Abordagem

Nos casos de síndrome compartimental aguda dos membros, a fasciotomia é necessária de modo emergencial.[25] Se uma demora no diagnóstico levar a necrose muscular significativa, pode ser necessária amputação. Isso é melhor feito em um procedimento por etapas após consenso multidisciplinar e discussão com o paciente.

Síndrome compartimental aguda

Em casos de alto índice de suspeita, são necessárias medidas imediatas para se fazer um diagnóstico rápido e preciso e para prevenir complicações. Gesso ou bandagens oclusivas devem ser completamente rompidos, e o acolchoamento ou curativos circunferenciais devem ser afrouxados.[20]​ Se os sintomas não forem aliviados com a remoção, é indicada a fasciotomia.[20]

As medidas de suporte incluem a analgesia e os fluidos. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) podem ser efetivos. A analgesia controlada pelo paciente, seja com morfina ou com outro analgésico opioide, costuma ser efetiva. Os pacientes também devem receber quantidades adequadas de líquidos. Nos casos de rabdomiólise, pode ser indicado bicarbonato de sódio para alcalinização da urina. A mioglobina é tóxica para os túbulos renais em uma urina acidífera, e alguns especialistas recomendam o uso concomitante de bicarbonato de sódio intravenoso para alcalinizar a urina e prevenir a cristalização do ácido úrico. Algumas evidências sugerem que um pH urinário >6.0 é protetor.[30][31]​​​​​​ Isso é difícil de atingir sem o uso de grandes quantidades de bicarbonato e, embora alguns especialistas possam recomendar a alcalinização da urina, os benefícios de seu uso carecem de suporte baseado em evidências robustas.[31][32][33]​​​​​​[34]​​ Os protocolos europeus citam evidências clínicas limitadas para respaldar a terapia com bicarbonato.[35]​ Caso seja tomada a decisão clínica para uma tentativa de alcalinização da urina, deve-se considerar a consulta com um farmacêutico para determinar as combinações intravenosas adequadas a um tratamento continuado. Os pacientes com anuria que não responderem à hidratação podem exigir hemodiálise.[36] Consulte Rabdomiólise.

Fasciotomia

Quando o diagnóstico clínico estiver claro, faz-se necessária a fasciotomia completa de todos os compartimentos com pressões elevadas.​[7][20][25]​​​ A fasciotomia realizada em até 6 horas a partir do início da síndrome compartimental, se comparada à fasciotomia realizada >6 horas, resulta em menores índices de amputações e menos mortes relacionadas à síndrome compartimental dos membros inferiores.[25][37]​​ Para as fasciotomias do membro inferior, geralmente é recomendado realizar uma descompressão em quatro compartimentos com duas incisões.[17][20]​​​​ No entanto, a American Academy of Orthopedic Surgeons recomenda que a técnica de fasciotomia (por exemplo, uma vs. duas incisões, locais das incisões) é menos importante do que conseguir a descompressão completa dos compartimentos do membro afetado.[6]​ Se uma abordagem de duas incisões for escolhida para a síndrome compartimental dos membros inferiores, a incisão lateral descomprime os compartimentos anterior e lateral, enquanto a incisão medial descomprime os compartimentos posteriores superficiais e profundos.

O comprimento da incisão cutânea afeta a descompressão fascial no membro com síndrome compartimental aguda. Incisões longas não causam morbidade adicional significativa e não têm maior influência sobre a taxa de complicações ou sobre o resultado funcional. Além disso, elas reduzem o risco da pele em excesso agir como um invólucro para o compartimento. O músculo necrótico deve ser excisado.[20]

Evidências limitadas sugerem que é improvável que a realização de fasciotomia seja útil nos pacientes com evidência de dano intracompartimental (neuromuscular/vascular) irreversível.[6]​ A estabilização da fratura, se necessária nestes pacientes, deve utilizar uma técnica (fixação externa/engessamento) que não viole o compartimento.[6]

Após a fasciotomia, devem-se considerar as seguintes medidas:[25]

  • O cuidado com a ferida operatória, que é importante para prevenir o risco secundário de infecção e para identificar a tempo a presença de tecido necrótico que deve ser desbridado.

  • As feridas devem ser deixadas abertas e tratadas de forma estéril.[17]​ O fechamento precoce das feridas da fasciotomia tem sido associado à recorrência da síndrome compartimental aguda dos membros.[17][18]

  • O envolvimento precoce de um cirurgião plástico pode ser necessário para obter uma cobertura adequada dos tecidos moles.[20]

  • Repouso, analgesia, fisioterapia e terapia ocupacional (com exercícios de amplitude de movimento).

  • Evidências limitadas apoiam o uso do tratamento de feridas com pressão negativa para o tratamento das feridas de fasciotomia, a fim de se reduzir o tempo até o fechamento da ferida e a necessidade de enxerto de pele.[6]

Se uma demora no diagnóstico levar a necrose muscular significativa, pode ser necessária amputação. Isso é melhor feito em um procedimento por etapas após consenso multidisciplinar e discussão com o paciente.

Síndrome compartimental crônica por esforço

O tratamento conservador pode envolver repouso prolongado e modificação das atividades desencadeantes. AINEs podem ser bem-sucedidos se os pacientes estiverem dispostos a limitar significativamente suas atividades atléticas. A maioria dos pacientes, porém, continua com as atividades e acaba por precisar de uma fasciotomia do compartimento envolvido.[38]

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