Etiologia
A superdosagem de paracetamol geralmente ocorre devido à tentativa de lesões autoprovocadas ou a erro terapêutico. As lesões autoprovocadas envolvem a ingestão de uma grande quantidade, tanto de uma só vez quanto durante um período maior. Erro terapêutico envolve a ingestão repetida de menores quantidades, e a posologia cumulativa é muito maior que a recomendada como posologia diária máxima. Erro terapêutico pode ocorrer devido à ingestão de várias formulações que contêm paracetamol para o tratamento de doenças, como dor ou tosse e sintomas relacionados à gripe.
Fisiopatologia
O metabolismo de paracetamol depende da idade e da dose. Após a ingestão de uma dose terapêutica, o paracetamol sofre sulfatação hepática e glicuronidação, e os metabólitos não tóxicos resultantes são excretados na urina. Cerca de 4% de uma dose terapêutica é metabolizada pelas enzimas do citocromo P450, principalmente CYP2E1, em um metabólito intermediário potencialmente tóxico: N-acetil-p-benzoquinonaimina (NAPQI). A concentração máxima de CYP2E1 está localizada nos hepatócitos centrolobulares em volta da veia central (isto é, perivenular ou zona 3) e reflete a lesão hepática inicial causada pelo paracetamol. Sob condições normais e doses terapêuticas, a NAPQI se combina com a glutationa intracelular para se tornar uma substância não tóxica derivada do mercapturato com excreção urinária. No entanto, após ingestão de uma superdosagem, a via de CYP2E1 normalmente de pouca relevância se torna importante. Quando a produção de NAPQI excede a capacidade de desintoxicação da mesma, o excesso de NAPQI se liga a componentes celulares, causando lesão mitocondrial e podendo levar à morte do hepatócito. Se uma dose suficiente é ingerida, a morte de hepatócitos pode ser maciça e produzir insuficiência hepática aguda. A presença de CYP2E1 no rim pode ser um fator, em graus variáveis, de lesão renal, ocasionalmente observada após superdosagem de paracetamol.[15][16][17]
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