Etiologia
Grande parte das hidroceles pediátricas é congênita e, na maioria dos casos, elas remitem dentro do primeiro ano de vida. A maioria das hidroceles adultas é adquirida. As hidroceles não comunicantes podem ser idiopáticas ou secundárias a traumas menores, torção testicular, epididimite, operação de varicocele (devido à ligadura dos vasos linfáticos) ou podem aparecer como uma recorrência após um reparo primário de uma hidrocele comunicante ou não comunicante.[19][20] As hidroceles comunicantes podem ocorrer após um aumento de líquido ou pressão intra-abdominal (devido a derivações, diálise peritoneal ou ascite), se houver um conduto peritoniovaginal patente.[6][8][21] Os pacientes com doenças do tecido conjuntivo apresentam um alto risco de hidroceles comunicantes.[6] As hidroceles também podem ser observadas em pacientes com filariose, como resultado de obstrução linfática.[18]
Fisiopatologia
Durante o desenvolvimento fetal, uma extensão do peritônio migra distalmente através do canal inguinal com o gubernáculo no primeiro trimestre. Normalmente, essa fina membrana que se estende através do canal inguinal e desce para dentro do escroto (conduto peritoniovaginal) é obliterada em direção proximal no anel inguinal interno, e a porção distal forma a túnica vaginal.[6][8] Na maioria dos casos, o conduto peritoniovaginal se fecha no primeiro ano de vida.[7][8][9][10] Se não for obliterado no anel interno, ele será referido como um conduto peritoniovaginal patente, e a túnica vaginal se comunicará com o peritônio, de modo que o líquido peritoneal fluirá livremente entre ambas as estruturas e se formará uma hidrocele comunicante. Se a comunicação for grande o suficiente, estruturas intra-abdominais, como intestino, omento, bexiga ou conteúdo genital, poderão ser encontradas no canal inguinal, e essa complicação é conhecida como hérnia inguinal indireta.
Apesar de o conduto peritoniovaginal se formar em ambos os sexos no primeiro trimestre, ele não aumenta no sexo feminino. A hidrocele do canal de Nuck é rara e resulta da falha no fechamento do conduto peritoniovaginal, que causa acúmulo de fluido dentro do canal inguinal.
Uma hidrocele simples ou não comunicante ocorre em casos nos quais o conduto peritoniovaginal está fechado e a secreção excede a absorção de fluido a partir da túnica vaginal. Uma hidrocele abdominoescrotal é uma hidrocele simples que se estende através do canal inguinal, resultando em um componente abdominal. Uma hidrocele do cordão espermático é o resultado do fechamento segmentar do conduto peritoniovaginal. Ela é loculada e geralmente não se comunica com a cavidade peritoneal.[22] Existem duas variações de hidrocele do cordão espermático; uma hidrocele encistada não se comunica com a cavidade peritoneal, enquanto a variedade funicular se comunica com a cavidade peritoneal.[23][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Anatomia normalCriado pelo BMJ Group [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Hidrocele comunicanteCriado pelo BMJ Group [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Hidrocele não comunicanteCriado pelo BMJ Group [Citation ends].
Classificação
Terminologia comum
Hidrocele congênita
Resulta de uma malformação congênita da túnica vaginal.[1]
Hidrocele adquirida[2]
Primária (ou idiopática): sua causa é obscura e é produzida pela absorção deficiente de fluido na túnica vaginal
Secundária: causada por infecção ou trauma do testículo.
Hidrocele não comunicante (simples)
Acúmulo de fluido em torno do testículo sem comunicação com a cavidade abdominal.
Hidrocele comunicante
Passagem de líquido peritoneal para o escroto através de um conduto peritoniovaginal patente.
Hidrocele abdominoescrotal
Uma grande forma de hidrocele simples que se estende para dentro do abdome.
Hidrocele do cordão
Uma hidrocele loculada do cordão espermático que ocorre como resultado do fechamento segmentar do conduto peritoniovaginal.[3][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Classificação da hidrocele.Criado pelo BMJ Knowledge Centre; adaptado de Tekgül S, Dogan HS, Hoebeke P, et al; European Association of Urology. Diretrizes sobre urologia pediátrica. 2017 [Citation ends].
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