Etiologia
As fraturas orbitais geralmente são causadas por esportes, violência interpessoal ou acidentes.[5][8] Nas mulheres, a violência do parceiro é a terceira causa principal de fratura orbital.[9][10] Em um estudo, a violência interpessoal alegada contribuiu com 63.6% das lesões entre crianças e adultos jovens; 18% foram provocadas por esportes e os acidentes durante brincadeiras corresponderam a 13.6% das lesões.[8]
Fisiopatologia
O termo "fratura blow-out" é frequentemente usado de maneira errônea para se referir a todas as fraturas orbitais. O termo se refere ao fenômeno de fratura do assoalho orbital e/ou da parede medial com traumatismo contuso do globo ocular. A borda orbital (ossos frontal, maxilar e zigomático) protege o globo de traumas diretos. No entanto, objetos pequenos como as bolas de squash ou os nós dos dedos podem passar entre as margens da borda orbital e entrar em contato com o globo ocular. O globo é cheio de líquido, o qual não é comprimível. Pelo contrário, o globo se distorce em todas as direções, no sentido contrário ao da área de depressão, para manter o volume. A parte mais fraca da órbita é a parede medial e o assoalho orbital, a "lâmina papirácea" (ou seja, camada fina como papel). Ela fratura primeiro, então os tecidos moles da órbita podem passar pelo buraco assim criado, fazendo com que o nível do globo diminua (hipoglobo) e afunde (enoftalmia). Isso é uma fratura orbital “blow-out” pura. Em uma fratura orbital “blow-out” impura, um golpe direto na borda inferior da órbita provoca uma torção da margem orbital, resultando em um padrão de fratura “blow-out” com fratura concomitante da borda.
Nos adultos, o osso do assoalho orbital/da parede medial é relativamente frágil e um buraco de tamanho variado pode ser criado. Nas crianças, porém, o osso é mais elástico. Uma fratura tipo alçapão pode ocorrer, a qual é empurrada para baixo, mas volta a fechar como um alçapão, prendendo o músculo reto inferior ou, pelo menos, alguma gordura orbital, e evitando que o olho faça o movimento de olhar para cima.[11] Essas lesões, embora menos comuns, também ocorrem em pacientes adultos.[12] Se a liberação do músculo aprisionado não for feita dentro de 24 a 48 horas, pode ocorrer uma isquemia muscular irreversível, levando a uma contratura isquêmica de Volkmann e, se não tratada, a um comprometimento irreversível da mobilidade visual.[13] A tensão no músculo reto inferior pode provocar a síndrome oculovagal (a resposta oculocardíaca ou de Ashner-Dagini). Nela, as fibras sensoriais oftálmicas aferentes do trigêmeo se comunicam com as eferentes vagais através da formação reticular ascendente, o que induz bradicardia, hipotensão, cefaleia, náuseas, vômitos e mal-estar, podendo oferecer risco de vida.[11][14] As principais características de apresentação, porém, podem ser apenas náuseas e vômitos, com uma história de trauma facial.[8][15] Os efeitos da síndrome podem cessar apenas quando os tecidos moles aprisionados forem liberados.[16] Até um terço das crianças com essa queixa podem ser hospitalizadas para observação de traumatismo cranioencefálico. A síndrome é, com frequência, diagnosticada de modo incorreto já que a tomografia computadorizada (TC) cranioencefálica não cobre o assoalho orbital fraturado.[8]
A síndrome da fissura orbital superior e a do ápice orbital, esta última mais grave, podem ocorrer em fraturas da órbita posterior. Quando a fissura orbital superior está envolvida em uma fratura, ocorre uma combinação de lesões dos nervos cranianos. Eles podem incluir: ptose da pálpebra, proptose ocular, distúrbio do movimento ocular, e perda de sensibilidade da testa, da pálpebra superior, da conjuntiva e da superfície do globo ocular. A síndrome do ápice orbital, mais grave, inclui todas essas características e, ainda, cegueira. A etiologia é dano dos nervos cranianos III, IV e VI, bem como do nervo óptico envolvido no ápice orbital. Isso é observado, tipicamente, no trauma craniofacial em que um traumatismo contuso, de média velocidade, do crânio ou da face cria uma força localizada na órbita posterior e um padrão de fratura do tipo torsional.
Classificação
Classificação anatômica
Pode ser feita mais adequadamente pela localização anatômica e considerando se as fraturas são apenas da órbita ou se fazem parte de padrões mais complexos de fraturas.
Isolada: "blow-out" da parede medial/do assoalho
É o padrão mais comum de fratura intraorbital.
Pura: não envolve a borda infraorbital, apenas o assoalho orbital e/ou a parede medial.
Impura: inclui a borda infraorbital.
Complexa
Lateral: complexo zigomático.
Teto/órbita posterior: fratura "blow-in" (síndrome do ápice orbital).
Fraturas craniomaxilofaciais graves (por exemplo, fraturas naso-órbito-etmoidais). Assim como a correção dos aspectos funcionais e estéticos de todas as fraturas orbitais, a importância da reconstrução do suporte do ligamento cantal medial do globo deve ser considerada nessas fraturas.
Fraturas naso-órbito-etmoidais[2][3][4]
Existem várias classificações para as fraturas naso-órbito-etmoidais:
Markowitz e Manson[2]
Fragmento central de segmento único
Fragmento central cominutivo com fraturas que permanecem externas à inserção do tendão cantal medial
Fragmento central cominutivo com fraturas que se estendem para dentro do osso que apoia a inserção cantal.
Ayliffe[3]
Fratura de todo o complexo nasoetmoidal com deslocamento mínimo em bloco
Fratura deslocada em bloco, geralmente associada ao grande seio nasal pneumatizado e à fragmentação mínima
Fratura cominutiva, mas ligamentos cantais firmemente ligados a fragmentos ósseos suficientemente grandes para recobri-los com uma placa
Fratura cominutiva com ligamentos cantais livres não suficientemente grandes para capturar por recobrimento ósseo por placa
Cominuição evidente que necessita de enxerto ósseo.
Gruss[4]
As lesões naso-órbito-etmoidais graves são classificadas em 5 tipos:
Lesão restrita à região óssea naso-orbital
Fraturas associadas do maxilar central
Fraturas associadas tipo le Fort II/III
Fraturas naso-orbitais com distopia orbital
Fraturas naso-orbitais com perda óssea.
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