Etiologia

O organismo etiológico mais comum é Escherichia coli, responsável por aproximadamente 80% dos casos.[3][6]​​​​ Os outros organismos etiológicos menos comuns incluem Staphylococcus saprophyticus, Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis e outras bactérias, incluindo Pseudomonas, Enterococcus, Enterobacter e estreptococos do grupo B.​[4]​​​

O uso intenso de antibióticos para infecções do trato urinário (ITUs), como a cistite aguda, tem levado a índices crescentes de resistência a antibióticos. Uma das principais preocupações é o aumento de infecções causadas por organismos produtores de beta-lactamase de espectro estendido (BLEE). Genes que codificam a enzima BLEE, que inativa antibióticos como penicilina e cefalosporina, são mais prevalentes em E coli, K pneumoniae, Klebsiella oxytoca e P mirabilis. Muitas vezes, esses organismos têm genes adicionais ou mutações que conferem resistência a uma grande variedade de antibióticos. Portanto, a infecção por organismos produtores de BLEE pode ter consequências importantes para o tratamento.[11]​ Consulte Abordagem de tratamento.

As ITUs, como a cistite aguda, podem ser classificadas como não complicadas ou complicadas.[1][8]​​​​ A etiologia da ITU complicada pode decorrer de anormalidades anatômicas ou funcionais.[1]

  • As anormalidades anatômicas decorrem principalmente da presença de valvas uretrais posteriores, estenose ou cálculos.

  • As anormalidades funcionais resultam, com frequência, de uma disfunção do trato urinário inferior de origem neurogênica (por exemplo, espinha bífida) ou não neurogênica (por exemplo, disfunção da micção), bem como de refluxo vesicoureteral dilatador.

Fisiopatologia

Escherichia coli ou outras bactérias que são normalmente encontradas no trato gastrointestinal ou na vagina podem se introduzir na uretra, resultando em infecção. Isso pode ocorrer durante a relação sexual, como acontece em mulheres jovens sexualmente ativas, ou com a colonização gradual dos tecidos adjacentes. As bactérias também podem ser introduzidas no trato urinário normalmente estéril por meio da introdução de instrumentos, como na cistoscopia ou no uso de cateter urinário. Defesas naturais comprometidas, ou seja, a saída da bexiga ou anormalidades imunológicas, proporcionam, respectivamente, um acesso ou uma sobrevivência mais fácil às bactérias, ao passo que uma patologia intravesical, como a litíase vesical, abriga as bactérias.

Determinadas cepas de E coli expressam fatores de virulência bacteriana que promovem sua uropatogenicidade. Em um estudo, a presença de fatores de virulência alfa-hemolisina, fímbrias P e hemaglutinação resistente à manose do tipo IVa foi associada à progressão da cistite para a pielonefrite aguda.[12] A proteína Tamm-Horsfall, que é a proteína mais abundante na urina normal, liga-se às fímbrias P da E coli e ajuda a proteger o uroepitélio contra a colonização pela E coli uropatogênica.[13]

Classificação

Complicada

Avaliação mais extensa e um ciclo mais longo de tratamento poderão ser necessários na presença dos seguintes fatores:[1]

  • Anormalidades anatômicas ou funcionais no trato urinário

  • Sexo masculino

  • Gestação

  • Imunossupressão (por exemplo, transplante renal)

  • Diabetes

  • Micção incompleta

  • Sonda vesical de demora

  • Intervenção recente

  • Infecção associada a assistência à saúde

  • Infecção por organismos produtores de beta-lactamase de espectro estendido ou outros organismos resistentes a múltiplos medicamentos.

Não complicada

O paciente não apresenta qualquer fator de complicação mencionado acima.[1]

A cistite aguda não complicada deve ser diferenciada da bacteriúria assintomática (BA). A BA é definida como a presença de crescimento bacteriano ≥10⁵ unidades formadoras de colônia/mL em 2 amostras de fluxo médio consecutivas em mulheres e 1 amostra em homens, na ausência de sintomas do trato urinário.[1] A BA não é considerada uma infecção, mas uma colonização comensal.

Recorrente

Uma infecção recorrente do trato urinário pode ser complicada ou não complicada e é definida como pelo menos 3 casos por ano, ou 2 casos em 6 meses.[1]

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