Etiologia

A etiologia subjacente não é clara. Estudos indicam que a parte anterior do giro do cíngulo, o córtex insular e a amígdala tenham atividade acentuada em muitas síndromes de dor crônica, incluindo as síndromes observadas na dor pélvica crônica.[10] Abuso sexual ou trauma em uma idade suscetível também induzem a uma desregulação dessas estruturas cerebrais.

A dor parece se disseminar de um sistema de órgãos a outro por meio de um processo de alodinia mediada centralmente sem patologia de órgão-alvo. Essas características indicam que a desregulação do lobo límbico pode ser responsável por muitos dos aspectos da dor pélvica crônica.

Similarmente, a etiologia dos diagnósticos associados é pouco compreendida. A dor pode surgir de um ou mais órgãos, e a apresentação e a fisiopatologia que afetam cada sistema de órgãos podem ser variáveis. Uma definição de dor pélvica crônica é a dismenorreia, com duração de pelo menos 6 meses, a qual causa limitação da atividade. Esse tipo de dor ginecológica cíclica pode representar adenomiose ou miomas, ambos sendo disfunções do próprio útero.

Frequentemente, a endometriose é considerada como sendo o resultado de menstruação retrógrada, mas o estágio da endometriose não tem correlação com a intensidade da dor.[11][12] Uma hipótese mais nova é que estressores causam uma desregulação neuroimune, permitindo que o processo normal de menstruação retrógrada se desenvolva em implantes de endometriose sensitivamente inervados por meio da produção peritoneal de fator de crescimento nervoso.

A adenomiose é uma variável da endometriose e também pode ocorrer em decorrência da nidação anormal do tecido endometrial por meio de mecanismos desconhecidos de transporte ou durante a gestação.[13]

Fisiopatologia

A fisiopatologia subjacente ao desenvolvimento da dor crônica é desconhecida. A hipótese de dor pélvica associada ao sistema límbico é designada como responsável por muitas das características observadas nesses pacientes.

Essa síndrome representa um estado de hipervigilância para a dor devido à hiperatividade da estrutura límbica, especialmente a amígdala e o córtex cingulado anterior. Isso induz a uma atenção focada sobre um ou mais locais na pelve (normalmente, um músculo ou um órgão muscular), que respondem por se tornarem geradores de dor. Isso então induz o sistema límbico a aumentar a vigilância sobre dor na área, o que reforça a dor e pode dissemina-la para órgãos adjacentes.[14]

A maior parte dos órgãos envolvidos na geração da dor não tem mudança patológica significativa ou detectável.[10]

Para algumas condições associadas, as mudanças patológicas no órgão-alvo são demonstráveis.

  • A endometriose é definida pela presença de glândulas e estoma endometriais fora do revestimento uterino.

  • A adenomiose é definida pela presença de glândulas e estoma endometriais dentro da parede uterina.

  • Na cistite intersticial, pode haver rupturas na camada de glicosaminoglicanos da bexiga, expondo a mucosa subjacente à urina. Uma variedade de outras alterações podem ser inconsistentemente demonstradas no epitélio e na parede da bexiga.[15]

  • A síndrome do intestino irritável pode representar uma desregulação do plexo neuronal entérico, potencialmente envolvendo receptores de serotonina.[16]

  • A fibromialgia e a vulvodinia não demonstram achados patológicos consistentes, mas parecem apresentar um meio neuronal local desordenado.[17]

  • Na síndrome da congestão pélvica, o excesso de fluxo sanguíneo para o útero produz uma sensação de peso. Se isso existe como uma entidade separada é um fato controverso.[18]

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