Considerações de urgência

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Na maioria dos lactentes saudáveis, a saturação do oxigênio sobe para >90% com 10 minutos de idade.[5] Todos os casos de cianose neonatal que persistem após os primeiros 10 minutos pós-parto requerem atenção imediata. A maioria dos casos de cianose neonatal persistente se deve a causas cardiopulmonares que exigem intervenção rápida com o objetivo de manter a saturação de oxigênio >90%.

  • A administração de oxigênio deve ocorrer antes da avaliação da causa subjacente.

  • A saturação de oxigênio deve ser mantida >90%, exceto na presença de lesões cardíacas cianóticas (o que aumenta o risco de excesso de circulação pulmonar, em que uma faixa alvo de 75% a 85% normalmente é recomendada).[6][7][8]​​​​

  • Deve-se considerar a ventilação assistida para todos os lactentes com cianose grave.[9] A ventilação por pressão positiva efetiva deve ser priorizada nos neonatos que requererem suporte.​[10] Para os neonatos prematuros, use pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) nasal, se possível, em vez de ventilação invasiva.​[9] Não há evidências suficientes para sugerir ou posicionar-se contra o uso do dióxido de carbono exalado para orientar a ventilação por pressão positiva intermitente não invasiva (com máscaras faciais, vias aéreas supraglóticas ou cânulas nasais) em lactentes imediatamente após o nascimento.[11]

Neonatos prematuros podem precisar da administração de surfactante por meio de um tubo traqueal para aumentar a complacência pulmonar.[9] A administração de surfactante é essencial para tratar a síndrome do desconforto respiratório.[12]

Deve-se estabelecer acesso vascular para infusão de medicamentos e/ou fluidos:

  • Fluidos e vasopressores (dopamina, dobutamina ou adrenalina [epinefrina]) devem ser administrados para hipotensão e choque.

  • Antibióticos devem ser administrados se houver evidência de sepse (veja abaixo) ou pneumonia.

  • Deve-se administrar infusão de alprostadil (prostaglandina E1) para manter a permeabilidade do canal arterial em caso de suspeita de cardiopatias congênitas ducto-dependentes.

A administração de alprostadil como infusão intravenosa é uma medida salva-vidas para lactentes com lesões cardíacas cianóticas ducto-dependentes. Por isso, o tratamento deve ser iniciado sem demora se essa causa for suspeita, tendo em mente que a administração de alprostadil pode provocar apneia.

Hipoglicemia e hipocalcemia sintomáticas devem ser corrigidas com administração intravenosa de glicose ou cálcio, já que essas condições podem provocar apneia (com ou sem convulsões).

Lactentes cianóticos com suspeita de cardiopatia congênita devem ser transferidos para um centro de atenção terciária para manejo e tratamento apropriados com septostomia por balão e/ou cirurgia se necessário. Lactentes com hipertensão pulmonar grave devem ser encaminhados para um centro equipado com óxido nítrico.

Sepse

A cianose pode ser um sintoma manifesto de sepse. A sepse é um espectro de doença na qual existe uma resposta sistêmica e desregulada do hospedeiro a uma infecção.[13]​ A apresentação varia desde sintomas sutis e inespecíficos (por exemplo, indisposição com temperatura normal) a sintomas graves com evidências de disfunção de múltiplos órgãos e choque séptico. Os pacientes podem apresentar sinais de taquicardia, taquipneia, hipotensão, febre ou hipotermia, enchimento capilar lentificado, pele manchada ou pálida, cianose, estado mental recém-alterado, débito urinário reduzido.[14] A sepse e o choque séptico são emergências médicas.

Os fatores de risco para sepse incluem: idade inferior a 1 ano, imunidade prejudicada, cirurgias ou outros procedimentos invasivos recentes, qualquer violação da integridade da pele e acessos ou cateteres venosos.[14]

O reconhecimento precoce da sepse é essencial porque o tratamento precoce melhora os desfechos.[14][15][Evidência C]​​​​ Contudo, a detecção pode ser desafiadora porque o quadro clínico da sepse pode ser sutil e inespecífico. Portanto, é importante um limiar baixo para se suspeitar de sepse. A chave para o reconhecimento precoce é a identificação sistemática de qualquer paciente que tenha sinais ou sintomas sugestivos de infecção e esteja em risco de deterioração devido à disfunção orgânica. Foram desenvolvidos critérios para identificar sepse e choque séptico em crianças e jovens menores de 18 anos.​​[16]​ Existem várias outras abordagens de estratificação de risco. Todas contam com uma avaliação clínica estruturada e o registro dos sinais vitais do paciente.[14][16][17][18]​​​​​​​​​[19]​ É importante consultar as orientações locais para obter informações sobre a abordagem recomendada pela sua instituição. A cronologia das investigações e tratamentos deve ser orientada por essa avaliação inicial.[19]

A Surviving Sepsis Campaign produziu diretrizes de tratamento que constituem ainda hoje o padrão mais amplamente aceito.[15] Na primeira hora:[15]

  • Siga os protocolos institucionais para o manejo da sepse/choque séptico em neonatos; eles melhoram a velocidade e confiabilidade do atendimento

  • Obtenha hemoculturas antes de administrar antibióticos (desde que isso não protele substancialmente a administração de antibióticos)

  • Administre antibióticos de amplo espectro

  • Administre cristaloides, ajustados pelos sinais clínicos de débito cardíaco e interrompidos se houver evidências de sobrecarga de volume. Consulte os protocolos locais.

Use as tendências dos níveis sanguíneos de lactato para orientar a ressuscitação. Se a hipotensão da criança for refratária à ressuscitação fluídica, considere o uso de vasopressores.[15]

Para obter mais informações sobre sepse, consulte Sepse em adultosSepse em crianças.

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