Etiologia
A etiologia da ascite compreende duas categorias principais: doenças não peritoneais e peritoneais.
As doenças não peritoneais que provocam ascite são mais comuns e incluem:
Condições que provocam hipertensão portal: cirrose, doença hepática alcoólica, hepatite fulminante (por exemplo, devido a toxicidade do paracetamol), hepatite subaguda, doença hepática veno-oclusiva, metástase hepática maciça, insuficiência cardíaca congestiva, pericardite constritiva, síndrome de Budd-Chiari.
Condições que provocam hipoalbuminemia: síndrome nefrótica, enteropatia perdedora de proteínas.
Condições diversas: mixedema, tumores ovarianos (câncer, tumores benignos e síndrome da hiperestimulação ovariana), ascite pancreática, ascite quilosa, ascite biliar e trauma cirúrgico urogenital.
As doenças peritoneais que provocam ascite incluem:[12][13]
Ascite maligna: mesotelioma peritoneal, carcinomatose peritoneal e câncer de ovário.
Peritonite infecciosa: tuberculose, Chlamydia trachomatis, infecções fúngicas e parasitárias (Candida albicans, Histoplasma capsulatum, Coccidioides immitis, Cryptococcus neoformans, Schistosoma mansoni, Strongyloides stercoralis, Entamoeba histolytica). A peritonite primária é causada pela disseminação de uma infecção do sangue e linfonodos ao peritônio, e é rara. A peritonite secundária (infecção com origem nos tratos gastrointestinal ou biliar) é mais comum.
Outras doenças peritoneais: lúpus eritematoso sistêmico.
Aproximadamente 5% dos pacientes com ascite têm duas ou mais causas de formação de ascite (ascite mista).[14] Geralmente, esses pacientes apresentam cirrose e uma outra causa de ascite, como carcinomatose peritoneal. Muitos pacientes com ascite enigmática podem apresentar mais de um fator predisponente para retenção de sódio e água (por exemplo, insuficiência cardíaca, síndrome nefrótica, esteatose hepática associada à disfunção metabólica [anteriormente conhecida como esteatose hepática não alcoólica]), que cumulativamente podem causar sobrecarga hídrica e ascite.
Hipertensão portal
Por definição, hipertensão portal é o desenvolvimento de aumento de pressão dentro do sistema venoso portal como resultado da resistência ao fluxo no nível da veia porta. Para determinar a presença de hipertensão portal, o cateterismo da veia hepática pode ser usado para calcular o gradiente de pressão venosa hepática (GPVH), ou a diferença entre as pressões venosas hepáticas livre e em cunha.[15] Um gradiente normal é considerado ≤5 mmHg. Níveis acima disso sugerem a presença de hipertensão portal, mas hipertensão portal clinicamente significativa normalmente não é observada até que o gradiente de pressão atinja 10 mmHg.[15]
O gradiente de soro para fluido ascítico (também conhecido como gradiente de albumina soro-ascite [GASA]) pode ajudar a delinear a etiologia da ascite. Ele é calculado pela comparação da albumina sérica com a albumina encontrada no líquido ascítico durante uma paracentese diagnóstica. Na hipertensão portal, o GASA calculado será ≥11 g/L (≥1.1 g/dL).
Doenças hepáticas autoimunes e metabólicas podem causar hipertensão portal. As doenças hepáticas não cirróticas (ou seja, doença hepática alcoólica, insuficiência hepática fulminante ou metástase hepática maciça) também podem provocar hipertensão portal.
As causas não hepáticas de hipertensão portal podem provocar ascite. Tais causas incluem insuficiência cardíaca congestiva (mais comum) e pericardite constritiva. A regurgitação tricúspide grave com insuficiência cardíaca direita pode causar ascite.
Causas não relacionadas à hipertensão portal
Quando a ascite não está relacionada à hipertensão portal, o GASA calculado é <11 g/L (<1.1 g/dL). As causas de ascite não relacionadas à hipertensão portal incluem as infecções bacterianas e fúngicas, assim como infecção por Chlamydia, tuberculose e HIV, podendo resultar em peritonite. Carcinomatose peritoneal, síndrome nefrótica, lúpus eritematoso sistêmico e mixedema também podem causar ascite. Além disso, cirurgias ou traumas nos sistemas linfático ou urogenital podem causar ascite. As causas raras são ascite quilosa, pancreática ou biliar, e tumores ovarianos (câncer, tumores benignos e síndrome de hiperestimulação ovariana).
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal