Complicações

Complicação
Período de ocorrência
Probabilidade
curto prazo
alta

O manejo de queimaduras grandes requer o cuidado bem-sucedido de uma série de complicações enquanto a lesão é progressivamente fechada. A maioria das complicações está relacionada à sepse.[95] Neutropenia, trombocitopenia e coagulação intravascular disseminada são indicadores comuns de sepse iminente e exigem rápida investigação e tratamento. Raramente, agentes antimicrobianos tópicos são a causa. Déficit imunológico geral associado à lesão por queimadura contribui para uma alta taxa de complicações infecciosas. O rápido fechamento da lesão é a melhor profilaxia.

A infecção de ferida mais comum em queimaduras ambulatoriais pequenas é a celulite, geralmente causada por Staphylococcus aureus. Essa infecção apresenta eritema da lesão em expansão, que, se não for tratada, progride para linfangite e toxicidade sistêmica. Todas as suspeitas de infecção por queimadura exigem um manejo mais intensivo, que pode requerer internação, antibióticos intravenosos, observação e excisão cirúrgica caso as lesões sejam profundas.

curto prazo
alta

Pode ocorrer com ou sem lesão por inalação antecedente e é tratada com higiene pulmonar e antibióticos.[98]

curto prazo
alta

Ocorre como resultado de invasão bacteriana na cartilagem e causa rápida perda dop tecido viável. Pode-se prevenir com o uso rotineiro de acetato de mafenida tópico nas orelhas queimadas.

curto prazo
alta

A disfunção hepática, como resultado do déficit transitório do fluxo sanguíneo no fígado e manifestada com elevações das transaminases, é extremamente comum durante a ressuscitação de queimaduras grandes. É resolvida com a restituição do fluxo.

curto prazo
alta

Pode manifestar-se como sepse sem sintomas ou sinais localizados, acompanhada pelo aumento da química colestática. Uma avaliação radiográfica padrão pode ser seguida de colecistostomia percutânea à beira do leito em pacientes com quadro clínico instável.

curto prazo
alta

Pode ocorrer como resultado de déficits do fluxo sanguíneo esplâncnico que degradam a defesa da mucosa. Extremamente comum e muitas vezes oferece risco de vida se antiácidos e bloqueadores de receptores de histamina não forem administrados de forma rotineira.

curto prazo
alta

Minimizadas mantendo-se o cateter de bexiga apenas quando absolutamente necessário. Tratadas com antibióticos apropriados. O cateterismo e o desvio do cólon não são rotinas necessárias para o tratamento de queimaduras genitais e perineais.

A cistite por cândida ocorre em pacientes tratados com cateteres de bexiga e antibióticos de amplo espectro. A troca de cateter e a irrigação com anfotericina por 5 dias geralmente dão resultado.

Se as infecções forem recorrentes, deve-se examinar o trato superior por meio da ultrassonografia.

curto prazo
Médias

Ocorre em até 30% dos pacientes e geralmente é resolvido com terapia auxiliar quando a possibilidade de anóxia, distúrbio metabólico e lesões estruturais é eliminada por estudos apropriados.

curto prazo
Médias

Em geral, é resultado de hiponatremia ou da supressão abrupta de benzodiazepínicos. A prevenção é o melhor tratamento.

curto prazo
Médias

A insuficiência renal aguda precoce se segue à perfusão inadequada durante a ressuscitação ou mioglobinúria. O tratamento é realizado por meio da administração cuidadosa de eletrólitos e fluidos e da diálise ocasional.

A insuficiência renal tardia complica a sepse e a insuficiência de múltiplos órgãos ou o uso de agentes nefrotóxicos. O tratamento é realizado por meio da administração cuidadosa de eletrólitos e fluidos e da diálise ocasional. Idealmente, as quantidades de proteína não devem ser reduzidas para facilitar o tratamento, porque isso prejudicaria a cura da lesão.

curto prazo
Médias

Ocorre como resultado de hemorragia na glândula. Caracteriza-se por hipotensão, febre, hiponatremia e hipercalemia. O diagnóstico é realizado por meio da determinação do nível de cortisol sérico aleatório e estimulado pelo hormônio adrenocorticotrófico. O tratamento é a reposição de glicocorticoides em níveis de estresse com esquema de redução empírica.

curto prazo
Médias

Ocorre com febre e bacteremia, sem sinais de infecção local. Pode ser necessário realizar ultrassonografia ou exposição cirúrgica de veias periféricas para se determinar o diagnóstico.

curto prazo
Médias

Ocorre com febre e bacteremia, sem sinais de infecção local. Pode ser necessário realizar ultrassonografia ou exposição cirúrgica de veias periféricas para se determinar o diagnóstico.

curto prazo
Médias

Pouco frequente, quando ocorre, é em pacientes com grandes queimaduras, por isso a profilaxia de rotina não é recomendada atualmente. As complicações pela inserção de cateter iatrogênico são minimizadas pela técnica meticulosa. O risco de trombose venosa profunda (TVP) relacionada a cateter é minimizado com o uso do menor cateter possível.

curto prazo
Médias

Pode progredir para infarto. Resultado de ressuscitação inadequada e déficit do fluxo sanguíneo esplâncnico.

curto prazo
Médias

A ulceração da córnea, que se desenvolve após a lesão epitelial inicial ou exposição posterior como resultado de ectrópio, pode progredir para destruição corneana de espessura total se ocorrer infecção secundária. Pode ser evitada pela lubrificação cuidadosa do globo ocular com antibióticos tópicos no primeiro caso e liberação aguda da pálpebra no segundo.

As complicações relacionadas aos olhos incluem ectrópio, desde a contração progressiva dos anexos oculares queimados até a exposição do globo ocular. Requer a liberação aguda da pálpebra. A tarsorrafia raramente é útil e pode causar lesão na placa tarsal conforme a contração força a expulsão das suturas da tarsorrafia. O simbléfaro, ou escoriação da pálpebra na conjuntiva desnudada após queimadura química ou defeitos epiteliais corneanos que complicam a necrólise epidérmica tóxica, é evitado pelo exame diário e rompimento da aderência com um bastonete fino de vidro.

curto prazo
baixa

Raramente é desenvolvida síndrome compartimental abdominal; quando ocorre, em geral, é em pacientes com lesões muito grandes e ressuscitação tardia.

curto prazo
baixa

Pode ocorrer hipertensão, especialmente em pré-adolescentes do sexo masculino. Ela é mais bem tratada com betabloqueadores, após a exclusão do tratamento de dor e ansiedade inadequados.

longo prazo
alta

Uma grande causa de deformidades estéticas e funcionais em longo prazo observada em pacientes de queimadura. Esse processo pouco compreendido é desencadeado por um aumento secundário da neovascularização de 9 a 13 semanas após a epitelização.

As opções de tratamento incluem malhas de compressão, massagem, criteriosas injeções de esteroides, produtos tópicos de silicone e procedimentos de relaxamento e suavização da cicatriz.[96]

longo prazo
alta

Desenvolve-se semanas após a lesão e é mais comumente encontrada ao redor de grandes articulações queimadas, como o tendão do tríceps. Acompanhada de dor e redução da amplitude de movimento. A maioria dos pacientes responde bem à fisioterapia, mas alguns exigem excisão do osso heterotópico para recuperar a função plena.

longo prazo
baixa

Um carcinoma de células escamosas que ocorre em áreas abertas ulceradas crônicas em lesões antigas por queimadura.

Carcinoma de células escamosas da pele

variável
alta

Pode ocorrer logo após a lesão como resultado da inalação de agentes químicos nocivos ou com a evolução da terapia em decorrência de sepse ou pneumonia.

variável
alta

Insuficiência hepática tardia, começando com elevações da química colestática e progredindo para insuficiência hepática manifesta, complica a sepse e a insuficiência de múltiplos órgãos.

variável
alta

A pancreatite, começando com elevações da lipase e amilase e íleo paralítico, e progredindo para pancreatite hemorrágica, geralmente coincide com déficits precoces do fluxo sanguíneo esplâncnico e insuficiência tardia dos órgãos induzida pela sepse na evolução hospitalar.

variável
Médias

Algumas lesões em nervos periféricos ocorrem por causa de lesão térmica direta ou compressão decorrente da síndrome compartimental, escara não elástica ou técnicas de imobilização impróprias.

Déficits tardios da medula espinhal e de nervos periféricos desenvolvem-se semanas ou meses após a lesão por alta voltagem como resultado de lesão de pequenos vasos e desmielinização.

variável
Médias

Ocorre em até 30% dos pacientes e é provavelmente exacerbado pelo tratamento inadequado de dor e ansiedade. Os sintomas são hipervigilância, revivência do incidente, terror noturno e medo crônico. O reconhecimento e o tratamento com psicoterapia e farmacoterapia auxiliar facilitam muito a recuperação.[97]

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