Etiologia
Metabólica
Amiotrofia diabética
A amiotrofia diabética afeta aproximadamente 1% dos indivíduos com diabetes.[3] Embora tecnicamente seja uma radiculoplexopatia, ela é a entidade mais comum envolvendo o plexo lombossacral observada na prática clínica. Os pacientes podem ter diabetes mellitus estabelecido ou estados de intolerância à glicose (por exemplo, pré-diabetes). É mais provável que a condição tenha algum componente de microvasculite mediada imunologicamente e infarto do nervo secundário.[3]
Inicialmente, a doença apresenta dor inicial aguda ou subaguda na pelve ou na coxa, com distribuição unilateral ou assimétrica. A dor é intensa, e os pacientes podem descrevê-la como "incômoda". À medida que a doença evolui, a fraqueza muscular e a atrofia se desenvolvem, e os sintomas se tornam bilaterais. A dor pode remitir (após 2 a 3 semanas) antes do início da fraqueza e da atrofia. Dormência associada, parestesia e perda de peso são comuns.[4]
Compressiva
Plexopatias lombossacrais compressivas
As neuropatias envolvendo o plexo lombossacral são incomuns, mas podem mimetizar uma mononeuropatia. As causas incluem a compressão causada por tumores sólidos, abscesso, hematoma ou malignidades infiltrantes.
Radiculopatias lombossacrais compressivas
Embora não seja normalmente considerada uma mononeuropatia, as lesões radiculares podem mimetizar tais distúrbios e precisam ser consideradas no diagnóstico. As raízes nervosas inferiores de L5/S1 e, em seguida, as de L4/5 são mais comumente afetadas. As causas mais comuns são hérnia de disco e alterações degenerativas crônicas. Os tumores metastáticos também podem causar compressão aguda da raiz nervosa e devem ser considerados em pacientes com malignidade primária conhecida.
Neuropatia peroneal
É a mononeuropatia mais comum que afeta os membros inferiores, geralmente manifestando-se como pé pendente.[5][6] Mais frequentemente, o nervo é lesionado no colo fibular devido à compressão (por exemplo, posicionamento cirúrgico, cruzamento de pernas ou trauma).
O nervo peroneal é originado nas raízes nervosas de L4-S1. Essas fibras se estendem pelo plexo lombossacral e finalmente pelo componente dorsal do nervo ciático. No nervo ciático, as fibras do nervo peroneal comum se separam das fibras tibiais. Perto do colo fibular, o nervo peroneal comum se divide em seus ramos terminais, os nervos peroneais superficial e profundo.[1] As neuropatias peroneais profundas isoladas são menos comuns.
Meralgia parestésica
Causada pela compressão do nervo cutâneo femoral lateral. Esse nervo é originado nas raízes de L2/L3 e se estende ao redor da borda pélvica, saindo anteriormente à espinha ilíaca, antes de passar sob o ligamento inguinal. O nervo cutâneo femoral lateral é o responsável pela sensibilidade cutânea ao longo da região anterolateral da coxa.
Frequentemente observada em pessoas com sobrepeso, mas os pacientes que usam roupas apertadas e trabalhadores que usam cinto pesado de ferramentas também apresentam risco.
Neuroma de Morton (metatarsalgia)
É uma fonte de dor no pé relativamente comum, causada por fibrose perineural de um nervo intermetatarsal. A dor geralmente está localizada na base do terceiro e quarto pododáctilos.
Neuropatia do obturador
As neuropatias do obturador isoladas são mais comumente observadas em mulheres que se submeteram a procedimentos obstétricos/ginecológicos.
Neuropatia ciática
O nervo ciático se origina das raízes nervosas de L4-S2 e do plexo lombossacral antes de sair da pelve pelo forame ciático maior.[1]
Neuropatia tibial
O nervo tibial se origina da divisão ventral do nervo ciático e desce até o nível do maléolo medial, onde se estende sob o retináculo dos flexores. O nervo tibial distal se divide depois em 3 a 4 ramos. Os nervos sensoriais calcâneos medial e lateral são somente sensoriais sendo responsáveis pela sensibilidade do calcanhar. Os nervos plantares medial e lateral contêm fibras motoras e sensoriais que inervam as porções medial e lateral da sola, respectivamente. O nervo tibial raramente está envolvido de forma isolada. Quando há envolvimento, ele geralmente ocorre na porção distal, no nível do tornozelo.[1]
Síndrome do túnel tarsal (neuropatia tibial distal)
Compressão do nervo tibial na passagem pelo túnel do tarso (retináculo dos flexores, na face medial do tornozelo). Ela se manifesta mais frequentemente como dor perimaleolar.[7]
Mononeuropatia femoral
O nervo femoral é derivado do plexo lombar, que se origina nas divisões posteriores das raízes nervosas de L2, L3 e L4.[1] Isso pode resultar em fraqueza durante a caminhada e quedas provocadas pela instabilidade do joelho.
Neuropatia hereditária com predisposição a paralisia por pressão (NHPP)
A NHPP é uma doença predominantemente hereditária, porém incomum, secundária à deleção de PMP 22 no cromossomo 17.[8] Ela produz episódios recorrentes e remitentes de neuropatias por compressão indolores nos locais comuns de encarceramento (por exemplo, neuropatia peroneal na cabeça fibular).
Lesão no nervo periférico
A lesão de nervos periféricos é uma causa importante de mononeuropatias dos membros inferiores compressivas. A lesão pode ser causada por trauma ou cirurgia.
Infecciosa
Infecções virais, como as originadas pelo vírus herpes-zoster, vírus do herpes simples (HSV), vírus Epstein-Barr (EBV), citomegalovírus (CMV), podem afetar as raízes nervosas, causando uma radiculite dolorosa. Elas são mais comumente observadas em pessoas com a função imune alterada, como em idosos ou com vírus da imunodeficiência humana (HIV). Os pacientes também podem apresentar um padrão da mononeurite múltipla. O HIV também pode se manifestar em um padrão de mononeurite múltipla bem como uma polineuropatia sensório-motora comprimento-dependente.
vírus da imunodeficiência humana (HIV)
A infecção por HIV é causada por um retrovírus que infecta e se replica nos linfócitos e macrófagos humanos. Ao longo do tempo, ele prejudica a integridade do sistema imunológico humano, culminando em incompetência imunológica e uma suscetibilidade a infecções e malignidade.
Herpes-zóster
Causada pela reativação de uma infecção viral primária por varicela-zóster (VZV) em virtude de um declínio na imunidade celular vírus-específica. Geralmente apresenta-se com dor do tipo queimação ou punhalada, seguida por erupção cutânea vesicular no dermátomo afetado.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Mapa do dermátomoAdaptado pela BMJ de uma imagem de Ralf Stephan [Citation ends].
Herpes simples
A infecção por HSV-1 ou HSV-2 pode provocar úlceras orais, genitais e oculares. A maioria das pessoas tem a doença não diagnosticada. Os sintomas e sinais altamente variáveis vão desde parestesia e queimação, com erupção das lesões vesiculares, até ulcerações dolorosas.
Vírus Epstein-Barr
A mononucleose infecciosa é a síndrome clínica causada pelo EBV: caracterizada por febre, faringite, linfadenopatia e linfocitose atípica em crianças mais velhas e adultos jovens; frequentemente subclínica em crianças pequenas.
O EBV pode causar uma gama de doenças neurológicas com ou sem estigmas de mononucleose infecciosa.[9]
A dor e a fraqueza podem indicar a presença de radiculopatia por EBV, especialmente em pacientes imunocomprometidos.
Citomegalovírus
O CMV é um herpes-vírus beta amplamente presente que infecta a maioria dos seres humanos. Em pessoas com sistemas imunológicos normais, a infecção por citomegalovírus (CMV) frequentemente é assintomática ou se manifesta como uma síndrome do tipo mononucleose infecciosa (febre, linfadenopatia e linfocitose atípica). Em pacientes imunocomprometidos (pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida [AIDS] e receptores de transplante), a doença se manifesta com febre, supressão da medula óssea e doença com invasão de tecido, como pneumonia, hepatite, colite, nefrite e retinite.
Dor e fraqueza podem indicar a presença de radiculopatia por CMV, especialmente em pacientes com AIDS.
Doença de Lyme
A doença de Lyme é causada pela infecção por Borrelia. Os pacientes podem apresentar um padrão de mononeurite múltipla ou polirradicular.
Hanseníase (lepra)
A hanseníase é causada pela Mycobacterium leprae.[10] Ela é incomum em países desenvolvidos, mas pode ser considerada em pacientes provenientes de uma área endêmica.
Associada a antibióticos
Um caso-controle com ninhos constatou que o uso sistêmico atual de fluoroquinolonas aumentou o risco de neuropatia periférica em 47%, contribuindo para 2.4 casos adicionais por 10,000 pacientes-anos de uso.[11]
Doença inflamatória
Sarcoidose
A etiologia é desconhecida. No entanto, vários fatores foram sugeridos, inclusive causas genéticas, imunológicas e infecciosas (por exemplo, vírus, Borrelia burgdorferi, Propionibacterium acnes, Mycobacterium tuberculosis e Mycoplasma).[12]
Síndrome de Sjögren
É um distúrbio autoimune e inflamatório crônico caracterizado pela diminuição da secreção das glândulas salivares e lacrimais (complexo seco).[13] A etiologia é desconhecida. Há poucos dados sobre a hereditariedade ou o risco genético relativo. A prevalência maior em mulheres levantou a possibilidade de a deficiência de estrogênio e/ou androgênio influir na etiologia dessa e de outras doenças autoimunes.
Artrite reumatoide
É a artrite inflamatória mais comum, caracterizada por artrite simétrica das articulações pequenas das mãos e pés. A etiologia é desconhecida, mas várias causas genéticas e infecciosas foram sugeridas.
Polineuropatia sensório-motora desmielinizante adquirida
Supõe-se que a etiologia seja autoimune. As biópsias de nervo dos pacientes dão suporte à função da imunidade celular. Não existem fatores de risco genéticos ou ambientais claramente definidos.
Relacionada à neoplasia
A malignidade pode afetar o plexo, os nervos individuais e as raízes nervosas de várias maneiras.
Radiculopatia lombossacral compressiva neoplásica
A radiculopatia lombossacral é causada pela compressão direta por uma malignidade. É geralmente metastática e pode ocorrer agudamente. Deverá ser considerada em qualquer paciente com uma malignidade primária conhecida.
Plexopatia lombossacral compressiva neoplásica
A plexopatia lombossacral é causada pela compressão direta por uma malignidade. Principalmente em decorrência de extensão intra-abdominal, mas o crescimento de metástases também é uma possibilidade.
Plexopatia induzida por radiação
A radiação pode provocar isquemia localizada e fibrose por causa de insuficiência microvascular.
Linfoma
Um grupo heterogêneo de malignidades do sistema linfoide. Está ligado a causas infecciosas por bactérias e vírus, distúrbios autoimunes, estados de imunodeficiência e fatores ambientais.
Amiloidose
É uma doença de depósito de proteína amiloide que pode ter uma causa primária ou ser secundária a outras doenças. Ela pode ser localizada, sistêmica, hereditária, sistêmica senil ou amiloidose associada à diálise.
Ataques paraneoplásicos mediados imunologicamente
A autoimunidade induzida pelo tumor contra o sistema nervoso pode causar plexopatia lombossacral.
Tumores da bainha nervosa
Uma variedade de tumores; o neurofibrossarcoma é provavelmente a complicação com risco de vida mais importante da neurofibromatose do tipo 1.
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