randomized trials conducted on burned patients and an evidence-based assessment of potential advantages over older silver formulations. Ann Plast Surg. 2009 Aug;63(2):201-5. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19571738?tool=bestpractice.com Geralmente, usa-se sulfadiazina de prata tópica por ser indolor na aplicação e ter um amplo espectro de atividade antibacteriana, embora algumas evidências in vitro sugiram que pode provocar a epitelização de forma mais lenta e algumas diretrizes não recomendem seu uso.[37]International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies. International first aid, resuscitation, and education guidelines. 2020 [internet publication]. https://www.ifrc.org/document/international-first-aid-resuscitation-and-education-guidelines [49]Aziz Z, Abu SF, Chong NJ. A systematic review of silver-containing dressings and topical silver agents (used with dressings) for burn wounds. Burns. 2012 May;38(3):307-18. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22030441?tool=bestpractice.com [51]Rigo C, Roman M, Munivrana I, et al. Characterization and evaluation of silver release from four different dressings used in burns care. Burns. 2012 Dec;38(8):1131-42. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22985973?tool=bestpractice.com [52]Wasiak J, Cleland H, Campbell F, et al. Dressings for superficial and partial thickness burns. Cochrane Database Syst Rev. 2013 Mar 28;(3):CD002106. https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD002106.pub4/media/CDSR/CD002106/CD002106.pdf http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23543513?tool=bestpractice.com
Trate as queimaduras mais profundas na orelha com mafenida, que é o único agente que penetra na cartilagem relativamente avascular. Isso é importante, já que a infecção do esqueleto cartilaginoso da orelha externa pode causar uma deformidade significativa.
Opções primárias
sulfadiazina de prata de uso tópico: (1%) aplicar na(s) área(s) afetada(s) uma ou duas vezes ao dia
ou
mafenida tópica: (8.5%) aplicar na(s) área(s) afetada(s) uma ou duas vezes ao dia
imunização antitetânica
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Indicada em pacientes sem nenhuma imunização no momento.
opioide analgésico
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Muitos pacientes sentirão ansiedade e dor significativas na inspeção e limpeza da lesão.
Pode ser útil para alguns desses pacientes um opioide oral administrado de 30 a 60 minutos antes de uma troca de curativos planejada.
Opções primárias
sulfato de morfina: 10-30 mg por via oral (liberação imediata) a cada 4 horas quando necessário inicialmente, ajustar a dosagem de acordo com a resposta
antibiótico ± desbridamento cirúrgico
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
O monitoramento regular de lesões por queimadura possibilita o reconhecimento precoce de infecção. Em caso de infecção, será necessário um manejo mais agressivo que pode incluir internação, antibióticos intravenosos, observação e desbridamento cirúrgico caso as lesões sejam profundas.
Na maioria dos casos, a celulite da lesão por queimadura tem rápida resposta a antibióticos.
O impetigo da queimadura é geralmente associado a Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes e é especialmente comum em queimaduras do couro cabeludo. O tratamento requer a limpeza da lesão, que em geral exige a depilação das áreas adjacentes, e o enxerto de áreas com espessura completa.
Siga os protocolos locais para seleção do antibiótico e da dosagem apropriada.
Opções primárias
cefadroxila: 1 g por via oral/dia administrado em 1-2 doses fracionadas
requer hospitalização
avaliação de internação em um centro de queimados
Devem ser hospitalizados os pacientes que não puderem ingerir líquidos pela boca, precisarem de ressuscitação para queimadura, apresentarem uma provável lesão por inalação ou não puderem ser tratados em ambiente ambulatorial. Se possível, consulte um centro de tratamento de queimaduras especializado e prepare a transferência, se adequado.
Alguns pacientes inicialmente tratados em consultório podem precisar ser internados depois. Os motivos para internação incluem: aumento da dor e da ansiedade, incapacidade de comparecer às consultas, recuperação demorada, sinais de infecção e lesões que parecem mais profundos que inicialmente avaliados (a queimadura profunda muitas vezes é subestimada nos primeiros dias após a lesão).
Queimaduras graves são tratadas com mais eficiência em programas organizados destinados ao tratamento de queimaduras. Segundo a American Burn Association (ABA), as seguintes lesões por queimadura devem ser encaminhadas a um centro de tratamento de queimaduras: queimaduras de espessura parcial com >10% de área total de superfície corporal, queimaduras envolvendo a face, as mãos, os pés, a genitália, o períneo ou as principais articulações, queimaduras de terceiro grau em qualquer faixa etária, queimaduras elétricas, inclusive lesão por raio, queimaduras químicas, lesão por inalação, lesão por queimadura em pacientes com distúrbios médicos preexistentes que podem complicar o manejo, prolongar a recuperação ou afetar a mortalidade, crianças queimadas em hospitais sem pessoal qualificado ou equipamento para o manejo infantil, lesão por queimadura em pacientes que exigem intervenção social, emocional ou de reabilitação especial, pacientes com queimaduras e trauma concomitante (como fratura) nos quais a lesão por queimadura apresenta grande risco de morbidade ou mortalidade.[41]American Burn Association, American College of Surgeons. Guidelines for the operation of burn centers. J Burn Care Res. 2007 Jan-Feb;28(1):134-41. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17211214?tool=bestpractice.com
Um consenso do painel de especialistas propôs atualizar a estender os critérios originais de encaminhamento da ABA para incluir os seguintes critérios/considerações de encaminhamento adicionais:[42]Bettencourt AP, Romanowski KS, Joe V, et al. Updating the burn center referral criteria: results from the 2018 eDelphi Consensus Study. J Burn Care Res. 2020 Sep 23;41(5):1052-62. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32123911?tool=bestpractice.com queimaduras de espessura total ≥5% da ATSC queimada; crianças e adultos em idade avançada (>55 anos de idade, que podem se beneficiar do encaminhamento a um centro de tratamento de queimaduras para ter acesso aos recursos de uma equipe multidisciplinar, mesmo se a ATSC queimada for inferior a 10%); queimaduras menores devem ser acompanhadas nos ambientes ambulatoriais do centro de tratamento de queimaduras o mais rápido possível após a lesão e, de preferência, em até uma semana; considere as consultas de telemedicina como uma alternativa à transferência imediata ou ao encaminhamento ambulatorial para pacientes selecionados.
Internacionalmente, os critérios de transferência a um centro de tratamento de queimaduras variam e podem depender de recursos locais e/ou da configuração dos serviços especializados em queimaduras.[43]Koyro KI, Bingoel AS, Bucher F, et al. Burn guidelines—an international comparison. Eur Burn J. 2021; 2(3):125-39. https://www.mdpi.com/2673-1991/2/3/10/htm
ressuscitação fluídica
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Se a queimadura envolver >20% da superfície do corpo, a integridade capilar reduzida se tornará clinicamente importante, resultando na necessidade de ressuscitação fluídica (geralmente administrados em soluções cristaloides). A integridade capilar geralmente é restaurada em aproximadamente 24 horas. Qualquer uma das diversas fórmulas de queimadura disponíveis pode ser usada para iniciar a ressuscitação, mas nenhuma pode ser considerada precisa para um determinado paciente. É importante a titulação das infusões à beira do leito, baseada em parâmetros fisiológicos.
Muitas vezes é usada a fórmula de Parkland, sugerindo 4 mL/kg/% da queimadura nas primeiras 24 horas, metade nas primeiras 8 horas, geralmente como solução de Ringer lactato. As evidências para a escolha de cristaloides para pacientes gravemente doentes costumam ser conflitantes, com pouquíssimos dados de qualidade específicos para a ressuscitação para queimaduras.[63]Guilabert P, Usúa G, Martín N, et al. Fluid resuscitation management in patients with burns: update. Br J Anaesth. 2016 Sep;117(3):284-96. https://www.doi.org/10.1093/bja/aew266 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27543523?tool=bestpractice.com [64]Semler MW, Self WH, Wanderer JP, et al. Balanced crystalloids versus saline in critically Ill adults. N Engl J Med. 2018 Mar 1;378(9):829-39. https://www.doi.org/10.1056/NEJMoa1711584 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29485925?tool=bestpractice.com [65]Zampieri FG, Machado FR, Biondi RS, et al. Effect of intravenous fluid treatment with a balanced solution vs 0.9% saline solution on mortality in critically ill patients: the BaSICS randomized clinical trial. JAMA. 2021 Aug 10;326(9):1-12. https://www.doi.org/10.1001/jama.2021.11684 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34375394?tool=bestpractice.com [66]Finfer S, Micallef S, Hammond N, et al. Balanced multielectrolyte solution versus saline in critically ill adults. N Engl J Med. 2022 Mar 3;386(9):815-26. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35041780?tool=bestpractice.com
Crianças pequenas devem receber dextrose a 5% em solução de Ringer lactato em uma taxa de manutenção para garantir que não desenvolvam hipoglicemia.
Mesmo os pacientes com muitas ou muito grandes queimaduras podem ter um bom desfecho se tratados em um programa abrangente para queimaduras. Quanto maior o tamanho da queimadura, maior é o desafio da ressuscitação fluídica. A experiência em tempos de guerra contribuiu para o nosso entendimento das necessidades da ressuscitação dos pacientes gravemente feridos.[72]White CE, Renz EM. Advances in surgical care: management of severe burn injury. Crit Care Med. 2008 Jul;36(7 Suppl):S318-24. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18594259?tool=bestpractice.com
O papel do coloide permanece controverso. Existem muito poucos dados relevantes. Muitos médicos aconselham a inclusão de coloide (geralmente albumina) na ressuscitação de queimaduras quando as queimaduras são grandes para reduzir a anasarca (acúmulo grave e generalizado de fluido intersticial), apesar das evidências em contrário de uma metanálise e recomendações conflitantes de algumas diretrizes.[67]Lewis SR, Pritchard MW, Evans DJ, et al. Colloids versus crystalloids for fluid resuscitation in critically ill people. Cochrane Database Syst Rev. 2018 Aug 3;8:CD000567. https://www.doi.org/10.1002/14651858.CD000567.pub7 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30073665?tool=bestpractice.com [68]Greenhalgh DG, Cartotto R, Taylor SL, et al. Burn resuscitation practices in North America: results of the Acute Burn ResUscitation Multicenter Prospective Trial (ABRUPT). Ann Surg. 19 2021 [Epub ahead of print]. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34417368?tool=bestpractice.com [69]Callum J, Skubas NJ, Bathla A, et al. Use of intravenous albumin: a guideline from the international collaboration for transfusion medicine guidelines. Chest. 2024 Mar 4:S0012-3692(24)00285-X. https://journal.chestnet.org/article/S0012-3692(24)00285-X/fulltext http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38447639?tool=bestpractice.com As soluções que contêm hidroxietilamido (HES) não são recomendadas devido ao aumento do risco de desfechos adversos, incluindo lesão renal e morte, principalmente nos pacientes em estado crítico, e seu uso foi suspenso na Europa.[24]American Burn Association. Advanced burn life support course: povider manual 2018 update. 2018 [internet publication]. http://ameriburn.org/wp-content/uploads/2019/08/2018-abls-providermanual.pdf [63]Guilabert P, Usúa G, Martín N, et al. Fluid resuscitation management in patients with burns: update. Br J Anaesth. 2016 Sep;117(3):284-96. https://www.doi.org/10.1093/bja/aew266 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27543523?tool=bestpractice.com [70]Food and Drug Administration. Labeling changes on mortality, kidney injury, and excess bleeding with hydroxyethyl starch products. July 2021 [internet publication]. https://www.fda.gov/vaccines-blood-biologics/safety-availability-biologics/labeling-changes-mortality-kidney-injury-and-excess-bleeding-hydroxyethyl-starch-products [71]European Medicines Agency. PRAC recommends suspending hydroxyethyl-starch solutions for infusion from the market. Feb 2022 [internet publication]. https://www.ema.europa.eu/en/news/prac-recommends-suspending-hydroxyethyl-starch-solutions-infusion-market-0
oxigênio suplementar e cuidados de suporte
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Os pacientes com acometimento das vias aéreas ou queimaduras maiores geralmente necessitam de intubação e ventilação mecânica, apesar de que a intubação deve ser feita de forma seletiva.[25]RCSE Faculty of Pre-Hospital Care & BBA. Consensus on management of burns in pre-hospital trauma care. Sep 2020 [internet publication]. https://fphc.rcsed.ac.uk/education-resources/resources/consensus-statements [60]Garren BN, Akhondi-Asl A, DePamphilis MA, et al. Factors associated with mechanical ventilation duration in pediatric burn patients in a regional burn center in the United States. Pediatr Crit Care Med. 2022 Nov 1;23(11):e536-40. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36040074?tool=bestpractice.com [61]Romanowski KS, Palmieri TL, Sen S, et al. More than one third of intubations in patients transferred to burn centers are unnecessary: proposed guidelines for appropriate intubation of the burn patient. J Burn Care Res. 2016 Sep-Oct;37(5):e409-14. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26284640?tool=bestpractice.com A intoxicação por monóxido de carbono é mais bem tratada agudamente por ventilação com oxigênio a 100%, mas pode estar associada a sequelas neurológicas tardias. A oxigenoterapia hiperbárica é apropriada em determinados pacientes estáveis com exposições graves, mas não é indicada para a cura das lesões de maneira rotineira.[62]Eskes A, Vermeulen H, Lucas C, et al. Hyperbaric oxygen therapy for treating acute surgical and traumatic wounds. Cochrane Database Syst Rev. 2013 Dec 16;(12):CD008059. https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD008059.pub3/media/CDSR/CD008059/CD008059.pdf http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24343585?tool=bestpractice.com
A cura da lesão exige suporte nutricional adequado. As necessidades gerais são discutíveis e as individuais variam, mas, em geral, 25-40 kcal/kg/dia, dependendo da extensão e da gravidade das lesões, é um cálculo inicial razoável das necessidades calóricas para a maioria dos pacientes. Cálculos mais precisos podem ser obtidos com outras equações, como a equação de Harris-Benedict, ou pode-se medir as necessidades pelo emprego da calorimetria indireta. Uma meta proteica razoável é 1.5 a 2 gramas/kg/dia, e as necessidades de vitaminas e oligoelementos também devem ser supridas.
A necessidade nutricional na maioria dos pacientes pode ser suprida por via enteral. Ocasionalmente, em pacientes muito doentes, a nutrição parenteral pode ser administrada com resultados positivos.[88]Dylewksi ML, Baker M, Prelack K, et al. The safety and efficacy of parenteral nutrition among pediatric patients with burn injuries. Pediatr Crit Care Med. 2013 Mar;14(3):e120-5. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23392358?tool=bestpractice.com
A frequência e o tipo de curativo da lesão variam significativamente entre os centros de queimados e as necessidades individuais dos pacientes. Em geral, quando há escara, são aconselháveis agentes com um amplo espectro antibacteriano e penetração. Nas queimaduras superficiais ou nas lesões pós-operatórias, a prevenção de dessecamento é especialmente importante. Em caso de enxertos de pele, a estabilidade do enxerto é uma consideração essencial. Dentro desses princípios gerais, há uma ampla variedade de possibilidades e práticas e não se pode definir uma única boa prática. A familiaridade com um programa de tratamento traz resultados ideais.
Os pacientes de queimadura sofrem uma perda de calor exagerada nas lesões e devem ser tratados em locais em que haja aquecimento do ambiente.
imunização antitetânica
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Indicada em pacientes sem nenhuma imunização no momento.
Atualize a imunização antitetânica nos pacientes com lesões mais profundas que uma queimadura superficial de espessura parcial.
cirurgia
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Em pacientes com queimaduras graves, é necessária a identificação e remoção de grandes áreas de queimadura de espessura total antes da sepse da lesão e desenvolvimento de inflamação sistêmica. Isso deve ser feito usando técnicas hemostáticas estadiadas e minimamente ablativas.[77]Sheridan RL, Chang P. Acute burn procedures. Surg Clin North Am. 2014 Aug;94(4):755-64. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25085086?tool=bestpractice.com Queimaduras parcial ou completamente circunferenciais devem ser identificadas para monitoramento especial e possível escarotomia.[24]American Burn Association. Advanced burn life support course: povider manual 2018 update. 2018 [internet publication]. http://ameriburn.org/wp-content/uploads/2019/08/2018-abls-providermanual.pdf [25]RCSE Faculty of Pre-Hospital Care & BBA. Consensus on management of burns in pre-hospital trauma care. Sep 2020 [internet publication]. https://fphc.rcsed.ac.uk/education-resources/resources/consensus-statements Se envolver o tronco, elas podem interferir na ventilação ou até mesmo contribuir para hipertensão intra-abdominal. Quando elas envolvem um membro, pode haver isquemia ameaçadora para o membro de 12 a 24 horas após a lesão. A escarotomia pode aliviar tais sintomas. O procedimento pode ser realizado com eletrocauterização de coagulação. Ao realizar a escarotomia, é importante não danificar a pele ilesa nem as estruturas neurovasculares superficiais. Em geral, é necessária anestesia ou sedação em crianças.
De preferência, feche as feridas com um autoenxerto. Membranas temporárias para feridas podem ser úteis para pacientes com grandes lesões. Essa estratégia muda a história natural da lesão: de uma inevitável inflamação e sepse sistêmica para uma situação mais controlada de fechamento de lesão.
A membrana amniótica pode ser uma membrana temporária acessível e efetiva, mas o rastreamento de doenças infecciosas transmitidas pelo sangue permanece uma preocupação e deve ser considerado.[78]Kesting MR, Wolff KD, Hohlweg-Majert B, et al. The role of allogenic amniotic membrane in burn treatment. J Burn Care Res. 2008 Nov-Dec;29(6):907-16. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18849850?tool=bestpractice.com
O fechamento definitivo da lesão é obtido substituindo as membranas temporárias por autoplastia e fechando as lesões pequenas complexas, como nas mãos e na face. Quando os locais doadores forem extremamente limitados, essa fase pode levar várias semanas.
A função da profilaxia antibiótica durante a cirurgia de queimadura aguda ainda não está clara.
profilaxia da trombose venosa profunda (TVP)
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Todos os pacientes lesionados apresentam risco de TVP. Há poucos estudos a esse respeito em pacientes com queimadura que corroborem uma abordagem específica. Cada unidade deve desenvolver uma política própria de monitoramento, profilaxia e tratamento.[80]Faucher LD, Conlon KM. Practice guidelines for deep venous thrombosis prophylaxis in burns. J Burn Care Res. 2007 Sep-Oct;28(5):661-3. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17667344?tool=bestpractice.com
opioide intravenoso associado a benzodiazepínicos ± terapia não farmacológica
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
A atenção à dor e à ansiedade são essenciais em todas as fases do tratamento. Geralmente, isso se dá pela infusão de opioides e benzodiazepínicos (por exemplo, morfina e midazolam).
Cada unidade deve estabelecer seu próprio protocolo e regimes de dosagem. A seguir é apresentada uma típica dosagem inicial de infusão.
Mesmo durante a ressuscitação, é importante que se dê atenção ao conforto do paciente. A dor e a ansiedade podem ter consequências fisiológicas e emocionais adversas.[73]Hanson MD, Gauld M, Wathen CN, et al. Nonpharmacological interventions for acute wound care distress in pediatric patients with burn injury: a systematic review. J Burn Care Res. 2008 Sep-Oct;29(5):730-41. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18695617?tool=bestpractice.com Terapias não farmacológicas, como musicoterapia, podem oferecer benefícios para alguns pacientes. A realidade virtual é uma nova e inovadora técnica analgésica não invasiva e não farmacológica. Embora haja poucos estudos disponíveis, foram relatadas experiências iniciais positivas, e uma revisão sistemática revelou que essa técnica é um tratamento auxiliar efetivo contra a dor durante as trocas de curativo da lesão e a fisioterapia.[86]Morris LD, Louw QA, Grimmer-Somers K. The effectiveness of virtual reality on reducing pain and anxiety in burn injury patients: a systematic review. Clin J Pain. 2009 Nov-Dec;25(9):815-26. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19851164?tool=bestpractice.com [87]Lambert V, Boylan P, Boran L, et al. Virtual reality distraction for acute pain in children. Cochrane Database Syst Rev. 2020 Oct 22;10:CD010686. https://www.doi.org/10.1002/14651858.CD010686.pub2 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33089901?tool=bestpractice.com Um controle precoce e bem-sucedido da dor pode reforçar aspectos importantes do desfecho em longo prazo.[74]Sheridan RL, Stoddard FJ, Kazis LE, et al; Multi-Center Benchmarking Study. Long-term posttraumatic stress symptoms vary inversely with early opiate dosing in children recovering from serious burns: effects durable at 4 years. J Trauma Acute Care Surg. 2014 Mar;76(3):828-32. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24553556?tool=bestpractice.com As necessidades psicossociais do paciente devem ser levadas em consideração durante e após a hospitalização e a reabilitação.[24]American Burn Association. Advanced burn life support course: povider manual 2018 update. 2018 [internet publication]. http://ameriburn.org/wp-content/uploads/2019/08/2018-abls-providermanual.pdf
Opções primárias
sulfato de morfina: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose
e
midazolam: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose
antibiótico ± excisão cirúrgica
Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado
O monitoramento regular de lesões por queimadura possibilita o reconhecimento precoce de infecção. Em caso de uma infecção, será necessário um manejo mais intensivo que pode incluir internação, antibióticos intravenosos, observação e excisão cirúrgica caso as lesões sejam profundas.
Na maioria dos casos, a celulite da lesão por queimadura tem rápida resposta a antibióticos antiestafilocócicos como cefalosporina de primeira geração (por exemplo, cefadroxila). Se espécies resistentes forem suspeitas ou documentadas pela cultura e sensibilidade, devem ser prescritos antibióticos apropriados. Se houver suspeita de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) ou isso for documentado pela cultura, convém iniciar o tratamento com vancomicina.
O impetigo da queimadura é geralmente associado a Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes e é especialmente comum em queimaduras do couro cabeludo. O tratamento requer a limpeza da lesão, que em geral exige a depilação das áreas adjacentes, e o enxerto de áreas com espessura completa.
As infecções da ferida cirúrgica aberta relacionada à queimadura são tratadas por meio de desbridamento de material necrótico e infectado com fechamento tardio da lesão.
A infecção da lesão por queimadura invasiva é um problema grave, geralmente resolvido pela excisão e tratamento com antibióticos sistêmicos (por exemplo, penicilina) ou uma cefalosporina da primeira geração (por exemplo, cefadroxila).
Siga os protocolos locais para seleção do antibiótico e da dosagem apropriada.
Opções primárias
benzilpenicilina sódica: 0.6 a 1.2 g por via intramuscular/intravenosa a cada 6 horas, aumentar se necessário em infecções mais graves
ou
cefadroxila: 1 g por via oral/dia administrado em 1-2 doses fracionadas
Opções secundárias
vancomicina: 15-20 mg/kg por via intravenosa a cada 8-12 horas
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