Abordagem

As pessoas com lesões elétricas requerem avaliação imediata das vias aéreas, respiração e circulação. Elas devem ser tratadas como um paciente de trauma múltiplo com imobilização da coluna cervical pelo menos até que a extensão completa das lesões seja quantificada.[19]​ Antes de determinar a condição cardiorrespiratória do paciente, a pessoa que o socorrer deve primeiramente se certificar de que não há mais perigo de lesão elétrica para permitir um ambiente seguro para a avaliação.[20]

Exceto nos casos de parada cardíaca súbita, os raios geralmente não resultam em lesões imediatas que representem um risco à vida de uma pessoa.[19]​ Isto implica que os indivíduos que não tiverem sofrido uma parada cardíaca quando os serviços de emergência chegarem terão pouca probabilidade de morrer na próxima hora. Portanto, deve ser dada prioridade à administração de reanimação e intervenção médica àqueles que inicialmente se presumir estarem mortos.[30]

A maioria dos pacientes não apresentará sequelas da lesão elétrica de baixa voltagem em cenários não industriais, podendo receber alta após o exame físico e o eletrocardiograma (ECG) serem avaliados como normais.

Pacientes com perda da consciência, alterações persistentes no ECG e lesões secundárias significativas devem ser hospitalizados.[23] Cuidados de suporte padrão são necessários.[19]

Se a pessoa sofrer uma lesão por um dispositivo eletrônico de controle (por exemplo, Taser), o tratamento é essencialmente o mesmo que o para todas as lesões elétricas. Ocasionalmente, o dardo usado para aplicar o choque ou a queda resultante podem causar lesões adicionais, as quais devem ser avaliadas.[14]

Arritmias

As pessoas com arritmias que oferecem risco à vida devem ser tratadas de maneira apropriada com os protocolos padrão de ACLS.[31][32]​​ As pessoas de alto risco, como aquelas com alterações no ECG, perda da consciência e/ou lesões por alta tensão, ainda serão orientadas a permanecerem sob monitoramento durante 24 horas.[33]​ As pessoas com alterações no ECG devem ser monitoradas por um mínimo de 6 horas após a lesão. As pessoas com leituras do ECG consistentemente anormais devem ser internadas para monitoramento continuado.[34]

As pessoas com parada cardíaca e lesão cerebral anóxica secundária podem ser candidatas para hipotermia direcionada controlada.[35][36]​​​​ As diretrizes recomendam que os pacientes adultos comatosos com retorno da circulação espontânea recebam tratamento com hipotermia controlada, obtido pela seleção e manutenção de uma temperatura constante entre 32 °C e 37.5 °C (89.6 °F e 99.5 °F) por, no mínimo, 24 horas.[31][32]​​[37]

Queimaduras

Quando possível, as queimaduras cutâneas devem ser colocadas sob água corrente fria ou morna, de preferência durante 20 minutos.[38] Sabão simples ou neutro pode ser usado para limpar pequenas lesões por queimadura. Depois disso, as lesões podem ser cobertas com curativos simples e limpos, mas não necessariamente estéreis. Filme plástico pode ser usado como curativo temporário, por ser barato, amplamente disponível e permitir posterior reexame através do curativo. É necessária uma discussão inicial com a equipe local especializada em queimaduras para decidir se há necessidade de cirurgia de emergência ou transferência.

As queimaduras puramente elétricas ou queimaduras por chamas derivadas de roupas tendem a ser de dérmicas profundas a de espessura total e, provavelmente, precisarão de intervenção cirúrgica em algum momento. As "flash burns" derivadas de arcos elétricos têm natureza térmica e, geralmente, são superficiais.

A fluidoterapia intravenosa deve ser administrada, mas não há diretrizes claras sobre a quantidade, já que a "regra dos nove" não abrange o dano tecidual subjacente na lesão elétrica.[39] Ressuscitação fluídica é orientada pela pressão arterial, frequência do pulso, débito urinário, nível de consciência e monitoramento da pressão venosa central se apropriado.

A história de imunização antitetânica deve ser verificada e, caso a pessoa não tenha sido imunizada, devem-se considerar a vacinação e a imunoglobulina antitetânicas.[40]

Lesão dos membros

Fraturas e luxações devem ser tratadas de maneira apropriada.

O membro deve ser avaliado para síndrome compartimental e deve ser realizada a intervenção cirúrgica precoce com fasciotomia/escarotomia ou amputação de um membro não viável.[29][41]​ Consulte Síndrome compartimental de membros (tratamento).

Se houver rabdomiólise, deve-se administrar fluidoterapia intravenosa a uma taxa que garanta um débito urinário de, no mínimo, 1 mL/kg/hora. O tratamento definitivo para casos de rabdomiólise grave pode requerer terapia renal substitutiva.[26]

Lesões neurológicas

Lesões na medula espinhal ou cranianas devem receber cuidados neurológicos apropriados.

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