Considerações de urgência
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Cefaleia em trovoada
Cefaleia em trovoada (ou cefaleia intensa de início súbito) é incomum. Entretanto, ela é frequentemente associada a um distúrbio cerebral grave subjacente que exige terapia específica e urgente.[8]
As possíveis etiologias incluem:
Hemorragia subaracnoide
Hemorragia parenquimal
Trombose sinovenosa
Dissecção arterial
Apoplexia hipofisária
Hipotensão intracraniana
Hidrocefalia intermitente.
O manejo inicial inclui o seguinte.
Tomografia computadorizada (TC) do crânio sem contraste
Após uma anamnese e exame físico, o exame diagnóstico frequentemente começa com uma TC de crânio sem contraste na qual o sangramento agudo se apresentará hiperdenso.[7]
Punção lombar
Neuroimagem pode ser indicada antes da punção lombar para descartar uma grande lesão de massa e avaliar o risco de hérnia.
Em caso de forte suspeita de hemorragia subaracnoide (isto é, cefaleia em trovoada com início rápido e intenso) e se a TC de crânio não for diagnóstica, deve ser realizada uma punção lombar. O exame do sobrenadante do líquido cefalorraquidiano (LCR) centrifugado quanto à ocorrência de xantocromia (coloração amarela) é o método mais sensível para detecção de hemorragia subaracnoide e é mais bem identificado e quantificado no laboratório que visualmente. A xantocromia pode persistir por várias semanas após a hemorragia subaracnoide. Se esse método não estiver disponível, o envio dos tubos 1 e 4 para celularidade também pode permitir a diferenciação entre sangue subaracnoide verdadeiro e sangue de uma punção traumática.
Em caso de suspeita de hipertensão intracraniana (isto é, a cefaleia se agrava ao deitar ou ocorre ao acordar, zumbido, edema do nervo óptico, diplopia horizontal) ou suspeita de hipotensão (isto é, trauma recente nas costas ou pescoço, a cefaleia se agrava quando em posição vertical), é indicada uma punção lombar com pressão de abertura na posição de decúbito lateral relaxada.
Outras modalidades de imagem incluem ressonância nuclear magnética (RNM) sem contraste, angiografia por ressonância magnética e angiotomografia.[7][9]
Estes podem ser realizados se houver suspeita clínica do seguinte:
Dissecção arterial (isto é, lesão recente no pescoço, dor cervical, sinais neurológicos focais)
Trombose sinovenosa (isto é, evidências de hipertensão intracraniana, obesidade ou ganho de peso recente, uso de medicamentos com risco de hipercoagulação, como pílulas contraceptivas orais, sinais neurológicos focais)
Tumor (isto é, a cefaleia piora lentamente, edema do nervo óptico, sinais neurológicos focais)
Hemorragia subaracnoide ou subdural (identifique malformação arteriovenosa ou aneurisma; identifique a extensão e a intensidade do parênquima cerebral lesionado).
Somente após a avaliação adequada podem ser consideradas etiologias mais benignas, incluindo, inicialmente, enxaqueca intensa, cefaleia tensional ou cefaleia em salvas.
O tratamento é direcionado para etiologia subjacente. Medicamentos para dor inespecíficos podem ser utilizados sintomaticamente para alívio da cefaleia, conforme necessário. Frequentemente, a avaliação neurocirúrgica e a internação na unidade de terapia intensiva são necessárias.
Hérnia aguda
Pacientes com lesões intracranianas que causam hipertensão intracraniana podem se apresentar inicialmente com:
Cefaleia, geralmente posicional (agrava-se quando deitado)
Vômitos, podendo ser em jato
Diplopia
Nível deprimido de consciência
Oftalmoplegia ou pupilas assimétricas (edema do nervo óptico pode estar ausente, dependendo da acuidade da apresentação)
Tríade de Cushing: hipertensão, bradicardia com ou sem respiração apnêustica (respiração caracterizada pela fase inspiratória prolongada seguida por apneia expiratória, mais frequentemente associada a traumatismo cranioencefálico).
Caso esteja presente uma lesão com efeito de massa, é necessária avaliação neurocirúrgica de urgência. Manter uma posição neutra do pescoço e a cabeceira do leito elevada (de 20 a 30 graus) pode melhorar a drenagem venosa. O manejo inicial da pressão intracraniana criticamente elevada inclui a terapia hiperosmolar intravenosa (manitol ou sódio) e hiperventilação para atingir uma pCO₂ de 35 mmHg. Pode ser necessária a redução adicional na pCO₂ para se obter reduções rápidas, mas temporárias, no fluxo sanguíneo cerebral e, portanto, na pressão intracraniana, mas a hiperventilação excessiva ou prolongada pode comprometer a perfusão cerebral, acarretando lesão isquêmica hipóxica adicional.
Lesão cerebral traumática
Uma história detalhada do mecanismo da lesão e sintomas associados é essencial. O exame físico deve incluir uma avaliação neurológica completa e a avaliação de lesões, inclusive sinais de fratura da base do crânio. É indicada a RNM sem contraste.[7] A TC de crânio pode ser usada se houver sintomas preocupantes e a RNM não for possível.[7] Também podem ser necessárias a imobilização e a realização de exames de imagem da coluna cervical.
No Reino Unido, o National Institute for Health and Care Excellence recomenda a realização de uma TC de crânio em até 1 hora nas crianças com 16 anos ou menos que apresentarem traumatismo cranioencefálico sustentado nos seguintes casos:[10]
Suspeita de lesão não acidental
Convulsão pós-traumática
Escala de coma de Glasgow de <14 (crianças ≥1 ano) à avaliação inicial no pronto-socorro
Escala de coma de Glasgow para pacientes pediátricos de <15 (crianças <1 ano) à avaliação inicial no pronto-socorro
Escala de coma de Glasgow <15 medida 2 horas após a lesão
Suspeita de fratura craniana aberta ou com afundamento ou fontanelas tensas
Qualquer sinal de fratura da base do crânio (hemotímpano, "olhos de panda", vazamento de líquido cefalorraquidiano pelo ouvido ou nariz, sinal de Battle)
Deficit neurológico focal
Hematoma, inchaço ou laceração de mais de 5 cm na cabeça em crianças com menos de 1 ano
Dois ou mais dos seguintes fatores: perda da consciência com mais de 5 minutos de duração testemunhada; torpor anormal; três ou mais episódios distintos de vômitos; amnésia retrógrada ou anterógrada por mais de 5 minutos; mecanismo de lesão perigoso (acidentes de carro em alta velocidade como pedestre, ciclista ou ocupante do veículo, queda de uma altura >3 metros, lesão de alta velocidade por projéteis ou outro objeto); quaisquer sangramentos ou distúrbios da coagulação presentes.
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