É comum dividir as associações de abortamento habitual nas seguintes categorias:
Genética
Anatômica
Imunológica
Trombofílica
Endocrinológica
Infecciosa
Fator masculino
Ambiental
Inexplicado.
Genética
Anomalias cromossômicas parentais
São responsáveis por cerca de 3% a 5% das pacientes que apresentam abortamento habitual e, na maioria das vezes, são translocações recíprocas ou robertsonianas equilibradas.[14]Clifford K, Rai R, Watson H, et al. An informative protocol for the investigation of recurrent miscarriage: preliminary experience of 500 consecutive cases. Hum Reprod. 1994 Jul;9(7):1328-32.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7962442?tool=bestpractice.com
Translocação robertsoniana é uma forma comum de reorganização cromossômica que envolve os cromossomos 13, 14, 15, 21 ou 22. Ela é equilibrada e não gera excesso nem deficit de material genético, não causando, portanto, nenhum problema de saúde. Se essas anomalias forem detectadas, será indicado o encaminhamento para um geneticista clínico. Pacientes com uma translocação não equilibrada têm de 5% a 10% de chance de uma gestação que pode resultar em crianças com deficiência e, portanto, têm direito a diagnóstico pré-natal. No entanto, pacientes com translocação equilibrada têm de 50% a 70% de chance de dar à luz uma criança saudável se forem monitoradas rigorosamente, examinadas em relação a outras causas tratáveis e receberem cuidados de suporte.[15]Carp H, Feldman B, Oelsner G, et al. Parental karyotype and subsequent live births in recurrent miscarriage. Fertil Steril. 2004 May;81(5):1296-301.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15136093?tool=bestpractice.com
[16]Stephenson MD, Sierra S. Reproductive outcomes in recurrent pregnancy loss associated with a parental carrier of a structural chromosome rearrangement. Hum Reprod. 2006 Apr;21(4):1076-82.
https://humrep.oxfordjournals.org/cgi/content/full/21/4/1076
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16396938?tool=bestpractice.com
Anomalia cromossômica do feto
É a causa mais comum de aborto espontâneo. Responsável por até 70% dos abortos espontâneos precoces, mas por apenas 20% dos abortos espontâneos que ocorrem entre 13 e 20 semanas de gestação.[17]Hogge WA, Byrnes AL, Lanasa MC, et al. The clinical use of karyotyping spontaneous abortions. Am J Obstet Gynecol. 2003 Aug;189(2):397-400.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14520206?tool=bestpractice.com
Portanto, a idade gestacional em que um aborto espontâneo ocorre pode ajudar a identificar sua causa. Os defeitos costumam ser trissomia, poliploidia ou monossomia. O risco de ter um feto com anomalia cromossômica é maior em mães com mais de 35 anos, confirmando a associação entre idade materna avançada e aneuploidia. No entanto, seu mecanismo subjacente é incerto.[17]Hogge WA, Byrnes AL, Lanasa MC, et al. The clinical use of karyotyping spontaneous abortions. Am J Obstet Gynecol. 2003 Aug;189(2):397-400.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14520206?tool=bestpractice.com
No contexto de abortamento habitual, a frequência de anomalia cromossômica fetal diminui significativamente com o aumento do número de abortos espontâneos anteriores.[13]Ogasawara M, Aoki K, Okada S, et al. Embryonic karyotype of abortuses in relation to the number of previous miscarriages. Fertil Steril. 2000 Feb;73(2):300-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10685533?tool=bestpractice.com
Assim, um cariótipo fetal anormal em um aborto espontâneo é um fator prognóstico importante e sugere uma percentagem de desfechos favoráveis de aproximadamente 75% na próxima gestação.[13]Ogasawara M, Aoki K, Okada S, et al. Embryonic karyotype of abortuses in relation to the number of previous miscarriages. Fertil Steril. 2000 Feb;73(2):300-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10685533?tool=bestpractice.com
[17]Hogge WA, Byrnes AL, Lanasa MC, et al. The clinical use of karyotyping spontaneous abortions. Am J Obstet Gynecol. 2003 Aug;189(2):397-400.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14520206?tool=bestpractice.com
Outras causas genéticas
Têm-se sugerido em alguns estudos pequenos que anomalias genéticas moleculares como a inativação extremamente distorcida do cromossomo X como uma possível causa de abortamento habitual. No entanto, estudos maiores não conseguiram confirmar essa associação.[18]Pasquier E, Bohec C, De Saint Martin L, et al. Strong evidence that skewed X-chromosome inactivation is not associated with recurrent pregnancy loss: an incident paired case-control study. Hum Reprod. 2007 Nov;22(11):2829-33.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17823131?tool=bestpractice.com
[19]Beever CL, Stephenson MD, Penaherrera MS, et al. Skewed X-chromosome inactivation is associated with trisomy in women ascertained on the basis of recurrent spontaneous abortion or chromosomally abnormal pregnancies. Am J Hum Genet. 2003 Feb;72(2):399-407.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC379232
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12497247?tool=bestpractice.com
Anatômica ou estrutural
É difícil avaliar a contribuição exata da anomalia uterina congênita na ocorrência de abortamento habitual, devido à grande diversidade de critérios e técnicas para diagnosticar a morfologia uterina anormal. A prevalência de anomalias uterinas como útero septado, bicorno ou arqueado na população geral é de 5.5% e parece ser mais alta em pacientes com história de aborto espontâneo (13.3%).[20]Chan YY, Jayaprakasan K, Zamora J, et al. The prevalence of congenital uterine anomalies in unselected and high-risk populations: a systematic review. Hum Reprod Update. 2011 Nov-Dec;17(6):761-71.
https://humupd.oxfordjournals.org/content/17/6/761.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21705770?tool=bestpractice.com
No entanto, é difícil estabelecer uma ligação de causa direta. Evidências limitadas de ensaios clínicos não randomizados mostram uma melhora nos desfechos da gestação quando essas anomalias são corrigidas cirurgicamente.[21]Grimbizis GF, Camus M, Tarlatzis BC, et al. Clinical implications of uterine malformations and hysteroscopic treatment results. Hum Reprod Update. 2001 Mar-Apr;7(2):161-74.
https://humupd.oxfordjournals.org/cgi/reprint/7/2/161
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11284660?tool=bestpractice.com
[22]Valli E, Vaquero E, Lazzarin N, et al. Hysteroscopic metroplasty improves gestational outcome in women with recurrent spontaneous abortion. J Am Assoc Gynecol Laparosc. 2004 May;11(2):240-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15200782?tool=bestpractice.com
No Reino Unido, o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) publicou diretrizes que recomendam a ressecção histeroscópica em pacientes com septo uterino e história de perda gestacional recorrente ou parto pré-termo.[23]National Institute for Health and Care Excellence. Hysteroscopic metroplasty of a uterine septum for recurrent miscarriage. January 2015 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/ipg510
Incompetência cervical é uma anomalia estrutural associada ao abortamento habitual, principalmente no segundo trimestre. Infelizmente, não existem testes objetivos que identificam de modo consistente mulheres com insuficiência cervical quando não estão grávidas. Assim, o diagnóstico costuma se basear em uma história de dilatação indolor do colo uterino ou ruptura espontânea de membranas, seguida por um aborto espontâneo no segundo trimestre. O mecanismo exato de como essa afecção provoca aborto espontâneo no segundo trimestre ainda é incerto. O colo uterino provavelmente não tem uma mera função mecanística. Ainda não foi confirmado se o tratamento com inserção profilática de sutura cervical melhora os desfechos da gestação.[24]Drakeley AJ, Roberts D, Alfirevic Z. Cervical stitch (cerclage) for preventing pregnancy loss in women. Cochrane Database Syst Rev. 2003 Jan;2003(1):CD003253.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6991153
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12535466?tool=bestpractice.com
Imunológica
A síndrome antifosfolipídica (SAF) é encontrada em cerca de 15% das pacientes que apresentam abortamento habitual.[25]Rai RS, Regan L, Clifford K, et al. Antiphospholipid antibodies and beta 2-glycoprotein-I in 500 women with recurrent miscarriage: results of a comprehensive screening approach. Hum Reprod. 1995 Aug;10(8):2001-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8567830?tool=bestpractice.com
O rastreamento de SAF é recomendado para todas as mulheres que apresentam abortamento habitual, pois elas podem se beneficiar com o tratamento.[26]Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. Recurrent miscarriage: green-top guideline no. 17. Jun 2023 [internet publication].
https://www.rcog.org.uk/guidance/browse-all-guidance/green-top-guidelines/recurrent-miscarriage-green-top-guideline-no-17
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37334488?tool=bestpractice.com
[27]Jauniaux E, Farquharson RG, Christiansen OB, et al. Evidence-based guidelines for the investigation and medical treatment of recurrent miscarriage. Hum Reprod. 2006 Sep;21(9):2216-22.
https://humrep.oxfordjournals.org/content/21/9/2216.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16707507?tool=bestpractice.com
[28]Bates SM, Greer IA, Middeldorp S, et al; American College of Chest Physicians. VTE, thrombophilia, antithrombotic therapy, and pregnancy: antithrombotic therapy and prevention of thrombosis, 9th ed - American College of Chest Physicians evidence-based clinical practice guidelines. Chest. 2012 Feb;141(2 Suppl):e691S-e736S.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3278054
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22315276?tool=bestpractice.com
[1]European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE). Guideline on the management of recurrent pregnancy loss. Feb 2023 [internet publication].
https://www.eshre.eu/Guidelines-and-Legal
Diagnóstico de SAF
A presença de pelo menos um componente clínico e um laboratorial dos seguintes critérios é frequentemente usado como guia para o diagnóstico de SAF:[29]Miyakis S, Lockshin MD, Atsumi T, et al. International consensus statement on an update of the classification criteria for definite antiphospholipid syndrome (APS). J Thromb Haemost. 2006 Feb;4(2):295-306.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1538-7836.2006.01753.x
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16420554?tool=bestpractice.com
Os critérios clínicos incluem:
Trombose vascular (arterial ou venosa) em qualquer tecido ou órgão
3 ou mais abortos espontâneos consecutivos antes de 10 semanas de gestação
1 ou mais óbitos inexplicados de um feto morfologicamente normal em 10 semanas de gestação ou mais
1 ou mais nascimentos prematuros de um feto morfologicamente normal antes de 34 semanas de gestação associados a pré-eclâmpsia grave ou insuficiência placentária.
Os critérios laboratoriais incluem:
Títulos médios ou altos de anticorpos anticardiolipina (aCL) imunoglobulina G (IgG) e/ou imunoglobulina M (IgM) em 2 ou mais testes com um intervalo de pelo menos 12 semanas
Presença de anticoagulante lúpico (AL) em 2 ou mais testes com um intervalo de pelo menos 12 semanas
Altos títulos de anticorpos antibeta-2-glicoproteína-1 IgG e/ou IgM em 2 ou mais testes com um intervalo de pelo menos 12 semanas.
O American College of Rheumatology (ACR) e a European Alliance of Associations for Rheumatology (EULAR) produziram critérios de classificação de alta especificidade destinados à pesquisa da SAF.[30]Barbhaiya M, Zuily S, Naden R, et al. The 2023 ACR/EULAR antiphospholipid syndrome classification criteria. Arthritis Rheumatol. 2023 Oct;75(10):1687-702.
https://acrjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/art.42624
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37635643?tool=bestpractice.com
Outros estados imunológicos
Células Natural Killer desreguladas (no sangue periférico ou no endométrio) têm sido associadas a abortos recorrentes e a falhas de implantação recorrentes.[31]Cavalcante MB, da Silva PHA, Carvalho TR, et al. Peripheral blood natural killer cell cytotoxicity in recurrent miscarriage: a systematic review and meta-analysis. J Reprod Immunol. 2023 Aug;158:103956.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37236061?tool=bestpractice.com
[32]Von Woon E, Greer O, Shah N, et al. Number and function of uterine natural killer cells in recurrent miscarriage and implantation failure: a systematic review and meta-analysis. Hum Reprod Update. 2022 Jun 30;28(4):548-82.
https://academic.oup.com/humupd/article/28/4/548/6545823
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35265977?tool=bestpractice.com
Mais pesquisas se fazem necessárias.
Os fatores de risco imunológicos adicionais implicados no aborto recorrente incluem fator antinuclear, anticorpos anti-tireoidianos, anticorpos IgA contra transglutaminase (tTG-IgA), células T regulatórias (Tregs), compartilhamento de HLA e associações de HLA e polimorfismos de citocinas.[26]Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. Recurrent miscarriage: green-top guideline no. 17. Jun 2023 [internet publication].
https://www.rcog.org.uk/guidance/browse-all-guidance/green-top-guidelines/recurrent-miscarriage-green-top-guideline-no-17
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37334488?tool=bestpractice.com
[33]Vomstein K, Feil K, Strobel L, et al. Immunological risk factors in recurrent pregnancy loss: guidelines versus current state of the art. J Clin Med. 2021 Feb 20;10(4):869.
https://www.mdpi.com/2077-0383/10/4/869
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33672505?tool=bestpractice.com
[34]Meuleman T, Lashley LE, Dekkers OM, et al. HLA associations and HLA sharing in recurrent miscarriage: a systematic review and meta-analysis. Hum Immunol. 2015 May;76(5):362-73.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25700963?tool=bestpractice.com
Existe, no entanto, uma ausência de evidências de alto nível para dar suporte à associação entre muitos destes fatores imunológicos e o aborto recorrente.[33]Vomstein K, Feil K, Strobel L, et al. Immunological risk factors in recurrent pregnancy loss: guidelines versus current state of the art. J Clin Med. 2021 Feb 20;10(4):869.
https://www.mdpi.com/2077-0383/10/4/869
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33672505?tool=bestpractice.com
Uma revisão sistemática de 20 ensaios clínicos de diversas imunoterapias como imunização com células paternas, imunização com células de doadores terceiros, infusão de membrana trofoblástica e imunoglobulina intravenosa não mostrou benefícios significativos na melhora das proporções de nascidos vivos em relação ao placebo.[35]Wong LF, Porter TF, Scott JR. Immunotherapy for recurrent miscarriage. Cochrane Database Syst Rev. 2014;(10):CD000112.
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD000112.pub3/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25331518?tool=bestpractice.com
Trombofilia
As mulheres com abortos recorrentes devem realizar testes para trombofilia adquirida, particularmente para anticoagulante lúpico e anticorpos anticardiolipina.[26]Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. Recurrent miscarriage: green-top guideline no. 17. Jun 2023 [internet publication].
https://www.rcog.org.uk/guidance/browse-all-guidance/green-top-guidelines/recurrent-miscarriage-green-top-guideline-no-17
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37334488?tool=bestpractice.com
[1]European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE). Guideline on the management of recurrent pregnancy loss. Feb 2023 [internet publication].
https://www.eshre.eu/Guidelines-and-Legal
Trombofilia hereditária
Metanálises relatam que a mutação FVL (associada à resistência à proteína C ativada) e a mutação do gene da protrombina estão associadas a abortos recorrentes e a desfechos adversos na gestação.[36]Liu X, Chen Y, Ye C, et al. Hereditary thrombophilia and recurrent pregnancy loss: a systematic review and meta-analysis. Hum Reprod. 2021 Apr 20;36(5):1213-29.
https://academic.oup.com/humrep/article/36/5/1213/6133739
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33575779?tool=bestpractice.com
[37]Robertson L, Wu O, Langhorne P, et al; Thrombosis: risk and economic assessment of thrombophilia screening (TREATS) study. Thrombophilia in pregnancy: a systematic review. Br J Haematol. 2006 Jan;132(2):171-96.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16398652?tool=bestpractice.com
Duas revisões sistemáticas concluíram que a prevalência de trombofilia hereditária em mulheres com abortos recorrentes é semelhante à da população em geral.[38]Shehata H, Ali A, Silva-Edge M, et al. Thrombophilia screening in women with recurrent first trimester miscarriage: is it time to stop testing? - a cohort study and systematic review of the literature. BMJ Open. 2022 Jul 13;12(7):e059519.
https://bmjopen.bmj.com/content/12/7/e059519
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35831047?tool=bestpractice.com
[39]Vomstein K, Herzog A, Voss P, et al. Recurrent miscarriage is not associated with a higher prevalence of inherited and acquired thrombophilia. Am J Reprod Immunol. 2021 Jan;85(1):e13327.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32860294?tool=bestpractice.com
As diretrizes do Reino Unido e dos EUA não recomendam o rastreamento rotineiro de trombofilia hereditária em mulheres com abortamento recorrente ou história de perda fetal, respectivamente.[40]Arachchillage DJ, Mackillop L, Chandratheva A, et al. Thrombophilia testing: a British Society for Haematology guideline. Br J Haematol. 2022 Aug;198(3):443-58.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/bjh.18239
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35645034?tool=bestpractice.com
[41]American College of Obstetricians and Gynecologists. Practice bulletin no. 197: inherited thrombophilias in pregnancy. Obstet Gynecol. Jul 2018 [internet publication].
https://journals.lww.com/greenjournal/abstract/2018/07000/acog_practice_bulletin_no__197__inherited.55.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29939939?tool=bestpractice.com
A avaliação direcionada para trombofilia hereditária pode ser considerada em circunstâncias clínicas específicas.[41]American College of Obstetricians and Gynecologists. Practice bulletin no. 197: inherited thrombophilias in pregnancy. Obstet Gynecol. Jul 2018 [internet publication].
https://journals.lww.com/greenjournal/abstract/2018/07000/acog_practice_bulletin_no__197__inherited.55.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29939939?tool=bestpractice.com
Endocrinológica
Síndrome do ovário policístico
A prevalência de síndrome do ovário policístico (SOP) em abortamento habitual varia de 4.8% a 82%, pois havia uma enorme variação nos critérios para diagnosticar SOP antes da disponibilidade dos critérios de diagnóstico de Rotterdam.[42]Cocksedge KA, Li TC, Saravelos SH, et al. A reappraisal of the role of polycystic ovary syndrome in recurrent miscarriage. Reprod Biomed Online. 2008 Jul;17(1):151-60.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18616903?tool=bestpractice.com
[43]The Rotterdam ESHRE/ASRM-Sponsored PCOS Consensus Workshop Group. Revised 2003 consensus on diagnostic criteria and long-term health risks related to polycystic ovary syndrome (PCOS). Hum Reprod. 2004 Jan;19(1):41-7.
https://humrep.oxfordjournals.org/cgi/content/full/19/1/41
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14688154?tool=bestpractice.com
Assim, é necessário reavaliar a prevalência de SOP no abortamento habitual usando os critérios de Rotterdam.
Os mecanismos mais prováveis pelos quais a SOP pode causar abortamento habitual são hiperandrogenismo, obesidade e resistência insulínica, embora novas investigações sejam necessárias para avaliar isso.[42]Cocksedge KA, Li TC, Saravelos SH, et al. A reappraisal of the role of polycystic ovary syndrome in recurrent miscarriage. Reprod Biomed Online. 2008 Jul;17(1):151-60.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18616903?tool=bestpractice.com
[44]Craig LB, Ke RW, Kutteh WH. Increased prevalence of insulin resistance in women with a history of recurrent pregnancy loss. Fertil Steril. 2002 Sep;78(3):487-90.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12215322?tool=bestpractice.com
Constatou-se que pacientes com SOP e morfologia ovariana anormal na ultrassonografia, hormônio luteinizante (LH) elevado e testosterona elevada têm proporções de nascidos vivos semelhantes às das mulheres sem SOP.[45]Rai R, Backos M, Rushworth F, et al. Polycystic ovaries and recurrent miscarriage: a reappraisal. Hum Reprod. 2000 Mar;15(3):612-5.
https://humrep.oxfordjournals.org/cgi/content/full/15/3/612
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10686206?tool=bestpractice.com
Problemas da fase lútea
Esses distúrbios são diagnosticados quando existem baixos níveis de progesterona e a data histológica do endométrio é 2 ou mais dias anterior à data menstrual em, no mínimo, 2 ciclos menstruais. A associação de problemas da fase lútea a abortamento habitual é controversa, mas acredita-se que esteja relacionada a diminuição da produção de progesterona pelo corpo lúteo, secreção de LH anormal ou resposta insatisfatória do endométrio à progesterona disponível.[46]Arredondo F, Noble LS. Endocrinology of recurrent pregnancy loss. Semin Reprod Med.2006 Feb;24(1):33-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16418976?tool=bestpractice.com
Embora uma revisão sistemática do tratamento com progestogênio não tenha mostrado nenhuma diferença significativa no risco de aborto espontâneo, uma análise de um subgrupo de ensaios clínicos envolvendo mulheres que tiveram abortamentos habituais mostrou uma diminuição significativa na taxa de aborto espontâneo.[47]Haas DM, Hathaway TJ, Ramsey PS. Progestogen for preventing miscarriage in women with recurrent miscarriage of unclear etiology. Cochrane Database Syst Rev. 2019 Nov 20;2019(11):CD003511.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmid/31745982
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31745982?tool=bestpractice.com
[
]
What are the effects of progestogen administered prophylactically during pregnancy to prevent recurrent miscarriage?/cca.html?targetUrl=https://www.cochranelibrary.com/cca/doi/10.1002/cca.2356/fullMostre-me a resposta Um grande ECRC demonstrou que não há benefício em administrar suplementação de progesterona a mulheres com perdas gestacionais recorrentes inexplicadas.[48]Coomarasamy A, Williams H, Truchanowicz E, et al. A randomized trial of progesterone in women with recurrent miscarriages. N Engl J Med. 2015 Nov 26;373(22):2141-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26605928?tool=bestpractice.com
No entanto, uma reavaliação recente dos resultados deste estudo e de outro estudo envolvendo a suplementação com progesterona em mulheres com sangramento na gravidez mostra uma tendência de aumento do benefício da suplementação com progesterona com o número crescente de abortos espontâneos.[49]Coomarasamy A, Devall AJ, Brosens JJ, et al. Micronized vaginal progesterone to prevent miscarriage: a critical evaluation of randomized evidence. Am J Obstet Gynecol. 2020 Aug;223(2):167-76.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmid/32008730
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32008730?tool=bestpractice.com
Hiperprolactinemia
A função de hiperprolactinemia em abortamento habitual é debatida.[46]Arredondo F, Noble LS. Endocrinology of recurrent pregnancy loss. Semin Reprod Med.2006 Feb;24(1):33-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16418976?tool=bestpractice.com
Além disso, um ensaio clínico randomizado e controlado que constatou uma melhora no êxito da gestação quando pacientes com hiperprolactinemia que já tiveram abortamento habitual foram tratadas tem sido criticado devido a sua metodologia.[50]Dlugi AM. Hyperprolactinemic recurrent spontaneous pregnancy loss: a true clinical entity or a spurious finding? Fertil Steril. 1998 Aug;70(2):253-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9696216?tool=bestpractice.com
Assim, a relação ainda é incerta.
Distúrbios tireoidianos não diagnosticados e não tratados
Esses distúrbios são associados aos abortos espontâneos, mas, quando as mulheres são eutireoideas durante o tratamento, os distúrbios tireoidianos não são fatores de risco para abortamento habitual, e essas gestações podem chegar ao fim com complicações mínimas.[51]Abalovich M, Gutierrez S, Alcaraz G, et al. Overt and subclinical hypothyroidism complicating pregnancy. Thyroid. 2002 Jan;12(1):63-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11838732?tool=bestpractice.com
Constatou-se que a presença de anticorpos tireoidianos está associada a uma taxa mais alta de aborto espontâneo.[52]Prummel MF, Wiersinga WM. Thyroid autoimmunity and miscarriage. Eur J Endocrinol. 2004 Jun;150(6):751-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15191343?tool=bestpractice.com
No entanto, a presença da associação não significa causa e pode ser explicada por mecanismos como um estado autoimune subjacente ou insuficiência tireoidiana leve.[52]Prummel MF, Wiersinga WM. Thyroid autoimmunity and miscarriage. Eur J Endocrinol. 2004 Jun;150(6):751-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15191343?tool=bestpractice.com
Embora não exista nenhum tratamento disponível para a autoimunidade contra o aloenxerto fetal, o rastreamento de hipotireoidismo subclínico pode ser feito, pois as pacientes podem ser tratadas e ter desfechos melhores em gestações.[51]Abalovich M, Gutierrez S, Alcaraz G, et al. Overt and subclinical hypothyroidism complicating pregnancy. Thyroid. 2002 Jan;12(1):63-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11838732?tool=bestpractice.com
Diabetes mellitus
Quando não controlado, o diabetes mellitus causa abortos espontâneos e malformações congênitas. No entanto, quando bem controlado, o diabetes mellitus isoladamente não é um fator de risco para aborto espontâneo e, assim, não deve causar abortamento habitual.[53]Mills JL, Simpson JL, Driscoll SG, et al. Incidence of spontaneous abortion among normal women and insulin-dependent diabetic women whose pregnancies were identified within 21 days of conception. N Engl J Med. 1988 Dec 22;319(25):1617-23.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3200277?tool=bestpractice.com
Infecciosa
As infecções graves foram associadas a abortos espontâneos. No entanto, para que a infecção seja considerada uma causa de aborto recorrente, a bactéria ou vírus deve ser capaz de persistir no trato genital (para facilitar um estado de portador infeccioso) ou ser capaz de causar infecção placentária repetidamente.[26]Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. Recurrent miscarriage: green-top guideline no. 17. Jun 2023 [internet publication].
https://www.rcog.org.uk/guidance/browse-all-guidance/green-top-guidelines/recurrent-miscarriage-green-top-guideline-no-17
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37334488?tool=bestpractice.com
[54]Summers PR. Microbiology relevant to recurrent miscarriage. Clin Obstet Gynecol. 1994 Sep;37(3):722-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7955656?tool=bestpractice.com
A presença de vaginose bacteriana é um fator de risco reconhecido para aborto espontâneo tardio e nascimento pré-termo quando detectada no início da gestação.[55]Hay PE, Lamont RF, Taylor-Robinson D, et al. Abnormal bacterial colonisation of the genital tract and subsequent preterm delivery and late miscarriage. BMJ. 1994 Jan 29;308(6924):295-8.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2539287
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8124116?tool=bestpractice.com
Não existem evidências de que outras infecções bacterianas ou virais, como por Chlamydia, Ureaplasma, Mycoplasma, citomegalovírus, vírus adeno-associado, papilomavírus humano (HPV), toxoplasmose, rubéola, herpes-vírus e listeriose, estejam associadas a abortamentos habituais no primeiro trimestre.[54]Summers PR. Microbiology relevant to recurrent miscarriage. Clin Obstet Gynecol. 1994 Sep;37(3):722-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7955656?tool=bestpractice.com
[56]Matovina M, Husnjak K, Milutin N, et al. Possible role of bacterial and viral infections in miscarriages. Fertil Steril. 2004 Mar;81(3):662-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15037417?tool=bestpractice.com
O fato de ser portador do vírus do herpes simples não implica maior suscetibilidade a abortamentos habituais.
Há evidências crescentes de que mulheres com perdas gestacionais recorrentes têm uma incidência aumentada de endometrite crônica (29.67%), diagnosticada por visualização histeroscópica, avaliação histológica e/ou coloração de CD138 na biópsia do endométrio. A endometrite crônica pode ser tratada com êxito com antibióticos; no entanto, não está claro se isso leva a um aumento na proporção de nascidos vivos.[57]Pirtea P, Cicinelli E, De Nola R, et al. Endometrial causes of recurrent pregnancy losses: endometriosis, adenomyosis, and chronic endometritis. Fertil Steril. 2021 Mar;115(3):546-60.
https://www.fertstert.org/article/S0015-0282(20)32752-7/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33581856?tool=bestpractice.com
Fator masculino
Tem havido interesse em investigar as causas do fator masculino na perda gestacional recorrente, especificamente a fragmentação do DNA espermático. Duas metanálises revelaram uma associação entre o aumento da fragmentação do DNA espermático nos parceiros do sexo masculino e abortamento habitual inexplicado.[58]McQueen DB, Zhang J, Robins JC. Sperm DNA fragmentation and recurrent pregnancy loss: a systematic review and meta-analysis. Fertil Steril. 2019 Jul;112(1):54-60.e3.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31056315?tool=bestpractice.com
[59]Yifu P, Lei Y, Shaoming L, et al. Sperm DNA fragmentation index with unexplained recurrent spontaneous abortion: A systematic review and meta-analysis. J Gynecol Obstet Hum Reprod. 2020 Apr 26;:101740.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32348878?tool=bestpractice.com
Testes para avaliar a fragmentação do DNA espermático medem quebras de DNA de fita simples e/ou dupla nos espermatozoides direta ou indiretamente.
A European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE) recomenda a realização de testes de fragmentação de DNA espermático para fins explicativos nas perdas gestacionais recorrentes, enquanto outras sociedades não endossam essa recomendação.[1]European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE). Guideline on the management of recurrent pregnancy loss. Feb 2023 [internet publication].
https://www.eshre.eu/Guidelines-and-Legal
[60]Papas RS, Kutteh WH. A new algorithm for the evaluation of recurrent pregnancy loss redefining unexplained miscarriage: review of current guidelines. Curr Opin Obstet Gynecol. 2020 Oct;32(5):371-79.
https://journals.lww.com/co-obgyn/Fulltext/2020/10000/A_new_algorithm_for_the_evaluation_of_recurrent.10.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32590384?tool=bestpractice.com
Atualmente, não há consenso internacional geral para oferecer este teste como um exame diagnóstico de rotina.
Ambiental
Substâncias químicas
Existe a preocupação de que substâncias químicas, ingeridas ou presentes nas proximidades, podem contribuir para abortamento habitual. No entanto, é difícil fornecer informações exatas sobre o impacto dessas substâncias na reprodução, pois não existem evidências prontamente disponíveis.[61]Gardella JR, Hill JA 3rd. Environmental toxins associated with recurrent pregnancy loss. Semin Reprod Med. 2000;18(4):407-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11355800?tool=bestpractice.com
A possibilidade de uma substância química ambiental causar aborto espontâneo também depende do tipo e da duração da exposição, da extensão em que ela entra na circulação fetal, da idade gestacional da gestação no momento da exposição e de outros fatores gestacionais relacionados, como a presença de algum distúrbio clínico. Está claro que metais pesados (por exemplo, chumbo e mercúrio), solventes orgânicos, radiação ionizante e medicamentos teratogênicos são toxinas, e a exposição pode contribuir para a perda gestacional.[61]Gardella JR, Hill JA 3rd. Environmental toxins associated with recurrent pregnancy loss. Semin Reprod Med. 2000;18(4):407-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11355800?tool=bestpractice.com
Se houver suspeita de que a exposição a esses perigos ocupacionais é a causa de um aborto espontâneo, é melhor evitar um novo contato, se possível, com a esperança de evitar a ocorrência de outro aborto espontâneo.
Bebidas alcoólicas e tabagismo
O álcool é uma substância teratogênica que pode causar síndrome alcoólica fetal, com uma relação entre dose e resposta.[61]Gardella JR, Hill JA 3rd. Environmental toxins associated with recurrent pregnancy loss. Semin Reprod Med. 2000;18(4):407-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11355800?tool=bestpractice.com
Nenhuma quantidade de álcool é considerada segura durante a gestação e, mesmo moderado, o consumo de bebidas alcoólicas pode causar um aborto espontâneo.[62]Kline J, Shrout P, Stein Z, et al. Drinking during pregnancy and spontaneous abortion. Lancet. 1980 Jul 26;2(8187):176-80.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6105341?tool=bestpractice.com
Assim, pode-se presumir que, se não for removido, esse risco também está relacionado ao abortamento habitual. De modo similar, muitos estudos encontraram uma associação dose-dependente entre aborto espontâneo e tabagismo. Infelizmente, é difícil validar com exatidão a precisão dos relatos de tabagismo com medições bioquímicas de tabaco.[61]Gardella JR, Hill JA 3rd. Environmental toxins associated with recurrent pregnancy loss. Semin Reprod Med. 2000;18(4):407-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11355800?tool=bestpractice.com
Não existem evidências sobre adaptação de estilo de vida e seu efeito em mulheres com aborto espontâneo inexplicado.
Cafeína
A associação não é tão evidente com cafeína. Diversos estudos têm observado uma correlação positiva entre a ingestão materna de cafeína e o risco de aborto espontâneo. Infelizmente, a maioria desses estudos tem problemas metodológicos e possíveis tendências que não permitem comparar os resultados. Assim, as evidências para essa ligação causal continuam sendo inconclusivas.[63]Signorello LB, McLaughlin JK. Maternal caffeine consumption and spontaneous abortion: a review of the epidemiologic evidence. Epidemiology. 2004 Mar;15(2):229-39.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15127917?tool=bestpractice.com
Fatores genéticos podem estar envolvidos, o que é demonstrado por um possível aumento no risco de abortamento habitual com aumento da ingestão de cafeína quando polimorfismos genéticos estão presentes.[64]Sata F, Yamada H, Suzuki K, et al. Caffeine intake, CYP1A2 polymorphism and the risk of recurrent pregnancy loss. Mol Hum Reprod. 2005 May;11(5):357-60.
https://molehr.oxfordjournals.org/cgi/content/full/11/5/357
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15849225?tool=bestpractice.com
Radiografias diagnósticas, radiação, viagens aéreas, ultrassonografias e cosméticos
Acredita-se que radiografias diagnósticas, viagens aéreas, ultrassonografias e cosméticos como esmaltes e tintura de cabelo não causam abortamento habitual.[61]Gardella JR, Hill JA 3rd. Environmental toxins associated with recurrent pregnancy loss. Semin Reprod Med. 2000;18(4):407-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11355800?tool=bestpractice.com
Radiação <5 rad não é teratogênica, e a maioria das imagens radiológicas de diagnóstico emitem menos que isso. Além disso, qualquer risco atribuído por radiação baixa é muito menor que o risco a priori de aborto espontâneo ou anomalia congênita. Também acredita-se que a ultrassonografia é segura quando realizada para as indicações certas, e reduz a necessidade de exposição à radiação.[65]Brent RL. The effects of embryonic and fetal exposure to x-ray, microwaves, and ultrasound. Clin Perinatol. 1986 Sep;13(3):615-48.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3533368?tool=bestpractice.com
Inexplicada
Nenhuma causa ou associação é encontrada em >50% das pacientes com abortamento habitual, e essas pacientes são enquadradas na categoria de abortamento habitual inexplicado ou idiopático.[4]Habayeb OM, Konje JC. The one-stop recurrent miscarriage clinic: an evaluation of its effectiveness and outcome. Hum Reprod. 2004 Dec;19(12):2952-8.
https://humrep.oxfordjournals.org/cgi/content/full/19/12/2952
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15388685?tool=bestpractice.com
[5]Quenby SM, Farquharson RG. Predicting recurring miscarriage: what is important? Obstet Gynecol. 1993 Jul;82(1):132-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8515913?tool=bestpractice.com
No entanto, elas têm um prognóstico excelente. Até 75% delas conseguem dar à luz em futuras gestações quando recebem apenas cuidados de suporte (com ultrassonografias periódicas para tranquilização) e apoio psicológico em uma unidade de avaliação de gestação precoce (UAGP) dedicada.[7]Brigham SA, Conlon C, Farquharson RG. A longitudinal study of pregnancy outcome following idiopathic recurrent miscarriage. Hum Reprod. 1999 Nov;14(11):2868-71.
https://humrep.oxfordjournals.org/cgi/content/full/14/11/2868
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10548638?tool=bestpractice.com
[26]Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. Recurrent miscarriage: green-top guideline no. 17. Jun 2023 [internet publication].
https://www.rcog.org.uk/guidance/browse-all-guidance/green-top-guidelines/recurrent-miscarriage-green-top-guideline-no-17
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37334488?tool=bestpractice.com
Assim, o tratamento empírico nesse grupo de mulheres é desnecessário e não recomendado.[26]Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. Recurrent miscarriage: green-top guideline no. 17. Jun 2023 [internet publication].
https://www.rcog.org.uk/guidance/browse-all-guidance/green-top-guidelines/recurrent-miscarriage-green-top-guideline-no-17
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/37334488?tool=bestpractice.com