Etiologia
As massas hipofisárias podem ser classificadas com base na etiologia subjacente a elas: por exemplo, adenoma hipofisário, hiperplasia hipofisária, tumores não adenomas, e lesões vasculares, inflamatórias ou infecciosas.
Adenomas hipofisários
Prolactinoma
É responsável por mais de 50% de todos os adenomas hipofisários e é o adenoma hipofisário clinicamente relevante mais comum.[1][7][8]
Adenoma secretor de hormônio adrenocorticotrófico (doença de Cushing)
Embora os esteroides exógenos sejam a causa mais comum da síndrome de Cushing em adultos, a doença de Cushing é a causa mais comum da síndrome de Cushing endógena (70% a 80%).[9] A doença de Cushing é responsável por 4% de todos os adenomas funcionais.[1] A prevalência global é de 2.2 casos por 100,000 pessoas, com uma taxa de incidência de 0.24 casos por 100,000 pessoas-anos.[10]
Secretor de hormônio do crescimento (GH)
São a causa mais comum de acromegalia e são responsáveis por 12% de todos os adenomas funcionais.[1] A prevalência global da acromegalia é de 5.9 casos por 100,000 pessoas, com uma taxa de incidência de 0.38 casos por 100,000 pessoas-anos.[11]
Não funcionais ou secretores de gonadotrofina
Os adenomas não funcionais são a segunda causa mais comum de adenoma hipofisário e são responsáveis por até 30% de todos os adenomas hipofisários.[1] A maioria são adenomas de células gonadotróficas.[12] Todos os pacientes que têm tumores clinicamente não funcionais devem ser submetidos a uma determinação da alfa-glicoproteína. Um índice elevado ou normal-alto de gonadotrofinas nesses pacientes levanta a suspeita da existência de um adenoma gonadotrófico subjacente.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada simples mostrando uma pequena massa hipofisária invadindo o seio cavernoso direitoBMJ Case Reports 2009; doi:10.1136/bcr.08.2009.2193 [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: A) Corte coronal de ressonância nuclear magnética (RNM) ponderado em T1 mostrando uma massa hipofisária com expansão da fossa hipofisária. (B) Corte coronal de RNM ponderado em T1 mostrando uma massa hipofisária estendendo-se para o seio cavernoso, particularmente à direita. (C) Corte sagital de RNM ponderado em T1 do tumor hipofisárioBMJ Case Reports 2009; doi:10.1136/bcr.08.2009.2193 [Citation ends].
Secretores de tireotrofina (hormônio estimulante da tireoide, TSH)
Responsáveis por <1% de todos os tumores hipofisários funcionais.[1]
Hiperplasia hipofisária
Hiperplasia lactotrófica
Surge como uma resposta fisiológica à gravidez.
Hiperplasia tireotrófica
Surge em resposta ao hipotireoidismo primário de longa duração.[13]
Hiperplasia gonadotrófica
Surge em resposta ao hipogonadismo de longa duração.
Hiperplasia somatotrófica
Surge em resposta à secreção ectópica de hormônio liberador de GH; é geralmente associada a tumores neuroendócrinos (pâncreas, rins, adrenais ou pulmões).
Hiperplasia corticotrófica
Surge em consequência de deficiência adrenal de longa duração (por exemplo, hiperplasia adrenal congênita não tratada) ou em pacientes submetidos a adrenalectomia devido a síndrome de Cushing.
Tumores benignos do tipo não adenomatoso
Craniofaringioma
Derivado de restos de carcinoma de células escamosas nos resíduos da bolsa de Rathke. Responsável por 1% a 3% de todos os tumores intracranianos em adultos.[14]
Meningioma
Tumores de crescimento lento, podem ter origem em qualquer superfície dural. Cerca de 10% dos meningiomas surgem na região parasselar.[15] Tumores puramente intrasselares são raros.
Tumores malignos
Tumores de células germinativas
Tumores intracranianos raros; a incidência varia de 0.3% a 0.5% de todos os tumores intracranianos nos países ocidentais, e é maior nos países asiáticos.[16]
Linfoma e cordoma
Tumores selares são extremamente raros.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Cortes coronal (A) e sagital (B) na ressonância nuclear magnética ponderados em T1, após contraste, mostrando um tumor intrasselar grande com componente suprasselar. O componente sólido suprasselar apresenta uma margem lobulada com áreas císticas periféricas não intensificadas (margens indicadas pelas setas), que são levemente hiperintensas em comparação com o líquido cefalorraquidiano nas cisternas basaisBMJ Case Reports 2009; doi:10.1136/bcr.01.2009.1483 [Citation ends].
Doença metastática
As metástases na hipófise e na sela são incomuns e representam por menos do que 1% das massas selares.[17] As neoplasias malignas primárias mais comuns que formam metástases na hipófise são os cânceres de mama e de pulmão.[18]
Carcinoma hipofisário
Carcinomas hipofisários são raros, constituindo cerca de 0.2% de todos os tumores hipofisários.[19][20][21] O diagnóstico de um carcinoma hipofisário requer evidências de doença metastática, seja externamente ao sistema nervoso central (SNC) ou como focos separados e não contíguos dentro do SNC.[22]
Inflamatório/infeccioso/iatrogênico
Hipofisite
Hipofisite linfocítica: doença autoimune que, em geral, se desenvolve em mulheres durante, ou logo após, a gravidez; é rara em homens.
Hipofisite induzida por terapia medicamentosa: um efeito adverso reconhecido da imunoterapia, particularmente associada a anticorpo antiantígeno 4 associado ao linfócito T citotóxico (CTLA-4) e inibidores da PD-1 (inibidores de checkpoints imunológicos usados no tratamento da malignidade).[23] Essa complicação é de duas a cinco vezes mais comum em homens que em mulheres. A hipofisite induzida por terapia medicamentosa costuma ocorrer em pacientes com mais de 60 anos; sua prevalência depende do medicamento usado.[24][25][26]
Abscesso hipofisário
Raro e pode ocorrer após a disseminação hematogênica da infecção, como extensão de uma sepse meníngea ou do seio cavernoso.[27] O desenvolvimento de abscesso pode surgir no tecido hipofisário normal ou em uma lesão selar preexistente (por exemplo, adenoma, craniofaringioma ou cisto da fenda de Rathke), com ou sem uma história recente de tratamento cirúrgico.[27]
Vascular
Aneurismas cerebrais com extensão intrasselar
Responsáveis por cerca de 1-2% de todos os aneurismas intracranianos.[28] Em geral, têm origem nas porções cavernosa ou supraclinoide da artéria carótida interna.
Apoplexia hipofisária
Síndrome rara, resultante de infarto ou hemorragia hipofisária. Ocorre mais comumente em um adenoma hipofisário preexistente, mas pode ocorrer em lesões não adenomatosas (por exemplo, cisto da fenda de Rathke, tuberculoma selar, hipofisite, abscesso hipofisário ou craniofaringioma).[29] Os fatores predisponentes incluem alguns medicamentos (por exemplo, terapia anticoagulante, agonista da dopamina, agonista da gonadotrofina), cirurgia cardíaca, traumatismo cranioencefálico e testes dinâmicos da função hipofisária.[30]
Também pode ocorrer no tecido hipofisário normal, durante o período peri ou pós-parto, como consequência do choque hipovolêmico (síndrome de Sheehan).[29]
Outras causas
Outras lesões que podem manifestar ou mimetizar uma massa hipofisária incluem:
Cisto da fenda de Rathke: uma anomalia anatômica proveniente de resíduos do ducto craniofaríngeo. É uma lesão comum, relatada incidentalmente em até 33% das autópsias.[31] É duas a três vezes mais comum nas mulheres que nos homens. O cisto pode ser observado em qualquer idade, mas quando sintomático geralmente se manifesta entre os 40 e os 60 anos.
Síndrome da sela vazia: desenvolve-se secundariamente a uma comunicação entre a fossa hipofisária e o espaço subaracnoide. O líquido cefalorraquidiano forma uma hérnia na sela túrcica, causando remodelamento e aumento, junto com o achatamento da hipófise. Os fatores predisponentes incluem anomalias anatômicas congênitas, complicações decorrentes de tumor hipofisário prévio (cirurgia, irradiação ou infarto tumoral), e regressão hipofisária (por exemplo, após síndrome de Sheehan ou hipofisite).[32]
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal