Etiologia
Os patógenos bacterianos mais comuns na conjuntivite infecciosa incluem Pneumococcus, Staphylococcus aureus, Moraxella catarrhalis e Haemophilus influenzae.[18][19][20][21]
Raramente, a Neisseria gonorrhoeae causa uma conjuntivite purulenta hiperaguda; o organismo é transmitido da genitália para as mãos, e daí para os olhos.[22]A Chlamydia é uma causa comum de conjuntivite persistente.[1][18][23]
A conjuntivite viral pode ser causada por adenovírus, herpes simples, Epstein-Barr, varicela-zóster, molusco contagioso, coxsackie, sarampo, caxumba, rubéola, zika, COVID-19, varíola símia e enterovírus.[1] O adenovírus é a causa mais comum, relatado em 65% a 90% dos casos de conjuntivite viral.[24][25] A conjuntivite adenoviral geralmente causa ceratoconjuntivite epidêmica, conjuntivite folicular e conjuntivite inespecífica.[26][27] A conjuntivite viral é altamente contagiosa, disseminada pelo contato direto com pessoas ou superfícies contaminadas expostas a secreções.[21][28][29]
O uso de lentes de contato pode causar ceratoconjuntivite ou conjuntivite papilar de células gigantes devido à substituição infrequente das lentes, tempo prolongado de uso, higiene insuficiente da lente, soluções para lentes de contato alergênicas, conteúdo de natureza iônica ou com grande quantidade de água, ou mal encaixe das lentes de contato.[1]
A conjuntivite mecânica pode ser causada por irritação conjuntival crônica, especialmente durante o sono. Geralmente, é causada pela síndrome da pálpebra flácida, que está associada à obesidade, apneia do sono, frouxidão da pálpebra superior e imbricação palpebral (sobreposição da pálpebra superior à pálpebra inferior).
A conjuntivite tóxica/química é causada por irritação da conjuntiva pela exposição ambiental a produtos químicos (incluindo ácidos e bases). Alguns medicamentos para os olhos (como medicamentos para glaucoma, antibióticos e antivirais) contêm o conservante cloreto de benzalcônio, que pode se acumular na conjuntiva após administração frequente, resultando potencialmente em ceratoconjuntivite tóxica.[30]
O penfigoide cicatricial ocular (um subtipo de penfigoide de membranas mucosas) pode se desenvolver a partir de uma predisposição genética ou como resposta a certos medicamentos tópicos, como idoxuridina, pilocarpina, adrenalina, timolol e iodeto de ecotiopato.
A conjuntivite neoplásica é causada por um carcinoma de glândula sebácea; radioterapia secundária também pode induzir uma conjuntivite crônica. A conjuntivite neoplásica também pode ser causada por neoplasia escamosa da superfície ocular, linfoma conjuntival e melanoma.[1][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Conjuntivite bacterianaDo acervo de Mr Hugh Harris; usado com permissão [Citation ends].
Há várias causas raras de conjuntivite, algumas com fatores predisponentes específicos ou características associadas:[1][31][32][33][34][35][36][37]
Ceratoconjuntivite límbica superior (CLS): paciente normalmente do sexo feminino, com olhos cronicamente vermelhos e irritáveis e testes de função tireoidiana anormais; a condição pode estar presente durante vários anos; olho seco e disfunção das glândulas meibomianas, doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) ocular, uso de lentes de contato
Blefaroconjuntivite: há blefarite crônica com exacerbações agudas da hiperemia conjuntival; pode haver um componente infeccioso, por exemplo, Staphylococcus ou Demodex (ácaros)
Ceratoconjuntivite seca: síndrome do olho seco
Conjuntivite por rosácea: a rosácea pode ter manifestações oculares, inclusive olho vermelho e irritação
Síndrome do fórnice gigante: uma causa rara de conjuntivite em mulheres idosas (da oitava à décima década), em que há um fórnice superior aumentado e conjuntivite purulenta crônica recorrente
Fitiríase palpebral: infestação das margens da pálpebra pelo piolho-caranguejo (Phthirus pubis)
Conjuntivocálase: presença de tecido conjuntival frouxo ou redundante, possivelmente após cirurgia ocular; pode levar ao olho seco e disfunção das glândulas meibomianas
Mediada imunologicamente: penfigoide cicatricial ocular (um subtipo de penfigoide de membranas mucosas), doença do enxerto contra o hospedeiro, síndrome de Stevens-Johnson/necrólise epidérmica tóxica, doença ocular tireoidiana e vasculite são causas mediadas imunologicamente de conjuntivite
Conjuntivite lenhosa: uma rara doença pseudomembranosa de membranas mucosas
Doença da superfície ocular associada ao dupilumabe: os efeitos adversos oculares relatados incluem conjuntivite, olhos secos e blefarite
Síndrome oculoglandular de Parinaud: febre, linfadenopatia regional e conjuntivite folicular; pode ocorrer em pacientes com infecção por Bartonella (doença por arranhadura do gato)
Síndrome da pesca de muco: pode ser causada por trauma mecânico e doença associada que causa irritação (por exemplo, olho seco, conjuntivite alérgica ou blefarite).
Fisiopatologia
A conjuntiva contém epitélio escamoso não queratinizante e uma substância própria fina ricamente vascularizada. A conjuntiva também tem glândulas lacrimais acessórias e células caliciformes.
A conjuntivite alérgica é causada por uma reação de hipersensibilidade de tipo I a um alérgeno. O alérgeno se une a um mastócito e ocorre uma ligação cruzada com a imunoglobulina E (IgE), causando degranulação do mastócito e iniciação de uma cascata inflamatória.[8] Os mediadores liberados incluem histamina, triptase, leucotrienos e prostaglandinas. A fase inicial da cascata alérgica dura cerca de 20 a 30 minutos, com os mediadores causando prurido, aumento da permeabilidade vascular, vasodilatação, vermelhidão e hiperemia conjuntival. A fase final começa várias horas depois, com infiltração de células inflamatórias como neutrófilos, linfócitos, basófilos e eosinófilos.[38]
A conjuntivite infecciosa decorre da redução das defesas do hospedeiro e da contaminação externa.[39] Patógenos infecciosos podem invadir a partir de locais adjacentes ou por transmissão sanguínea, e se replicar dentro das células da mucosa conjuntiva. Infecções bacterianas e virais iniciam uma cascata inflamatória leucocítica ou linfocítica, levando à atração de leucócitos e eritrócitos para a área. Esses leucócitos atingem a superfície da conjuntiva e se acumulam ali, movendo-se facilmente através dos capilares dilatados e altamente permeáveis.
Classificação
Padrões de prática preferidos do American Academy of Ophthalmology[1]
Conjuntivite alérgica
Ceratoconjuntivite atópica
Conjuntivite alérgica sazonal/perene
Conjuntivite primaveril
Conjuntivite bacteriana
Conjuntivite bacteriana gonocócica (hiperaguda)
Conjuntivite bacteriana não-gonocócica
Conjuntivite por clamídia
Síndrome oculoglandular de Parinaud
Conjuntivite viral
Conjuntivite adenoviral
Conjuntivite herpética (vírus do herpes simples e vírus da varicela-zóster)
Molusco contagioso
Sarampo, caxumba e rubéola
Vírus Epstein-Barr
Zika
COVID-19
Varíola símia
Conjuntivite mecânica/irritativa/tóxica
Ceratoconjuntivite límbica superior (CLS)
Blefaroconjuntivite
Ceratoconjuntivite seca (olho seco)
Conjuntivite por rosácea
Ceratoconjuntivite relacionada a lentes de contato
Conjuntivite papilar gigante
Síndrome da pálpebra flácida
Síndrome do fórnice gigante
Cetaconjuntivite induzida por medicamentos ou conservantes
Calase conjuntival
Doença da superfície ocular associada ao dupilumabe
Conjuntivite mediada imunologicamente
Penfigoide de membranas mucosas oculares (PMMO)
Doença do enxerto contra o hospedeiro
Síndrome de Stevens-Johnson/necrólise epidérmica tóxica
Oftalmopatia por doença de Graves
Vasculite
Neoplásica
Carcinoma sebácea
Neoplasia escamosa da superfície ocular
Melanoma
Linfoma conjuntival
Outra
Conjuntivite lenhosa
Fitiríase palpebral (Phthirus pubis)
Conjuntivite factícia
Síndrome da pesca de muco
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal