Abordagem

As pessoas podem procurar atendimento imediatamente após a lesão, ou mais tardiamente, com complicações neurológicas ou cardíacas.

As pessoas com lesão elétrica devem ser avaliadas como um paciente de trauma múltiplo. Avaliação das vias aéreas, respiração e circulação, e imobilização da coluna devem ser realizadas como parte de uma busca primária. Antes de se determinar a condição cardiorrespiratória da pessoa, o socorrista deve primeiramente certificar-se de que não há mais perigo de choque para permitir um ambiente seguro para a avaliação.[20]

História

No caso de uma lesão imediata, a história referente ao evento é fundamental. É importante determinar se o paciente perdeu a consciência em algum momento.

Se o paciente estiver alerta, deve ser obtida uma descrição completa do evento. Isso deve incluir:

  • A natureza do contato elétrico

  • Se a voltagem era alta ou baixa, ou se foi por raio

  • A duração do contato

  • O tempo decorrido desde o momento da lesão.

Se o paciente estiver inconsciente, essas informações devem ser obtidas da equipe de serviços de emergência ou de testemunhas. A possibilidade de lesão associada deve ser determinada perguntando onde o paciente foi encontrado ou se ele estava trabalhando afastado do chão.

Exame

Em alguns casos, o exame físico pode ser completamente normal. Deve-se suspeitar de hipotermia quando o momento exato da lesão for desconhecido ou se a pessoa tiver permanecido imóvel no chão por mais de alguns minutos. Nesses casos, a medida da temperatura central é importante.

O exame físico deve incluir uma busca primária por lesões com risco à vida, seguida por uma avaliação secundária da cabeça aos pés. Um membro lesionado pode não apresentar nenhum sinal externo de lesão ou pode exibir sinais mínimos de lesão elétrica. A porcentagem de queimaduras superficiais pode não ter nenhuma relação com o dano tecidual subjacente, e a regra dos nove deve ser usada com cautela. Lesões teciduais profundas nos membros podem causar edema e subsequente síndrome compartimental. Essa suspeita deve ser verificada e devidamente tratada sem demora. O cólon e o intestino delgado são os órgãos viscerais mais prejudicados. O desenvolvimento de uma síndrome compartimental abdominal secundária a uma lesão elétrica pode ser catastrófico.[21]

Pacientes podem apresentar um estado mental alterado. Isso pode ser decorrente do efeito direto da eletricidade no cérebro, um resultado de anoxia devido a uma arritmia cardíaca ou um resultado de trauma secundário.

A ceraunoparalisia (paralisia induzida por raio) é uma paralisia transitória e reversível, que está associada a distúrbios sensitivos e à vasoconstrição periférica em vítimas atingidas por raios.[19][22]

Investigação

Em muitos países, os sistemas modernos de serviços de emergência e a disponibilidade de desfibriladores externos automáticos (DEAs) podem permitir a avaliação e o tratamento das disritmias cardíacas no cenário pré-hospitalar.

Ao chegar ao hospital, o monitoramento cardíaco imediato é fundamental para a análise do ritmo e monitoramento.

Um eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações deve ser realizado imediatamente. Alterações inespecíficas no segmento ST-T são comuns. Fibrilação atrial é a arritmia mais comum.[23]

Devem ser realizados hemograma completo, eletrólitos séricos, testes da função hepática, ureia, creatinina, creatina quinase e urinálise para mioglobina. Uma prova cruzada e coagulogramas devem ser solicitados se o paciente apresentar instabilidade hemodinâmica e suspeita de lesões internas. A troponina deve ter preferência como marcador de lesão cardíaca mais específico.

Se houver suspeita de síndrome compartimental, as pressões dos compartimentos podem ser medidas no pronto-socorro. Isto pode ser particularmente útil para uma pessoa inconsciente.

Um exame toxicológico da urina para verificar concentrações de drogas ilícitas e álcool no sangue pode ser indicado, porque o uso concomitante de substâncias químicas pode contribuir com o acidente.[24]

Exames de imagem

Uma radiografia torácica para avaliação de edema pulmonar "relâmpago", secundário a uma disfunção cardíaca, pode ser útil. Outros exames de imagens podem ser necessários a depender das lesões secundárias. Uma tomografia computadorizada (TC) de crânio deve ser realizada se houver suspeita de traumatismo cranioencefálico. Uma ressonância nuclear magnética cranioencefálica é recomendada após a avaliação inicial com TC de crânio para uma avaliação mais completa do traumatismo cranioencefálico, e com um papel prognóstico no coma por anoxia.[25]

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