Etiologia

A RA é uma doença multifatorial com componentes genéticos e ambientais. A RA é altamente herdável.[15]

O risco relatado de desenvolvimento de doença atópica na ausência de história familiar parental foi de 13%.[16] O risco aumentou para 29% se um dos pais ou irmãos é atópico, 47% se ambos os pais são atópicos e 72% se ambos os pais têm a mesma manifestação atópica.[16]

Um estudo de associação genômica ampla, que incluiu 59,762 casos de ancestralidade europeia, identificou 41 loci de risco para a RA. Os genes envolvidos em várias vias imunológicas foram implicados na patogênese da RA; o mapeamento detalhado da região do HLA sugeriu variantes de aminoácidos específicas que são importantes para a ligação antigênica.[17]

Fatores ambientais e interações gene-ambiente podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento da RA.[18][19][20] Estudos epidemiológicos implicam a exposição a aeroalérgenos, exposições relacionadas a mofo em ambientes fechados, e viver em ambiente urbano.[21][22][23][24]​ Alterações do microbioma intestinal podem contribuir para a prevalência elevada de doenças alérgicas nos países industrializados (a "hipótese da microflora").[25][26][27][28][29]​ De acordo com essa hipótese, o microbioma intestinal dos ocidentais pode ser alterado por determinados fatores de estilo de vida (por exemplo, uso de antibióticos e fatores dietéticos), que podem predispor ao desenvolvimento de alergias.[25]

Fisiopatologia

Nos indivíduos suscetíveis, a exposição a uma variedade de alérgenos no ar ambiente causa sensibilização alérgica, que é caracterizada pela produção de imunoglobulina E (IgE) específica direcionada contra essas proteínas. Este processo se inicia com a ligação do alérgeno pelas células apresentadoras de antígeno, como as células dendríticas, na mucosa nasal, que processam o alérgeno capturado e o apresentam para as células T. Por fim, isso pode causar produção da IgE específica para o alérgeno, que se liga aos receptores de IgE de alta afinidade presentes na superfície dos mastócitos na mucosa nasal.

Quando os mastócitos foram sensibilizados para alérgenos específicos, a reexposição ao alérgeno em quantidades suficientes para causar a ligação cruzada entre o alérgeno e as moléculas de IgE adjacentes levará à degranulação do mastócito e à iniciação de vários eventos pró-inflamatórios, como a síntese de interleucinas e a infiltração celular inflamatória. Os efeitos da ativação do mastócito podem ser separados em dois processos distintos denominados de respostas de fase inicial e tardia.

A fase inicial começa poucos minutos após a exposição ao alérgeno e decorre principalmente da liberação pelo mastócito de mediadores previamente formados, incluindo histamina, triptase, quimase, quininas e heparina. Outras substâncias que são sintetizadas rapidamente incluem os cisteinil-leucotrienos (CisLTs) e as interleucinas, entre outras. Clinicamente, esse processo resulta em estimulação de glândulas mucosas levando à rinorreia, estimulação nervosa sensitiva (que causa espirros e a prurido) e vasodilatação (que resulta em edema da mucosa e sinusoides e obstrução nasal).

Ao longo de 4 a 8 horas, os eventos da fase inicial resultam no recrutamento e na migração de outras células inflamatórias para a mucosa nasal, incluindo eosinófilos, linfócitos e macrófagos. Essas células se ativam e liberam seus mediadores no meio, perpetuando e ampliando o processo inflamatório. Os sintomas da resposta de fase tardia caracterizam-se menos por espirros e prurido que a fase inicial, e mais por congestão e produção de muco.

Classificação

Classificação da rinite alérgica e seu impacto sobre a asma (Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma; ARIA)[1][2]

A classificação da RA segundo a ARIA se baseia na gravidade, duração dos sintomas e impacto na vida social, na escola e no trabalho.

Intermitente: sintomas estão presentes

  • <4 dias por semana ou por <4 semanas consecutivas/ano.

Persistente: sintomas estão presentes

  • ≥4 dias por semana e por ≥4 semanas consecutivas/ano.

Leve: nenhum dos seguintes itens está presente

  • Perturbação do sono

  • Comprometimento das atividades diárias, de lazer e/ou esportivas

  • Comprometimento da escola ou do trabalho

  • Sintomas incômodos.

Moderada/grave: um ou mais dos seguintes itens estão presentes

  • Perturbação do sono

  • Comprometimento das atividades diárias, de lazer e/ou esportivas

  • Comprometimento da escola ou do trabalho

  • Sintomas incômodos.

Classificação por gravidade dos sintomas[1][3][4]

Rinite de gravidade leve: manifesta-se quando os sintomas não interferem na qualidade de vida, como comprometimento das atividades diárias, desempenho no trabalho ou na escola, e sono.

Rinite moderada/grave: manifesta-se quando os sintomas são problemáticos ou quando há impacto negativo em qualquer um desses parâmetros.

Classificação por padrão temporal de exposição a alérgenos[3][5]

A RA pode ser classificada como sazonal ou perene, dependendo da sensibilização de um indivíduo ao pólen cíclico ou a alérgenos encontrados durante todo o ano, como ácaros, animais de estimação, baratas e bolor.

Esse esquema de classificação demonstrou ser artificial e muitas vezes inconsistente porque, dependendo do local, a sensibilização a vários alérgenos sazonais pode resultar em doenças durante o ano todo e, por outro lado, a sensibilização a alérgenos "perenes" como pelos/penas de animais pode resultar em sintomas por apenas um período limitado. Assim, o tratamento clínico desses pacientes é mais bem informando considerando que os pacientes têm sintomas intermitentes ou persistentes.

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