Etiologia
Muitos fatores podem contribuir para o ronco, incluindo:
Tônus muscular insuficiente do palato, língua e faringe
Essa é a causa da maioria dos roncos com início na idade adulta.[11] O efeito é exacerbado por bebidas alcoólicas, medicamentos sedativos, hipotireoidismo e transtornos neurológicos, como paralisia cerebral.
Complacência elevada dos tecidos faríngeos
Isso predispõe ao colapso dos tecidos e ao ronco. É mais comumente associada ao envelhecimento, mas raramente pode ser associada a doenças que causam redução do tônus muscular (por exemplo, paralisia cerebral).
Pressão extraluminal elevada
Por exemplo, causada por depósitos de gordura no pescoço.
Efeito de massa
Em pacientes obesos, depósitos de gordura nos tecidos da faringe e do pescoço causam estreitamento das vias aéreas.
Amígdalas grandes comprometem as vias aéreas. A hipertrofia adenotonsilar é a causa mais comum de ronco na infância.
Os pacientes com síndrome de Down e acromegalia geralmente têm um aumento da língua.
Cistos e tumores são causas incomuns.
Anormalidades esqueléticas
Por exemplo, a retrognatia (queixo recuado) ou a micrognatia (queixo pequeno) impedem a língua de estar posicionada suficientemente para frente durante o sono.
Comprimento excessivo do palato mole e úvula
Isso estreita a abertura nasofaríngea, predispondo ao ronco.
Restrição do fluxo aéreo nasal
Isso causa pressão negativa elevada nas vias aéreas superiores além do nariz, que predispõe ao colapso das vias aéreas e ao ronco.
Deformidades do nariz e do septo, hipertrofia dos cornetos, pólipos nasais e tumores sinonasais são causas nasais possíveis de ronco.[11]
Fisiopatologia
O ronco se origina na parte colapsável das vias aéreas que não apresenta suporte rígido. Essa parte se estende desde as coanas até a epiglote. O princípio de Bernoulli afirma que, com um fluxo, desenvolve-se uma pressão negativa na periferia do mesmo e, à medida que a velocidade do fluxo aumenta, do mesmo modo ocorre aumento da pressão negativa.
Consequentemente, quando as vias aéreas se estreitam por qualquer motivo, a velocidade do fluxo aéreo através do estreitamento tem de aumentar e, como resultado, a pressão negativa também aumenta.
Quando a pressão intraluminal negativa na faringe excede a capacidade dos músculos dilatadores em manter a faringe aberta, ocorre colapso e obstrução parcial, com consequente turbulência do fluxo aéreo, vibrações das vias aéreas superiores e geração do ruído do ronco.
As vibrações geralmente ocorrem no palato mole, mas em aproximadamente 30% dos pacientes com ronco não apneico, as vibrações podem também estar presentes em outros locais, incluindo as amígdalas, a epiglote e a base da língua.[12]
A obstrução nasal aumenta a pressão intraluminal negativa na faringe durante a inspiração e, consequentemente, predispõe ao ronco.[11] Além disso, a obstrução nasal pode acarretar respiração bucal, que causa queda da língua para trás, ocasionando obstrução e ronco.
Classificação
Classificação clínica
Ronco simples:
Definido como ronco sem apneia obstrutiva ou despertar frequente do sono e sem anormalidades na troca gasosa.[1] Geralmente é considerado benigno.
Ronco primário:
Definido como ronco sem queixas de sonolência diurna e um índice de apneia-hipopneia (IAH) abaixo de 5 episódios por hora (IAH = número de apneias e hipopneias por hora).[2]
Síndrome da resistência das vias aéreas superiores (SRVAS):
Aplica-se a indivíduos com esforço inspiratório aumentado com despertar frequente, mas sem apneias e hipopneias evidentes. O sono fragmentado provoca aumento da sonolência diurna.
Apneia obstrutiva do sono:
Caracterizada por episódios de obstrução completa ou parcial das vias aéreas superiores durante o sono. Os episódios de obstrução das vias aéreas geralmente são associados a dessaturações de oxiemoglobina e despertares do sono. Os sintomas incluem ronco crônico, insônia, arquejo e apneia voluntária, sono não restaurador e sonolência excessiva durante o dia.[3] O diagnóstico é confirmado se o índice de apneia-hipopneia (IAH) ou o Índice de Desconforto Respiratório (número de apneias, hipopneias e despertares relacionados ao esforço respiratório por hora) estabelecido com polissonografia ou exame de sono portátil é ≥15 episódios/hora. No entanto, 5 episódios/hora são considerados suficientes para o diagnóstico quando há comorbidades ou sintomas adicionais.
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