A alcalose respiratória pode se manifestar em uma variedade de cenários clínicos. A hipocapnia, como resultado da taquipneia, é a manifestação fisiológica habitual. Ela pode ocorrer como resultado de regulações inapropriadas de ventiladores ou de causas tão distintas quanto hipóxia, aumento do estímulo respiratório central e hipertermia. Pode ainda ser aplicada para tratar afecções como hipertensão intracraniana ou hipertensão arterial pulmonar neonatais.
Pulmonar
Hipoxemia é uma PaO₂ arterial baixa. A hipoxemia por si só pode produzir alcalose respiratória, e o diagnóstico diferencial é amplo. A hipoxemia pode ser diagnosticada por oximetria de pulso ou gasometria arterial. A gasometria arterial também pode identificar um distúrbio ácido-básico concomitante. Dependendo do grau e da etiologia da hipoxemia, sua correção envolve a administração de oxigênio suplementar por cânula nasal ou máscara, a aplicação de ventilação não invasiva com pressão positiva ou intubação e ventilação mecânica com pressão expiratória final positiva. Depois da correção da hipoxemia, recomenda-se uma investigação urgente para elucidar e tratar a doença subjacente.
A hipoxemia e a hipóxia tecidual afetam os quimiorreceptores periféricos localizados nos corpos carotídeos por baixa pressão arterial de oxigênio (PaO₂) e concentração elevada de H+, respectivamente, causando hiperventilação.[49]Caruana-Montaldo B, Gleeson K, Zwillich CW. The control of breathing in clinical practice. Chest. 2000 Jan;117(1):205-25.
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Com a hipoxemia, a intensidade da resposta depende da gravidade da hipoxemia. Quando a PaO₂ cai para menos de 70 mmHg, a frequência de disparo dos quimiorreceptores e a ventilação-minuto aumentam de maneira acelerada. A exposição a altitudes elevadas pode provocar hipoxemia, a qual pode causar alcalose respiratória por meio desse mecanismo.[50]Grocott MP, Martin DS, Levett DZ, et al. Arterial blood gases and oxygen content in climbers on Mount Everest. N Engl J Med. 2009 Jan 8;360(2):140-9.
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A alcalose respiratória no cenário de vasoconstrição induzida por hipóxia; no entanto, pode agravar a oxigenação do shunt intrapulmonar e a oxigenação sistêmica.[53]Domino KB, Lu Y, Eisenstein BL, et al. Hypocapnia worsens arterial blood oxygenation and increases VA/Q heterogeneity in canine pulmonary edema. Anesthesiology. 1993 Jan;78(1):91-9.
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A hipocapnia também induz lesão pulmonar e potencializa a lesão pulmonar aguda após a reperfusão isquêmica.[54]Laffey JG, Engelberts D, Kavanagh BP. Injurious effects of hypocapnic alkalosis in the isolated lung. Am J Respir Crit Care Med. 2000 Aug;162(2 Pt 1):399-405.
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O mecanismo pode estar relacionado com a permeabilidade capilar.[54]Laffey JG, Engelberts D, Kavanagh BP. Injurious effects of hypocapnic alkalosis in the isolated lung. Am J Respir Crit Care Med. 2000 Aug;162(2 Pt 1):399-405.
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Além da hipoxemia, a estimulação dos receptores aferentes vagais nos brônquios (vias aéreas) e pulmões pode produzir taquipneia. Em pacientes com asma, os receptores de irritantes nas vias aéreas são responsáveis pela taquipneia.[55]Fujimori K, Satoh M, Arakawa M. Ventilatory response to continuous incremental changes in respiratory resistance in patients with mild asthma. Chest. 1996 Jun;109(6):1525-31.
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A própria hipocapnia, por meio de um efeito irritante e lentamente adaptando os receptores de alongamento, é um estímulo adicional à broncoconstrição no estágio precoce dos ataques asmáticos.[56]van den Elshout FJ, van Herwaarden CL, Folgering HT. Effects of hypercapnia and hypocapnia on respiratory resistance in normal and asthmatic subjects. Thorax. 1991 Jan;46(1):28-32.
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Na doença pulmonar intersticial e na fibrose, há evidências de que a carga elástica aumentada e o estímulo dos mecanorreceptores da parede torácica e dos receptores intrapulmonares induzem a taquipneia.[57]Javaheri S, Sicilian L. Lung function, breathing pattern, and gas exchange in interstitial lung disease. Thorax. 1992 Feb;47(2):93-7.
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Outras doenças pulmonares parenquimatosas que podem induzir a hipocapnia são edema pulmonar cardiogênico e edema pulmonar por grande altitude.[58]Horrobin D, Cholmondeley HG. High altitude pulmonary oedema: pathophysiology and recommendations for prevention and treatment. East Afr Med J. 1972 Apr;49(4):327-31.
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A alcalose respiratória na lesão pulmonar aguda pode ser um sinal precoce de síndrome do desconforto respiratório agudo em adultos, que precede infiltrados na radiografia torácica.[59]Trimble C, Smith DE, Rosenthal MH, et al. Pathophysiologic role of hypocarbia in post-traumatic pulmonary insufficiency. Am J Surg. 1971 Nov;122(5):633-8.
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Aceita-se de modo geral que o pneumotórax espontâneo primário pode se manifestar com alcalose respiratória, especialmente com dor, ansiedade ou hipoxemia concomitantes.[61]Sahn SA, Heffner JE. Spontaneous pneumothorax. N Engl J Med. 2000 Mar 23;342(12):868-74.
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No entanto, a hipocapnia é dependente do tamanho do pneumotórax: ocorre apenas com um grande pneumotórax >50% do volume pulmonar.[63]Manganelli D, Palla A, Donnamaria V, et al. Clinical features of pulmonary embolism: doubts and certainties. Chest. 1995;107(suppl):25S-32S.
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É comum ocorrer alcalose respiratória na embolia pulmonar (EP) e na hipertensão arterial pulmonar.[64]Kuo PC, Plotkin JS, Johnson LB, et al. Distinctive clinical features of portopulmonary hypertension. Chest. 1997 Oct;112(4):980-6.
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Na verdade, pacientes com exacerbação da doença pulmonar obstrutiva crônica (uma população com maior risco de embolia pulmonar) e alcalose respiratória relativa podem ter embolia pulmonar concomitante.[67]Davoodi M, Rezvankhah B, Gohari Moghadam K, et al. The prevalence and predicting factors of pulmonary thromboembolism in patients with exacerbated chronic obstructive pulmonary disease. Adv Respir Med. 2018 Aug 15 [epub ahead of print].
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Tradicionalmente, a alcalose respiratória ou hipocapnia terapêuticas eram aplicadas para tratar temporariamente a hipertensão arterial pulmonar neonatal.[4]Allen CH, Ward JD. An evidence-based approach to management of increased intracranial pressure. Crit Care Clin. 1998 Jul;14(3):485-95.
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Com a disponibilidade de óxido nítrico e de outros vasodilatadores, o uso da hipocapnia terapêutica em hipertensão pulmonar neonatal deve diminuir.[1]Arbus GS, Herbert LA, Levesque PR, et al. Characterization and clinical application of the "significance band" for acute respiratory alkalosis. N Engl J Med. 1969 Jan 16;280(3):117-23.
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Cardiovascular
A hipoxemia e a hipóxia tecidual afetam os quimiorreceptores periféricos localizados nos corpos carotídeos por baixa PaO₂ e concentração elevada de H+, respectivamente, causando hiperventilação.[49]Caruana-Montaldo B, Gleeson K, Zwillich CW. The control of breathing in clinical practice. Chest. 2000 Jan;117(1):205-25.
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Com a hipoxemia, a intensidade da resposta depende da gravidade da hipoxemia. Quando a PaO₂ cai para menos de 70 mmHg, a frequência de disparo dos quimiorreceptores e, subsequentemente, a ventilação-minuto aumentam de maneira acelerada. Várias doenças, como a doença cardíaca cianótica, podem provocar hipoxemia, a qual pode causar alcalose respiratória por meio desse mecanismo. Com a hipóxia tecidual, a concentração aumentada de H+ decorrente da produção elevada de lactato age como um estímulo nos corpos carotídeos, causando hiperventilação. Esse mecanismo, por meio do qual a hipóxia tecidual induz a hiperventilação, também pode ser observado no choque cardiogênico. Trata-se do mecanismo por meio do qual a hipóxia tecidual induz a hiperventilação. A alcalose pseudorrespiratória é um tipo de hipocapnia arterial associada a uma forma atípica de acidose respiratória. Essa condição ocorre quando há uma redução crítica na perfusão pulmonar, mas a ventilação é preservada (por exemplo, na ressuscitação cardiopulmonar). Nesses casos, o sangue venoso central apresenta pressão parcial de dióxido de carbono (pCO₂) alta e potencial hidrogeniônico (pH) baixo, e o sangue arterial sistêmico apresenta pCO₂ baixa e pH normal ou alto. O diagnóstico se baseia na comparação dos gases do sangue arterial e venoso.[68]Androgue HJ, Madias NE. Management of life-threatening acid-base disorders: second of two parts. N Engl J Med. 1998 Jan 8;338(2):107-11.
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Hematológica
A anemia grave e as hemoglobinopatias (por exemplo, talassemia e anemia falciforme) estão associadas a hipóxia tecidual, por meio da qual a produção elevada de lactato e a concentração elevada de H+ agem como um estímulo dos corpos carotídeos. Isso causa hiperventilação e alcalose respiratória.
Gastrointestinal e hepático
Sintomas gastrointestinais e hepáticos são observados na alcalose respiratória aguda (mas não na crônica). A alcalose respiratória aguda produz náuseas, vômitos e aumento da motilidade gastrointestinal. O mecanismo para o aumento do tônus cólico depende da presença de hipocapnia (e não da hiperventilação eucápnica), que parece ter um efeito direto no músculo liso do cólon. Outro mecanismo possível para gerar mudanças no tônus cólico é a modulação induzida por hipocapnia do controle neural autônomo central, embora não seja clara a influência relativa da modulação neural parassimpática e simpática.[41]Bharucha AE, Camilleri M, Ford MJ, et al. Hyperventilation alters colonic motor and sensory function: effects and mechanisms in humans. Gastroenterology. 1996 Aug;111(2):368-77.
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A taquipneia decorrente de estímulo respiratório elevado é bem conhecida em doenças hepáticas, como a cirrose, com hipertensão portopulmonar, síndrome hepatopulmonar e insuficiência hepática fulminante.[65]Jones PW, Huszczuk A, Wasserman K. Cardiac output as a controller of ventilation through changes in right ventricular load. J Appl Physiol. 1982 Jul;53(1):218-24.
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A alcalose respiratória crônica é a alteração ácido-básica mais prevalente em pacientes cirróticos, considerada "hiperventilação cirrótica". As causas são multifatoriais e incluem o estímulo dos centros respiratórios, hipoxemia crônica devido ao shunt arteriovenoso intrapulmonar e acidose intracelular do tronco encefálico.[71]Musso CG, Juarez R, Glassock RJ. Water, electrolyte, acid-base, and trace elements alterations in cirrhotic patients. Int Urol Nephrol. 2018 Jan;50(1):81-9.
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Iatrogênica
A hiperventilação pode ocorrer com a ventilação mecânica, incluindo a ventilação oscilatória de alta frequência.[72]Nevin M, Colchester AC, Adams S, et al. Evidence for involvement of hypocapnia and hypoperfusion in aetiology of neurologic deficit after cardiopulmonary bypass. Lancet. 1987 Dec 26;2(8574):1493-5.
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A alcalose respiratória também está associada ao uso de técnicas extracorpóreas eficientes, como a derivação cardiopulmonar e a oxigenação por membrana extracorpórea.[73]Graziani LJ, Gringlas M, Baumgart S. Cerebrovascular complications and neurodevelopmental sequelae of neonatal ECMO. Clin Perinatol. 1997 Sep;24(3):655-75.
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Infecciosa
A sepse produz hiperventilação mediada por acidose metabólica e lesão pulmonar direta. A endotoxina parece modular as fibras C aferentes vagais na produção de hiperventilação.[75]Blair E. Hypocapnia and gram-negative bacteremic shock. Am J Surg. 1970 Apr;119(4):433-9.
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A hiperventilação secundária à hipóxia tecidual pode ser observada no choque séptico. A taquipneia com hipocapnia não é apenas comum na sepse, mas também é um critério de diagnóstico para a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS).[76]Levy MM, Fink MP, Marshall JC, et al. 2001 SCCM/ESICM/ACCP/ATS/SIS international sepsis definitions conference. Crit Care Med. 2003 Apr;31(4):1250-6.
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A hipocapnia é observada em processos difusos, como meningite e encefalite.[59]Trimble C, Smith DE, Rosenthal MH, et al. Pathophysiologic role of hypocarbia in post-traumatic pulmonary insufficiency. Am J Surg. 1971 Nov;122(5):633-8.
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Em pacientes com meningite, existe a hipótese de que o aumento de lactato no líquido cefalorraquidiano (LCR) cause uma diminuição do pH no LCR, provocando a estimulação dos quimiorreceptores medulares e o aumento da ventilação-minuto.[78]Sears MR, O'Donoghue JM, Fisher HK, et al. Effect of experimental pneumococcal meningitis on respiration and circulation in the rabbit. J Clin Invest. 1974 Jul;54(1):18-23.
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Metabólica e hormonal
Os progestogênios causam alcalose respiratória, estimulando diretamente o centro respiratório, aumentando a sensibilidade dos quimiorreceptores ao dióxido de carbono e dos corpos carotídeos à hipóxia.[79]Hannart B. Pickett CK, Moore LG. Effects of estrogen and progesterone on carotid body neural output responsiveness to hypoxia. J Appl Physiol. 1990 May;68(5):1909-16.
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Evidências de hiperventilação mediada por progesterona foram demonstradas em mulheres durante o primeiro trimestre da gestação e na porção mais tardia do ciclo menstrual, e também em mulheres que tomam progestinas para reposição hormonal.[81]Wise RA, Polito AJ, Krishnan V. Respiratory physiologic changes in pregnancy. Immunol Allergy Clin N Am. 2006 Feb;26(1):1-12.
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A hipertermia induz a alcalose respiratória aumentando tanto a frequência respiratória quanto o volume corrente, sendo denominada de hiperpneia hipertérmica. O mecanismo exato da hiperpneia hipertérmica não é claro, mas pode incluir interações dos gases no sangue e do pH com a temperatura corporal.[84]White MD. Components and mechanisms of thermal hyperpnea. J Appl Physiol. 2006 Aug;101(2):655-63.
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O aumento da sensibilidade ventilatória à hipertermia não foi suprimido pela hipocapnia resultante.[85]Tsuji B, Filingeri D, Honda Y, et al. Effect of hypocapnia on the sensitivity of hyperthermic hyperventilation and the cerebrovascular response in resting heated humans. J Appl Physiol (1985). 2018 Jan 1;124(1):225-33.
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A hiperventilação resulta no resfriamento seletivo do cérebro, um mecanismo para a redução das secreções de fluidos corporais. A hipertermia e a hipocapnia, de forma independente, também contribuem para a diminuição do fluxo sanguíneo cerebral.[85]Tsuji B, Filingeri D, Honda Y, et al. Effect of hypocapnia on the sensitivity of hyperthermic hyperventilation and the cerebrovascular response in resting heated humans. J Appl Physiol (1985). 2018 Jan 1;124(1):225-33.
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Neurológica
Processos difusos e focais do sistema nervoso central podem produzir alcalose respiratória. A hipocapnia é observada em processos difusos, como o traumatismo cranioencefálico. Em um grande estudo, 40% dos pacientes não intubados com lesão cerebral traumática moderada a grave apresentaram hipocapnia.[86]Davis DP, Idris AH, Sise MJ, et al. Early ventilation and outcome in patients with moderate to severe traumatic brain injury. Crit Care Med. 2006 Apr;34(4):1202-8.
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A hipocapnia pode ser um mecanismo protetor, particularmente na presença de hipóxia. Em um estudo de sujeitos saudáveis, a hipóxia hipocápnica efetivamente preservou a autorreguladora do cérebro.[87]Ogoh S, Nakahara H, Ainslie PN, et al. The effect of oxygen on dynamic cerebral autoregulation: critical role of hypocapnia. J Appl Physiol. 2010 Mar;108(3):538-43.
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De maneira paradoxal, um estudo adicional mostrou que bebês com encefalopatia hipóxico-isquêmica expostos à hipocarbia precoce apresentaram aumento do risco de óbito ou de deficiência do neurodesenvolvimento.[88]Pappas A, Shankaran S, Laptook AR, et al; Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development Neonatal Research Network. Hypocarbia and adverse outcome in neonatal hypoxic-ischemic encephalopathy. J Pediatr. 2011 May;158(5):752-8.e1.
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Além disso, um estudo retrospectivo realizado em adultos intubados com lesão cerebral traumática em um centro de trauma revelou que a hiperventilação espontânea é um fator independente associado a um desfecho neurológico funcional ruim.[89]Esnault P, Roubin J, Cardinale M, et al. Spontaneous hyperventilation in severe traumatic brain injury: incidence and association with poor neurological outcome. Neurocrit Care. 2019 Apr;30(2):405-13.
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A alcalose respiratória pode ter um papel na convulsão febril em crianças. Um estudo prospectivo demonstrou que crianças que apresentam convulsão febril tiveram a hipocapnia medida a partir de sangue venoso (média PCO₂ 23 mmHg, pH 7.43) antes das convulsões, com PCO₂ mais alta (média 29 mmHg, pH 7.41) obtida 2 horas após as convulsões. Os pesquisadores sugeriram que a hipocapnia induzida por febre é um dos fatores desencadeantes que induzem à convulsão.[90]Sachan D, Goyal S. Association of hypocapnia in children with febrile seizures. J Pediatr Neurosci. 2018 Oct-Dec;13(4):388-91.
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Os processos focais, como massa cerebral ou acidente vascular cerebral (AVC), também podem causar alcalose respiratória. Uma revisão de 21 relatos de casos demonstrou alcalose respiratória em pacientes com astrocitoma, linfoma, metástase de carcinoma da laringe, meduloblastoma e glioma pontino, todos envolvendo o tronco encefálico.[91]Tarulli AW, Lim C, Bui JD, et al. Central neurogenic hyperventilation: a case report and discussion of pathophysiology. Arch Neurol. 2005 Oct;62(10):1632-4.
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Em um pequeno estudo de pacientes com AVC isquêmico envolvendo o tronco encefálico, a taquipneia ou a respiração de Cheyne-Stokes foram observadas em uma maioria de pacientes e estavam geralmente associadas à alcalose respiratória.[92]Lee MC, Klassen AC, Heaney LM, et al. Respiratory rate and pattern disturbances in acute brain stem infarction. Stroke. 1976 Jul-Aug;7(4):382-5.
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Em outro estudo de 27 pacientes com AVCs (24 isquêmicos e 3 hemorrágicos) não envolvendo o tronco encefálico, 40% apresentaram alcalose respiratória.[93]Scialdone AM. Thalamic hemorrhage imitating hyperventilation. Ann Emerg Med. 1990 Jul;19(7):817-9.
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Os 3 pacientes com AVC hemorrágico no estudo não apresentaram alcalose respiratória, apesar de ter sido relatada hiperventilação neurogênica central.[94]Badr MS. Central sleep apnea. Prim Care Clin Office Pract. 2005 Jun;32(2):361-74, vi.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15935190?tool=bestpractice.com
A alcalose respiratória aguda também foi relatada como uma complicação da terceiro ventriculostomia endoscópica em um paciente com hidrocefalia obstrutiva.[95]Sung H, Sohn J, Kim J, et al. Acute respiratory alkalosis occurring after endoscopic third ventriculostomy: a case report. Korean J Anesthesiol. 2010;59(Suppl):S194-96.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3030035/pdf/kjae-59-S194.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21286439?tool=bestpractice.com
A alcalose respiratória também pode ser observada na apneia central do sono (ACS) não hipercápnica, a forma mais comum de ACS.[96]Solin P, Roebuck T, Johns DP, et al. Peripheral and central ventilatory responses in central sleep apnea with and without congestive heart failure. Am J Resp Crit Care Med. 2000 Dec;162(6):2194-200.
http://www.atsjournals.org/doi/full/10.1164/ajrccm.162.6.2002024
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11112137?tool=bestpractice.com
Nesse distúrbio, as oscilações no estímulo respiratório estão associadas à hiperventilação e à hipocapnia, e são caracterizadas pela intensificação da resposta ventilatória à hipercapnia.[97]Xie A, Rutherford R, Rankin F, et al. Hypocapnia and increased ventilatory responsiveness in patients with idiopathic central sleep apnea. Am J Resp Crit Care Med. 1995 Dec;152(6 Pt 1):1950-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8520761?tool=bestpractice.com
[98]Sin DD, Fitzgerald F, Parker JD, et al. Risk factors for central and obstructive sleep apnea in 450 men and women with congestive heart failure. Am J Respir Crit Care Med. 1999 Oct;160(4):1101-6.
http://www.atsjournals.org/doi/full/10.1164/ajrccm.160.4.9903020
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10508793?tool=bestpractice.com
A associação da hipocapnia diurna com ACS não hipercápnica sugere que a hipocapnia crônica pode ter uma função no mecanismo desse distúrbio.[98]Sin DD, Fitzgerald F, Parker JD, et al. Risk factors for central and obstructive sleep apnea in 450 men and women with congestive heart failure. Am J Respir Crit Care Med. 1999 Oct;160(4):1101-6.
http://www.atsjournals.org/doi/full/10.1164/ajrccm.160.4.9903020
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10508793?tool=bestpractice.com
[99]Sankri-Tarbichi AG, Rowley JA, Badr MS. Expiratory pharyngeal narrowing during central hypocapnic hypopnea. Am J Respir Crit Care Med. 2009 Feb 15;179(4):313-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19201929?tool=bestpractice.com
A hipocapnia noturna, portanto, pode ser resultante da ACS, enquanto a hipocapnia diurna sugere que um paciente apresenta risco elevado para ACS. Além disso, um estudo mostrou que a hipopneia central induzida por hipocapnia (uma redução no fluxo de 30% ou mais em relação ao controle sem esforço inspiratório) produz um estreitamento da faringe na fase expiratória, que pode ser responsável pela patogênese da obstrução das vias aéreas superiores durante o sono.[99]Sankri-Tarbichi AG, Rowley JA, Badr MS. Expiratory pharyngeal narrowing during central hypocapnic hypopnea. Am J Respir Crit Care Med. 2009 Feb 15;179(4):313-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19201929?tool=bestpractice.com
Tradicionalmente, a alcalose respiratória ou hipocapnia terapêuticas têm sido aplicadas para tratar temporariamente a hipertensão intracraniana.[4]Allen CH, Ward JD. An evidence-based approach to management of increased intracranial pressure. Crit Care Clin. 1998 Jul;14(3):485-95.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9700443?tool=bestpractice.com
Em pacientes com hipertensão intracraniana, a hipocapnia terapêutica diminui o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva (UTI).[14]Rusnak M, Janciak I, Majdan M, et al. Severe traumatic brain injury in Austria VI: effects of guideline-based management. Wien Klin Wochenschr. 2007 Feb;119(1-2):64-71.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17318752?tool=bestpractice.com
No entanto, a hipocapnia excessiva induz a vasoconstrição cerebral e pode exacerbar a isquemia cerebral. De fato, as diretrizes atuais para o manejo da lesão cerebral traumática não recomendam a hiperventilação profilática prolongada com pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial (PaCO₂) menor ou igual a 25 mmHg.[100]Carney N, Totten AM, O'Reilly C, et al. Guidelines for the management of severe traumatic brain injury, fourth edition. Neurosurgery. 2017 Jan 1;80(1):6-15.
https://braintrauma.org/uploads/03/12/Guidelines_for_Management_of_Severe_TBI_4th_Edition.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27654000?tool=bestpractice.com
O benefício da hipocapnia terapêutica ainda não foi comprovado, e ela deve ser limitada a casos de hipertensão intracraniana que oferecem risco de vida.[12]Curley G, Kavanagh BP, Laffey JG. Hypocapnia and the injured brain: more harm than benefit. Crit Care Med. 2010 May;38(5):1348-59.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20228681?tool=bestpractice.com
[13]Badjatia N, Carney N, Crocco TJ, et al; Brain Trauma Foundation; BTF Center for Guidelines Management. Guidelines for prehospital management of traumatic brain injury 2nd edition. Prehosp Emerg Care. 2008;12(suppl 1):S1-52.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18203044?tool=bestpractice.com
Farmacológica
Medicamentos conhecidos por induzir alcalose respiratória por meio de hiperventilação incluem salicilatos (em superdosagem), nicotina, derivados da xantina (por exemplo, teofilina), catecolaminas (por exemplo, agonistas beta-2, como terbutalina ou salmeterol, noradrenalina), analépticos (por exemplo, nicetamida, doxapram) e hormônios progestacionais (por exemplo, medroxiprogesterona).[101]Moser KM, Luchsinger PC, Adamson JS, et al. Respiratory stimulation with intravenous doxapram in respiratory failure: a double-blind co-operative study. N Engl J Med. 1973 Mar 1;288(9):427-31.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/4567320?tool=bestpractice.com
[102]Irwin GR Jr. Cerebrospinal fluid pH and respiratory rate in bacterial meningitis. Dis Nerv Syst. 1972 Apr;33(4):276-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/4402242?tool=bestpractice.com
Há relatos de que o levofloxacino causa encefalopatia aguda acompanhada de alcalose respiratória grave.[103]Sugiura M, Shibata K, Saito S, et al. Levofloxacin-associated encephalopathy with severe hyperventilation. Intern Med. 2019 May 15;58(10):1495-99.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6548937
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30713304?tool=bestpractice.com
Psiquiátrico
A síndrome de hiperventilação é uma entidade clínica relatada predominantemente em mulheres na terceira ou quarta década de vida, consistindo de hiperventilação associada a transtorno psiquiátrico, especialmente ansiedade e pânico.[104]Hornsveld HK, Garssen B, Dop MJ, et al. Double-blind placebo-controlled study of the hyperventilation provocation test and the validity of the hyperventilation syndrome. Lancet. 1996 Jul 20;348(9021):154-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8684155?tool=bestpractice.com
Os pacientes apresentam dispneia episódica com ventilação alveolar inadequadamente alta.[105]Brat K, Stastna N, Merta Z, et al. Cardiopulmonary exercise testing for identification of patients with hyperventilation syndrome. PLoS One. 2019;14(4):e0215997.
https://www.doi.org/10.1371/journal.pone.0215997
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31013331?tool=bestpractice.com
O transtorno de ansiedade generalizada pode mimetizar muitos sintomas da alcalose respiratória (por exemplo, tontura, esquecimento, enfermidades somáticas). Esses sintomas são desencadeados pela pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial (PaCO₂) <20 mmHg.[43]Rafferty GF, Saisch GN, Gardner WN. Relation of hypocapnic symptoms to rate of fall of end-tidal PCO2 in normal subjects. Respir Med. 1992 Jul;86(4):335-40.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1448588?tool=bestpractice.com
O componente de ansiedade pode estar ausente e pode ser difícil distinguir se a ansiedade é o fator desencadeante ou o resultado da hiperventilação. A etiologia da síndrome de hiperventilação não é clara e o diagnóstico é obtido por exclusão.
O diagnóstico pode ser feito pelo teste de provocação de hiperventilação. O teste é positivo se, durante a hiperventilação voluntária, o paciente apresentar sintomas similares aos que ocorrem durante os ataques. No entanto, observou-se que este teste tem alta taxa de falso-positivos, e sua validade tem sido questionada.[104]Hornsveld HK, Garssen B, Dop MJ, et al. Double-blind placebo-controlled study of the hyperventilation provocation test and the validity of the hyperventilation syndrome. Lancet. 1996 Jul 20;348(9021):154-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8684155?tool=bestpractice.com
O teste ergométrico foi proposto como ferramenta diagnóstica com um estudo que observou que os pacientes com síndrome de hiperventilação tiveram um CO₂ ao final da expiração (PETCO₂) relativamente inalterado, e razão VE/VCO₂ (ventilação-minuto, produção de dióxido de carbono por unidade) no pico do esforço comparada ao repouso, enquanto os sujeitos do grupo de controle apresentaram aumento de PETCO₂ e redução de VE/VCO₂.[105]Brat K, Stastna N, Merta Z, et al. Cardiopulmonary exercise testing for identification of patients with hyperventilation syndrome. PLoS One. 2019;14(4):e0215997.
https://www.doi.org/10.1371/journal.pone.0215997
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31013331?tool=bestpractice.com
Foi demonstrado que essa falta de alteração na PETCO₂ e VE/VCO₂ no pico do esforço tem uma especificidade de 93% e 83%, respectivamente.