Etiologia

A etiologia de uma massa mediastinal pode ser sugerida por sua localização dentro do mediastino. A massa pode se estender além dos limites desses compartimentos definidos radiograficamente à medida que cresce ou invade; no entanto, em geral, o diferencial das massas mediastinais pode ser reduzido pela localização do seu epicentro.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Etiologia de massa mediastinal limitada por localizaçãoCriado pelo BMJ Evidence Centre [Citation ends].com.bmj.content.model.assessment.Caption@584c56a8

Massas tireoidianas (bócio, neoplasia)

O bócio tireoidiano subesternal mais comumente representa a extensão direta da glândula tireoide para dentro do mediastino pré-vascular (anterior). Bócios e tecido tireoidiano ectópico também podem ocorrer no mediastino visceral (médio). O adenoma folicular é a neoplasia benigna mais comum em bócios subesternais.[3] A neoplasia maligna está presente em 10% a 15% dos bócios subesternais.[4][5][6][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Vista intraoperatória de bócio retroesternalDos acervos do Dr. Mario Gasparri e do Dr. Nicholas Choong [Citation ends].com.bmj.content.model.assessment.Caption@5d3806dd

Linfadenopatia (metastática, linfoma)

A linfadenopatia pode acarretar uma massa mediastinal em qualquer parte do mediastino. A etiologia maligna é mais comum em pacientes idosos e pacientes com uma história prévia de câncer. Neoplasias hematológicas, como linfoma de Hodgkin, linfoma não Hodgkin e leucemia linfocítica crônica, podem ter sintomas B associados, incluindo febre, erupção cutânea, sudorese noturna e perda de peso.

A leucemia linfocítica aguda se apresenta com início agudo de sintomas como fadiga, sangramento e infecções recorrentes, devido a citopenias.

O linfoma de células B primário do mediastino é um subtipo de linfoma difuso de grandes células B. Ele apresenta uma massa volumosa no mediastino pré-vascular (anterior) com sintomas relacionados à compressão de estruturas adjacentes, como a veia cava superior (VCS), o que pode resultar em congestão venosa da cabeça e membros superiores que causa síndrome da VCS.[7]

Aneurisma aórtico torácico

O aneurisma aórtico torácico é uma dilatação localizada ou difusa da aorta envolvendo todas as camadas da parede vascular. Ele pode se apresentar como uma massa mediastinal no mediastino visceral (médio) ou paravertebral (posterior). Os aneurismas da aorta ascendente frequentemente são causados pela degeneração ou necrose cística da média, que está frequentemente associada a doenças vasculares do colágeno. Os aneurismas da aorta descendente estão mais frequentemente associados à doença aterosclerótica. A história natural dos aneurismas da aorta torácica envolve uma expansão gradual contínua e aumento do risco de eventual ruptura, se não forem tratados.[8][9]

Massas tímicas (neoplasias tímicas, hiperplasia tímica)

Neoplasias tímicas, incluindo timoma e carcinoma tímico, são responsáveis por 30% das massas mediastinais pré-vasculares (anteriores) em adultos e por 15% das massas mediastinais pré-vasculares (anteriores) em crianças.[10][11]

A classificação de tumores tímicos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é comumente utilizada para classificar neoplasias tímicas em Tipo A, AB, B e C (carcinoma tímico), com prognóstico cada vez pior.[12] O sistema de estadiamento de Masaoka-Koga para timomas geralmente é usado para descrever o tamanho da extensão local.[13]​ Neoplasias tímicas podem ocorrer em todas as faixas etárias, embora apresentem uma incidência mais elevada em idosos e uma discreta predominância no sexo masculino.[14][15][16][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Imagem por tomografia computadorizada (TC) de grande carcinoma tímico (seta branca) com invasão esternal (seta amarela)Dos acervos do Dr. Mario Gasparri e do Dr. Nicholas Choong [Citation ends].com.bmj.content.model.assessment.Caption@63f39bf0

Tumores mediastinais de células germinativas

Tumores extragonadais de células germinativas são encontrados ao longo da linha média do corpo e correspondem à crista urogenital embrionária. Tumores mediastinais de células germinativas constituem 50% a 70% de todos os tumores extragonadais de células germinativas e se apresentam no mediastino anterior.[17][18] Eles são classificados como benignos ou malignos. Tumores mediastinais de células germinativas benignos incluem o teratoma maduro. Tumores mediastinais de células germinativas malignos incluem seminomas (disgerminomas) e não seminomas.

Teratomas maduros podem ocorrer em qualquer faixa etária, mas são mais comuns em crianças ou adultos jovens.[19]​ O teratoma maduro não tem predileção por gênero.

Os seminomas puros, tumores de células germinativas, são responsáveis por 35% dos tumores malignos de células germinativas.[20]Eles ocorrem em adultos mais jovens de 20 a 40 anos de idade, com predominância no sexo masculino.

Tumores de células germinativas não seminomas incluem coriocarcinoma, carcinoma embrionário, teratoma e tumores do seio endodérmico.[21] Eles ocorrem em adultos mais jovens de 20-40 anos de idade e apresentam uma forte predominância no sexo masculino. Eles podem estar associados à síndrome de Klinefelter.[22]

A distinção entre tumores de células germinativas seminomatosos e não seminomatosos influencia a abordagem de tratamento. Portanto, quando há suspeita dessas etiologias de massa mediastinal, a biópsia geralmente é realizada para orientar a estratégia de tratamento.

Cistos (broncogênicos, pericárdicos, esofágicos)

Cistos broncogênicos, pericárdicos e esofágicos podem se apresentar como uma massa no mediastino visceral (médio). Embora transformações neoplásicas tenham sido relatadas, isso geralmente não faz parte da história natural. Os sintomas estão relacionados com a compressão de estruturas adjacentes, hemorragia ou infecção do cisto.

Cistos broncogênicos ou esofágicos são malformações broncopulmonares embrionárias ou do intestino anterior. Eles geralmente são removidos após serem identificados radiograficamente.

Cistos pericárdicos são cistos de paredes finas que surgem do pericárdio e que podem ser congênitos ou adquiridos. Muitas vezes, não há intervenção, a menos que estejam aumentando ou causando sintomas de compressão adjacente.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Imagem de tomografia computadorizada (TC) de cisto pericárdicoDos acervos do Dr. Mario Gasparri e do Dr. Nicholas Choong [Citation ends].com.bmj.content.model.assessment.Caption@28496ddc[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Vista intraoperatória de cisto pericárdicoDos acervos do Dr. Mario Gasparri e do Dr. Nicholas Choong [Citation ends].com.bmj.content.model.assessment.Caption@535e23da

Tumores de traqueia (benignos ou malignos)

Tumores de traqueia primários podem ser benignos ou malignos e podem se apresentar no mediastino visceral (médio). A maioria dos tumores de traqueia são malignos; o carcinoma adenoide cístico e o carcinoma de células escamosas constituem as histologias mais comuns.[23]​ A neoplasia traqueal benigna mais comum inclui o papiloma escamoso. Noventa por cento dos tumores de traqueia em adultos são malignos, em comparação com 10% a 30% em crianças.[24]

Tumores neurogênicos (paragangliomas)

Tumores neurogênicos surgem de nervos periféricos, gânglios autonômicos e remanescentes embrionários do tubo neural. Eles podem ser benignos ou malignos e podem se apresentar no mediastino paravertebral (posterior). Tumores neurogênicos em crianças são frequentemente malignos, enquanto que tumores em adultos tendem a ser benignos.[25] Crianças e adultos jovens são mais propensos a tumores dos gânglios autonômicos (dois terços dos quais são malignos). Adultos são mais propensos a tumores da bainha do nervo, que são quase todos benignos. Os tumores benignos incluem neurilemoma, schwanoma, feocromocitoma, neurofibroma, ganglioneuroma e tumor de células granulares. Os tumores malignos incluem o schwanoma maligno e o neuroblastoma.

Câncer pulmonar

Com frequência, o câncer pulmonar metastatiza para os linfonodos mediastinais, o que representa câncer pulmonar em estádio III. O estadiamento mediastinal cuidadoso é essencial para estabelecer terapia e prognóstico apropriados.[26][27]​​ O câncer pulmonar de células pequenas está associado a linfadenopatia mediastinal ou hilar inicial e volumosa que pode ser mais impressionante que os achados pulmonares no exame de imagem axial.

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