Abordagem

As ictioses incluem uma variedade de doenças e, consequentemente, os tratamentos variam de forma considerável.

Para as ictioses hereditárias, a base da terapia costuma incluir emolientes ou ceratolíticos tópicos. Retinoides tópicos e sistêmicos podem ser úteis na redução da descamação.

O tratamento de ictiose adquirida tem como foco o manejo sintomático, aliado à cessação e/ou substituição de medicamentos que possam estar causando a doença, ou a otimização do manejo de doenças subjacentes. O manejo sintomático inclui apenas o uso de emolientes ou de emolientes com umectantes e/ou ceratolíticos.[23]

Convém observar que as terapias citadas a seguir se referem às ictioses mais comuns que não apresentam um envolvimento sistêmico significativo. As ictioses sindrômicas variam consideravelmente quanto ao defeito subjacente. Além disso, uma revisão detalhada da terapia de cada uma dessas doenças foge ao escopo desta revisão.

Bebê colódio

A membrana esticada e com aspecto de celofane que às vezes cobre os neonatos com ictiose congênita autossômica recessiva pode ser tratada com medidas conservadoras, incluindo hidratação agressiva com uma câmara de umidificação e lubrificação tópica com vaselina (petrolato). Com essas medidas, a membrana descamará gradualmente ao longo de várias semanas. É importante realizar um monitoramento rigoroso quanto a infecções e distúrbios eletrolíticos. Garantir a ingestão calórica adequada também é essencial, e alguns bebês podem precisar de tubo de alimentação.[24]

Ictiose vulgar e ictiose ligada ao cromossomo X

As 2 ictioses primárias comuns são a ictiose vulgar e a ictiose ligada ao cromossomo X. A intensidade da doença nesses 2 grupos de pacientes tende a ser mais leve em comparação com as outras ictioses.

O tratamento tem como objetivo aumentar a hidratação da epiderme. O procedimento é aumentar a quantidade de água na pele por meio de banhos e aumentar a umidade no ambiente. Para manter essa hidratação elevada, é necessária a aplicação regular de emolientes.[25][26]

A vaselina (petrolato) funciona bem como emoliente. A adição de umectantes (compostos higroscópicos) às preparações pode ser usada para aumentar a capacidade de ligação da pele à água. Os umectantes comuns incluem a ureia e o lactato de amônio.

A descamação pode ser tratada com a aplicação de preparos com alfa e beta-hidroxiácidos (por exemplo, ácido glicólico ou ácido salicílico), que atuam como agentes ceratolíticos para destruir as escamas.[25][26]

Ictiose congênita autossômica recessiva (fenótipo lamelar)

Geralmente, a descamação presente na ictiose lamelar é muito mais espessa que aquela existente nas ictioses primárias mais comuns e pode justificar uma terapia mais agressiva.

Além do uso direto de emolientes, como a vaselina (petrolato), a ictiose lamelar pode melhorar com a adição de preparos de uso tópico especialmente formulados que combinem ceratolíticos com umectantes.[27]

Os retinoides tópicos também foram relatados como eficazes no tratamento da ictiose lamelar e podem ser usados em associação com as terapias mencionadas anteriormente.[28] Como a irritação é um efeito adverso comum, os retinoides tópicos geralmente só serão considerados como uma terapia adjunta quando o uso isolado de hidratantes, umectantes e ceratolíticos não for suficiente para controlar a doença.

Os retinoides orais constituem um tratamento de segunda linha muito eficaz para a ictiose lamelar. Com o devido acompanhamento, eles apresentam um perfil de efeito adverso em longo prazo relativamente bem definido e seguro.[29] Isso envolve avaliação laboratorial regular para monitorar os lipídios de jejum e as enzimas hepáticas.[30]

Ictiose epidermolítica

As terapias de primeira linha para a doença mais leve (que apresenta fina descamação sem irritação significativa ou supercrescimento bacteriano) incluem o uso exclusivo de emolientes; ceratolíticos e umectantes poderão ser adicionados quando o uso isolado de emolientes tópicos não controlar a doença.[25][26]

Os retinoides sistêmicos podem ser usados como opção de segunda linha, mas devem ser iniciados em doses baixas, com acompanhamento clínico semanal, pois podem surgir bolhas inicialmente em alguns casos.[25][31] Todos os pacientes considerados para o tratamento com retinoides exigem atenção especial. As restrições de prescrição variam globalmente. No Reino Unido, os retinoides são prescritos somente sob a supervisão de um especialista como parte do programa revisado de prevenção de gestação (Pregnancy Prevention Programme). Nos EUA, a isotretinoína pode ser prescrita somente através do programa iPLEDGE. iPLEDGE Program Opens in new window As diretrizes locais sempre devem ser seguidas.

Comparadas com as outras ictioses, a hiperceratose e as escamas espiniformes de pacientes com ictiose epidermolítica tendem a ser mais propensas ao supercrescimento bacteriano e ao consequente mau odor. Os banhos de banheira com água sanitária diluída na água (1 quarto de xícara para uma banheira cheia), sabonetes antibacterianos e o uso tópico de antibióticos (mupirocina) para diminuir a contagem bacteriana podem ajudar a reduzir a colonização bacteriana da pele. O odor também pode ser mascarado com perfumes e desodorantes.[25]

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