Abordagem

O diagnóstico é baseado na anamnese, no eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações, e na exclusão dos diagnósticos de taquiarritmias alternativos por meio de observação da resposta às manobras. No entanto, a inspeção da ECG nem sempre revela a causa subjacente.[8][9][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Algoritmo diagnóstico para diferenciação de taquicardias atriais de outras taquicardias QRS estreitas. AV = atrioventricular, CAP = contração atrial prematuraDo acervo de Sarah Stahmer, MD [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@401ee86b

História/exame físico

Os pacientes podem ter uma história de doença cardíaca prévia, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), ou asma.[10]​​ A história medicamentosa pode identificar o uso de digoxina, aminofilina, beta-agonistas, diuréticos poupadores de potássio, medicamentos de venda livre para sinusite ou resfriado, ou abuso de substâncias. Uma história recente de ablação de fibrilação atrial ou cirurgia cardíaca prévia pode estar presente.[11] Pode haver sintomas de dor torácica, dispneia, náuseas/vômitos, tontura, síncope, palpitações ou fadiga/fraqueza. O exame físico pode detectar estertores ou edema se a insuficiência cardíaca congestiva estiver presente.

ECG/telemetria

A frequência atrial na taquicardia atrial focal tipicamente varia entre 100 e 250 bpm. Em geral, há um aquecimento da frequência nos poucos batimentos iniciais. Frequentemente, a arritmia ocorrerá em surtos rápidos, com início e término abruptos.

O ECG deve mostrar as ondas P atriais e a morfologia deve ser diferente de ondas P em ritmo sinusal. Normalmente, há um segmento isoelétrico entre as ondas P. Às vezes, observa-se uma irregularidade, especialmente no início (aquecimento) e no término (esfriamento).

O intervalo PR é normalmente >0.12 segundos (120 milissegundos). A morfologia da onda P nas derivações aVL e V1 pode fornecer pistas sobre o sítio de origem. Uma onda P positiva na derivação V1 tem 93% de sensibilidade e 88% de especificidade para um foco atrial esquerdo. Em contraste, uma onda P positiva ou bifásica na aVL indica um foco atrial direito com 88% de sensibilidade e 79% de especificidade.[12][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Taquicardia atrial focal em uma pessoa de 55 anos de idade com cardiomiopatia isquêmicaDo acervo de Sarah Stahmer, MD [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@31f85f23

Se a frequência atrial não for excessivamente rápida, cada onda P terá que ser conduzida ao ventrículo. Se a frequência for excessiva, ou se houver supressão ou doença do nó AV provocada por medicamentos, um bloqueio cardíaco de segundo grau Wenckebach ou Mobitz do tipo I poderá ser observado. Na toxicidade por digoxina, em associação com a taquicardia atrial e o bloqueio do nó AV, há frequentemente sinais de automaticidade anormal de tecidos não atriais, como uma ectopia juncional ou ventricular.

Um registro ambulatorial de ECG de 24 horas (Holter) ou mais longo (loop event recorder vestível ou implantável) pode ser útil para diagnóstico e o tratamento nos pacientes com TA focal que ocorre esporadicamente.[1]

A hipocalemia isoladamente pode predispor o tecido atrial não sinusal a uma despolarização espontânea, especialmente em pacientes que utilizam digoxina.

Manobras vagais ou adenosina

Uma taquicardia incessante que não mostra variação normal em relação à dor, às respirações e às alterações no tônus simpático/parassimpático, típica de uma taquicardia sinusal, indica uma origem não sinusal. As manobras vagais não terão efeito ou criarão um bloqueio do nó AV. O bloqueio nodal diminui a frequência da resposta ventricular, mas não tem efeito sobre a frequência atrial. A adenosina causa bloqueio do nó atrioventricular e pode suprimir transitoriamente ou, mais raramente, acabar com a taquicardia.[13][14]

Manobras vagais ou adenosina podem ajudar a diferenciar a taquicardia atrial de outras causas de taquicardia supraventricular; no entanto, essa informação pode ser enganosa ou limitada se a taquicardia terminar.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Resposta a 6 mg de adenosina por via intravenosaDo acervo de Sarah Stahmer, MD [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@5d60cb73

O diagnóstico diferencial de taquicardia atrial incluirá frequentemente a taquicardia sinusal, a taquicardia por reentrada do nó atrioventricular, a taquicardia por reentrada AV ou o flutter atrial.

  • A taquicardia sinusal diminuirá temporariamente em resposta, provocando frequência sinusal mais lenta e prolongamento do intervalo PR antes do bloqueio AV (se ocorrer).

  • A taquicardia por reentrada do nó atrioventricular ou a taquicardia por reentrada AV (taquicardia supraventricular mediada por via acessória) cessarão abruptamente, com retomada do ritmo sinusal após uma pausa.

  • No flutter atrial, haverá uma diminuição transitória da frequência de resposta ventricular com bloqueio AV. As ondas de flutter características serão reveladas e não serão afetadas.

Essa não é uma intervenção terapêutica infalível, pois algumas taquicardias atriais, especialmente as provocadas por microreentrada, serão desencadeadas em resposta a essas manobras. A maioria não apresentará resposta ou mostrará bloqueio AV transitório com despolarização atrial persistente (ondas P).

Exames adicionais

A análise sorológica deve ser realizada de acordo com a suspeita clínica de etiologia. Os eletrólitos devem ser rotina. Os níveis de medicamentos que podem predispor os pacientes a esses ritmos podem ser prescritos quando apropriado, especificamente a teofilina e a digoxina. Quando houver suspeita de abuso de drogas, especificamente cocaína, anfetaminas e etanol, dados de suporte quantitativos poderão ser valiosos. Os níveis de hormônio estimulante da tireoide (TSH) ajudam a descartar a suspeita de hipertireoidismo.

A ecocardiografia pode ser útil em pacientes cuja causa subjacente suspeita pode ser decorrente de uma patologia cardíaca não diagnosticada previamente, como valvopatia e cardiomiopatias. Os pacientes com evidência de comprometimento hemodinâmico ou insuficiência cardíaca devem realizar uma ecocardiografia o mais rápido possível.

O estudo eletrofisiológico (EEF) é um exame invasivo que pode auxiliar na confirmação da origem e do sítio de arritmogênese em pacientes selecionados para os quais o diagnóstico não estiver claro ou que não responderem às terapias empíricas. Ele pode ser curativo se associado à ablação.[1]

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