Prognóstico

O prognóstico varia muito de acordo com o estado imunológico do hospedeiro. Em pacientes imunocompetentes sem outras complicações (por exemplo, desnutrição), a criptosporidiose é autolimitada e espera-se que ocorra recuperação completa. Em pacientes imunocomprometidos, o prognóstico é determinado pela natureza do quadro clínico subjacente.

Pacientes imunocompetentes

A doença é autolimitada em pacientes imunocompetentes; os sintomas geralmente remitem em 7 a 14 dias, embora possam durar 3 a 4 semanas (média de 13 dias, mediana de 11 dias).[38] A melhora inicial é seguida por uma breve recorrência dos sintomas em cerca de um terço dos casos após uma mediana de 3 dias (faixa de 2-10 dias).[73] Dentro dos 3 meses da infecção inicial, 40% dos pacientes relataram recorrência dos sintomas gastrointestinais após a recuperação da infecção inicial.[105]

Há relatos de artrite reativa soronegativa em adultos​​ e crianças,​​ incluindo um relato de artrite reativa (artrite, conjuntivite e uretrite).[106][107]​​​​[108][109]​​​​ Foi relatada dor articular de maior duração nos pacientes com criptosporidiose em comparação a controles saudáveis, em um estudo do Reino Unido conduzido 2 meses após o diagnóstico inicial de infecção por Cryptosporidium.[105] Dor articular, dor nos olhos, cefaleia recorrente, tonturas e fadiga foram significativamente mais comuns em casos de C hominis, mas não de C parvum, que em controles saudáveis.[105] Os pacientes devem ser informados de que sintomas da síndrome do intestino irritável pós-infecciosa têm sido descritos em até 14% dos casos no primeiro ano após a criptosporidiose.[110][111]​​ Uma revisão sistemática de estudos do tipo caso-controle também encontrou uma probabilidade seis vezes maior de diarreia crônica​ e três vezes maior de perda de peso, em até 28 meses após a criptosporidiose aguda, do que nos controles. Outros sintomas (dor abdominal de longa duração, perda de apetite, fadiga, vômitos, dores articulares, cefaleias e dor nos olhos) apresentaram uma probabilidade duas a três vezes maior após uma infecção por Cryptosporidium.[112] Uma associação significativa entre câncer colorretal e Cryptosporidium foi relatada e mecanismos potenciais plausíveis para transformação celular e câncer induzido por Cryptosporidium foram descritos, mas não há evidências de causalidade.[113][114]

A infecção confere um grau de imunidade, mas infecções recorrentes são possíveis.

Pacientes imunocomprometidos

A doença pode ser prolongada e refratária ao tratamento. A terapêutica antimicrobiana pode melhorar os sintomas, mas raramente é curativa, com recidiva geralmente ocorrendo quando o tratamento é descontinuado. Em geral, somente a melhora da condição imune subjacente resulta em melhora significativa. As recidivas também podem ocorrer após deterioração da função imunológica, caso a infecção tenha sido suprimida mas não completamente eliminada.

Os pacientes com vírus da imunodeficiência humana (HIV) com contagens de CD4+ >180/mm^3 têm maior probabilidade de desenvolver doença transitória ou autolimitada.[75][76] A doença fulminante (marcada pela eliminação de >2 litros de fezes por dia) só ocorreu em pacientes com contagem de CD4+ <50/mm^3.[76] Contagens mais baixas de CD4+ foram preditivas de diarreia crônica.[77] Quatro síndromes clínicas distintas de criptosporidiose foram identificadas em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) com contagem de CD4+ <200/mm^3: diarreia transitória, doença recidivante, diarreia crônica e doença semelhante ao cólera.[11] Nesse grupo de pacientes, predominaram a diarreia crônica e a doença semelhante ao cólera com grande perda de peso. Embora a criptosporidiose tenha influenciado significativamente as taxas de sobrevida, ela não estava associada a síndromes clínicas individuais de criptosporidiose.[11]

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal