A pitiríase versicolor (PV) é facilmente tratada com medicamentos tópicos e, em alguns casos, medicamentos sistêmicos. A resolução espontânea da PV é incomum e a doença irá persistir por anos se não tratada.[14]Gupta AK, Kogan N, Batra R. Pityriasis versicolor: a review of pharmacological treatment options. Expert Opin Pharmacother. 2005 Feb;6(2):165-78.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15757415?tool=bestpractice.com
Após apenas 2 semanas de terapia antifúngica, já é observada a fragmentação microscópica das formas fúngicas da Malassezia.[7]Gupta AK, Bluhm R, Summerbell R. Pityriasis versicolor. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2002 Jan;16(1):19-33.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11952286?tool=bestpractice.com
Entretanto, mesmo após o tratamento bem-sucedido, os pacientes e médicos devem estar cientes de que as anormalidades pigmentares associadas à PV podem levar até 6 semanas para a resolução completa e que isso não é um sinal de falha no tratamento.[35]El-Gothamy Z, Abdel-Fattah A, Ghaly AF. Tinea versicolor hypopigmentation: histochemical and therapeutic studies. Int J Dermatol. 1975 Sep;14(7):510-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1099036?tool=bestpractice.com
Lesões hipopigmentadas, em particular, podem levar mais tempo para se resolver.[20]Thoma W, Kramer HJ, Mayser P. Pityriasis versicolor alba. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2005 Mar;19(2):147-52.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15752280?tool=bestpractice.com
Por causa disso, a eficácia do tratamento geralmente é avaliada por uma solução de hidróxido de potássio (KOH) negativa, em vez de pela resolução da discromia. Além disso, devido ao fato de a conversão das leveduras Malassezia para a forma micelial patológica ser considerada decorrente, em muitos casos, de fatores endógenos do hospedeiro, a recorrência é comum em até 60% dos pacientes no primeiro ano após o tratamento e em até 80% após 2 anos.[7]Gupta AK, Bluhm R, Summerbell R. Pityriasis versicolor. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2002 Jan;16(1):19-33.
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[36]Faergemann J. Pityrosporum species as a cause of allergy and infection. Allergy. 1999 May;54(5):413-9.
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1034/j.1398-9995.1999.00089.x/full
Em consequência disso, os médicos devem considerar um tratamento profilático para os pacientes que tendem a apresentar episódios repetidos da doença.[7]Gupta AK, Bluhm R, Summerbell R. Pityriasis versicolor. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2002 Jan;16(1):19-33.
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Tratamentos tópicos
O tratamento de primeira linha de escolha para todos os pacientes, em especial crianças e gestantes, é a terapia tópica.[37]Drake LA, Dinehart SM, Farmer ER, et al. Guidelines of care for superficial mycotic infections of the skin: pityriasis (tinea) versicolor. Guidelines/Outcomes Committee. American Academy of Dermatology. J Am Acad Dermatol. 1996 Feb;34(2 Pt 1):287-9. Muitas terapias tópicas estão disponíveis e, na maioria das vezes, são igualmente eficazes. A seleção de um agente tópico deve ser, ao final, baseada na preferência do paciente. Ao usar qualquer terapia tópica, oriente o paciente a tratar todo o pescoço, tronco, braços e pernas até os joelhos, mesmo se apenas pequenas áreas estiverem envolvidas.[25]Faergemann J. Management of seborrheic dermatitis and pityriasis versicolor. Am J Clin Dermatol. 2000 Mar-Apr;1(2):75-80.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11702314?tool=bestpractice.com
Terapias tópicas inespecíficas são mais antigas e relativamente baratas. Esses agentes incluem piritionato de zinco, propilenoglicol e sulfeto de selênio. As terapias tópicas específicas são agentes mais novos e incluem antifúngicos azólicos, como cetoconazol, clotrimazol e miconazol.[25]Faergemann J. Management of seborrheic dermatitis and pityriasis versicolor. Am J Clin Dermatol. 2000 Mar-Apr;1(2):75-80.
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[38]Croxtall JD, Plosker GL. Sertaconazole: a review of its use in the management of superficial mycoses in dermatology and gynaecology. Drugs. 2009;69(3):339-59.
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A terbinafina e o ciclopirox também são eficazes.[25]Faergemann J. Management of seborrheic dermatitis and pityriasis versicolor. Am J Clin Dermatol. 2000 Mar-Apr;1(2):75-80.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11702314?tool=bestpractice.com
Retinoides tópicos (por exemplo, tretinoína, adapaleno) também são usados.[39]Mills OH Jr, Kligman AM. Letter: tretinoin in tinea versicolor. Arch Dermatol. 1974 Oct;110(4):638.[40]Shi TW, Ren XK, Yu HX, et al. Roles of adapalene in the treatment of pityriasis versicolor. Dermatology. 2012;224(2):184-8.
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Não há benefício de uma terapia tópica específica em relação a outra, a não ser a seleção apropriada de uma base (ou seja, para pele que contém pelos, loções, xampus e soluções são melhores que produtos à base de creme).
A piritiona zíncica e o propilenoglicol não foram testados de modo adequado em gestantes. No entanto, não foi observada teratogenicidade ou embriotoxicidade na prole de animais de laboratório tratados com piritiona zíncica, e não houve problemas documentados em humanos.[41]Wedig JH, Kennedy GL Jr, Jenkins DH, et al. Teratologic evaluation of dermally applied zinc pyrithione on swine. Toxicol Appl Pharmacol. 1976 May;36(2):255-9.[42]Nolen GA, Patrick LF, Dierckman TA. A percutaneous teratology study of zinc pyrithione in rabbits. Toxicol Appl Pharmacol. 1975 Mar;31(3):430-3.
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Portanto, esses agentes são os tratamentos de primeira linha preferidos em gestantes. Existem dados inadequados para dar suporte ao uso de terbinafina ou ciclopirox tópica em gestantes; no entanto, nenhuma teratogenicidade ou embriotoxicidade foi observada em estudos em animais com qualquer um desses medicamentos e eles podem ser usados na segunda linha. O sulfeto de selênio tópico e os antifúngicos azólicos tópicos geralmente não são recomendados na gravidez; no entanto, alguns médicos ainda usam sulfeto de selênio por via tópica durante a gravidez. Os retinoides tópicos são contraindicados em gestantes.
Tratamentos sistêmicos
A terapia sistêmica é indicada principalmente para lesões extensas, para lesões resistentes à terapia tópica prévia, se o paciente é imunocomprometido, se houver dificuldade na adesão às terapias tópicas e para pacientes com recidivas frequentes. No tratamento da PV, os agentes sistêmicos são usados apenas por um curto período de tempo, limitando o risco de efeitos adversos.[25]Faergemann J. Management of seborrheic dermatitis and pityriasis versicolor. Am J Clin Dermatol. 2000 Mar-Apr;1(2):75-80.
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A vantagem da terapia oral é o aumento da adesão terapêutica do paciente, já que esses agentes são mais convenientes e mais rápidos que os agentes tópicos.[14]Gupta AK, Kogan N, Batra R. Pityriasis versicolor: a review of pharmacological treatment options. Expert Opin Pharmacother. 2005 Feb;6(2):165-78.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15757415?tool=bestpractice.com
Os antifúngicos azólicos orais (por exemplo, cetoconazol, fluconazol, itraconazol) são os medicamentos preferenciais.[7]Gupta AK, Bluhm R, Summerbell R. Pityriasis versicolor. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2002 Jan;16(1):19-33.
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[13]Gupta AK, Batra R, Bluhm R, et al. Skin diseases associated with Malassezia species. J Am Acad Dermatol. 2004 Nov;51(5):785-98.
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[14]Gupta AK, Kogan N, Batra R. Pityriasis versicolor: a review of pharmacological treatment options. Expert Opin Pharmacother. 2005 Feb;6(2):165-78.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15757415?tool=bestpractice.com
[20]Thoma W, Kramer HJ, Mayser P. Pityriasis versicolor alba. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2005 Mar;19(2):147-52.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15752280?tool=bestpractice.com
[43]Kokturk A, Kaya TI, Ikizoglu G, et al. Efficacy of three short-term regimens of itraconazole in the treatment of pityriasis versicolor. J Dermatolog Treat. 2002 Dec;13(4):185-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19753739?tool=bestpractice.com
[44]Gupta AK, Lane D, Paquet M. Systematic review of systemic treatments for tinea versicolor and evidence-based dosing regimen recommendations. J Cutan Med Surg. 2014 Mar-Apr;18(2):79-90.
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Embora estudos tenham falhado em demonstrar de forma consistente a eficácia de uma dose única de itraconazol no tratamento da PV, há evidências que sugerem que um ciclo curto de itraconazol pode ser tão eficaz quanto um ciclo de vários dias de tratamento.[43]Kokturk A, Kaya TI, Ikizoglu G, et al. Efficacy of three short-term regimens of itraconazole in the treatment of pityriasis versicolor. J Dermatolog Treat. 2002 Dec;13(4):185-7.
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[45]Köse O, Bülent Taştan H, Riza Gür A, et al. Comparison of a single 400 mg dose versus a 7-day 200 mg daily dose of itraconazole in the treatment of tinea versicolor. J Dermatolog Treat. 2002 Jun;13(2):77-9.
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[46]Wahab MA, Ali ME, Rahman MH, et al. Single dose (400 mg) versus 7 day (200 mg) daily dose itraconazole in the treatment of tinea versicolor: a randomized clinical trial. Mymensingh Med J. 2010 Jan;19(1):72-6.
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Os antifúngicos azólicos sistêmicos são mais bem absorvidos em ambiente ácido. Portanto, oriente os pacientes a tomar o medicamento com uma bebida gaseificada. Além disso, é comum pedir aos pacientes que tomem o medicamento 45 minutos antes de se exercitar a ponto de suar, e que esperem várias horas depois de suarem, antes de tomar um banho, a fim de aumentar a distribuição do medicamento ao local de ação no estrato córneo.
Os agentes listados acima diferem pouco quanto à eficácia.[7]Gupta AK, Bluhm R, Summerbell R. Pityriasis versicolor. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2002 Jan;16(1):19-33.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11952286?tool=bestpractice.com
Efeitos adversos raros, incluindo náuseas, vômitos e hepatite, podem ocorrer com todos os azóis, principalmente com o cetoconazol.[29]Borelli D, Jacobs PH, Nall L. Tinea versicolor: epidemiologic, clinical, and therapeutic aspects. J Am Acad Dermatol. 1991 Aug;25(2 Pt 1):300-5.
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Entretanto, esses efeitos adversos são incomuns, devido ao curto ciclo de tratamento na PV. O cetoconazol pode causar lesão hepática grave e insuficiência adrenal. Em julho de 2013, o European Medicines Agency’s Committee on Medicinal Products for Human Use (CHMP) recomendou que o cetoconazol oral não deve ser usado para o tratamento de infecções fúngicas, pois os benefícios do tratamento não superam mais os riscos. Como consequência disso, o cetoconazol oral pode estar indisponível ou ser restrito em alguns países. Essa recomendação não se aplica a formulações tópicas de cetoconazol.[47]Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency. Press release: oral ketoconazole-containing medicines should no longer be used for fungal infections. July 2013 [internet publication].
http://webarchive.nationalarchives.gov.uk/20141205150130/http://www.mhra.gov.uk/NewsCentre/Pressreleases/CON297530
[48]European Medicines Agency. European Medicines Agency recommends suspension of marketing authorisations for oral ketoconazole. July 2013 [internet publication].
http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp?curl=pages/news_and_events/news/2013/07/news_detail_001855.jsp&mid=WC0b01ac058004d5c1
A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA recomendou que o cetoconazol oral só deve ser usado para infecções fúngicas que representam risco de vida, em casos em que tratamentos alternativos não estão disponíveis ou não são tolerados, e quando os possíveis benefícios do tratamento superam os riscos. Seu uso é contraindicado em pacientes com doença hepática. Se usado, monitore o fígado e a função adrenal antes e durante o tratamento.[49]US Food and Drug Administration. FDA drug safety communication: FDA limits usage of Nizoral (ketoconazole) oral tablets due to potentially fatal liver injury and risk of drug interactions and adrenal gland problems. May 2016 [internet publication].
http://www.fda.gov/Drugs/DrugSafety/ucm362415.htm
A resistência aos agentes sistêmicos tradicionais, como itraconazol e fluconazol, foi descrita, o que pode exigir doses mais altas e ciclos mais longos desses medicamentos ou o uso primário de tratamentos tópicos mais antigos, como sulfeto de selênio e piritiona zíncica.[50]Helou J, Obeid G, Moutran R, et al. Pityriasis versicolor: a case of resistance to treatment. Int J Dermatol. 2014 Feb;53(2):e114-6.
A terbinafina e a griseofulvina orais são ineficazes no tratamento da PV.[7]Gupta AK, Bluhm R, Summerbell R. Pityriasis versicolor. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2002 Jan;16(1):19-33.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11952286?tool=bestpractice.com
Profilaxia
Em pacientes com doença recorrente, pode ser necessário o tratamento profilático após um ciclo de tratamento bem-sucedido. O tratamento profilático de primeira linha, especialmente em crianças, é feito com sulfeto de selênio.[1]Schwartz RA. Superficial fungal infections. Lancet. 2004 Sep 25-Oct 1;364(9440):1173-82.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15451228?tool=bestpractice.com
Se a terapia tópica profilática for ineficaz, as terapias de segunda linha incluem antifúngicos azólicos orais com dosagem de pulso.[51]Faergemann J, Djarv L. Tinea versicolor: treatment and prophylaxis with ketoconazole. Cutis. 1982 Oct;30(4):542-5;550.[52]Rausch LJ, Jacobs PH. Tinea versicolor: treatment and prophylaxis with monthly administration of ketoconazole. Cutis. 1984 Nov;34(5):470-1.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6094116?tool=bestpractice.com
[53]Faergemann J, Gupta AK, Al Mofadi A, et al. Efficacy of itraconazole in the prophylactic treatment of pityriasis (tinea) versicolor. Arch Dermatol. 2002 Jan;138(1):69-73.
http://archderm.ama-assn.org/cgi/content/full/138/1/69
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11790169?tool=bestpractice.com
Medidas adjuvantes
A discromia resultante pode ser duradoura, especialmente em pacientes com PV hipopigmentada, mesmo após a erradicação bem-sucedida do patógeno. Em pacientes com PV hipopigmentada proeminente, considere a fototerapia com UV-B 3 vezes na semana após a completa erradicação do fungo, conforme demonstrada por uma solução de hidróxido de potássio (KOH) negativa. A repigmentação pode ser esperada dentro de 3 semanas após o início da terapia UV.[54]Jung EG, Bohnert E. Mechanism of depigmentation on pityriasis versicolor alba. Arch Dermatol Res. 1976 Oct 27;256(3):333-4.