Abordagem
O diagnóstico de terçol (hordéolo) e calázio necessita apenas da anamnese e do exame físico. Não são necessários ou úteis testes diagnósticos. No contexto agudo, pode ser difícil diferenciar um hordéolo interno de um calázio. Entretanto, uma vez que eles, inicialmente, exigem modalidades comuns de tratamento relativamente benignas, essa diferenciação possui utilidade clínica limitada.
Hordéolo externo
Os pacientes tipicamente se apresentam com um hordéolo externo queixando-se de dor unilateral de início agudo na pálpebra. A dor e o edema envolvem a pálpebra superior ou a inferior e geralmente estão bem localizados em uma área discreta, sensível à palpação. A sensibilidade se localiza na margem da pálpebra no caso de um hordéolo externo, dando a clássica aparência de terçol. As glândulas ciliares de Zeis e Moll geralmente estão envolvidas.[13] O hordéolo se manifesta como uma pústula apontando para a margem da pálpebra. A própria pálpebra pode estar ligeiramente edemaciada, com eritema em torno da área envolvida. Uma pálpebra difusamente edemaciada com eritema acentuado deve levar o médico a considerar outros diagnósticos.[1][2][13][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Hordéolo externo na pálpebra inferior esquerdaCreative Commons CC0 1.0 Universal Public Domain (https://creativecommons.org/publicdomain/zero/1.0/) [Citation ends].
Hordéolo interno
Pacientes com hordéolo interno também apresentam dor aguda e edema da pálpebra. A infecção da glândula meibomiana, que se situa mais profundamente na pálpebra no interior da placa tarsal, é responsável por hordéolos internos.[2][13] A infecção pode causar obstrução das glândulas meibomianas, que são relativamente longas e possuem um orifício na borda da pálpebra. Caso elas estejam obstruídas, pode não haver patologia notável na margem palpebral. Sensibilidade e eritema podem estar mais difusamente localizados na pálpebra. O hordéolo pode apontar na direção da superfície conjuntival e ser diagnosticado ao se virar a pálpebra para fora para revelar uma pequena pústula, que é a característica definidora de um hordéolo interno.[2][13] Se a glândula estiver infectada, mas não obstruída, o exame físico pode ser semelhante, sem a pústula interna, mas com dor e sensibilidade na margem palpebral, como nos hordéolos externos. Uma vez que o tratamento para hordéolos internos e externos é o mesmo, essa diferenciação não é de grande preocupação clínica.[1][13]
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Hordéolo interno na pálpebra superior esquerda com celulite limitadaGupta A, Stacey S, Amissah-Arthur KN. Eyelid lumps and lesions. BMJ. 2014;348:g3029. [Citation ends].
Calázio
Em oposição aos hordéolos, os calázios tipicamente se apresentam de uma forma mais indolente. O calázio é resultante de uma reação inflamatória localizada ao sebo, e não de um processo infeccioso agudo. Quando eles surgem, podem ser confundidos com um hordéolo interno, mas sem qualquer pústula na margem da pálpebra. No entanto, os calázios são nódulos sem sensibilidade e a pele adjacente tipicamente não apresenta eritema ou sinais de infecção bacteriana aguda. Caso os calázios persistam, podem aparecer alterações crônicas na pele que recobre o nódulo.[1][6][13]
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Calázio na pálpebra inferior do olho esquerdoGupta A, Stacey S, Amissah-Arthur KN. Eyelid lumps and lesions. BMJ. 2014;348:g3029. [Citation ends].
Dificuldades no diagnóstico
Embora o diagnóstico de calázios e hordéolos geralmente seja direto, existem várias enfermidades com as quais eles podem ser confundidos. Deve-se obter a história completa para identificar quaisquer fatores contribuintes ou indicar um diagnóstico diferencial (por exemplo, alterações visuais, trauma ocular, estado imunocomprometido, infecções, história de câncer, histórico de viagens recentes). Especificamente, dor e edema da pálpebra sem uma pústula discreta visível na margem da mesma ou na superfície da conjuntiva devem levar o clínico a considerar outros diagnósticos. Celulite periorbitária (pré-septal) e orbitária (septal) são processos mais difusos que devem ser considerados se o exame físico não indicar uma pústula ou pápula, pois têm implicações significativas no tratamento. Geralmente, esses pacientes apresentam inchaço mais difuso, edema e eritema da pálpebra e da região periorbitária.[4][13]
O encaminhamento oftalmológico para possíveis neoplasias malignas é recomendado em caso de ulceração e alterações destrutivas na margem da pálpebra e em pacientes com calázios crônicos ou recorrentes.[7][8][14] Considere o encaminhamento precoce para crianças pequenas com grandes calázios, devido ao risco de ambliopia.[7]
Exames por imagem
A tomografia computadorizada (TC) da face e das órbitas não é útil no diagnóstico de hordéolos ou calázios. Entretanto, se diagnósticos alternativos não puderem ser diferenciados clinicamente, a TC pode ser adequada para confirmar o diagnóstico e descartar outra patologia mais grave, como uma celulite orbitária.[13]
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