Abordagem

A dermatite disidrótica caracteristicamente segue uma evolução remitente-recorrente tendo, portanto, resolução sem qualquer tratamento, na maioria dos casos; entretanto, os pacientes gostariam de receber terapias para diminuir a duração e evitar a recorrência de erupções desconfortáveis.

Modificação do estilo de vida

Instrua os pacientes a evitarem fatores desencadeantes ou de exacerbação identificados. Instrua todos os pacientes sobre as estratégias para manter efetivos os mecanismos de barreira da pele, como o uso frequente de emolientes, evitar o uso de agentes irritantes e usar luvas e calçados de proteção.[22] Instrua a evitarem trabalho prolongado em condições de umidade e com agentes de limpeza agressivos e sugira hidratar imediatamente a pele com um forte emoliente, preferivelmente um produto à base de parafina branca mole, após cada exposição à água.[22] Em associação com essas medidas, alguns pacientes necessitam de terapias adjuvantes adicionais:

Prurido

  • O controle dos sintomas de prurido pode ser alcançado com anti-histamínicos orais.

Hiperidrose

  • A hiperidrose é um fator de exacerbação para alguns pacientes com dermatite disidrótica.

  • Nesse subgrupo de pacientes, podem ser úteis modalidades que interrompem a função sudorípara écrina, como cloreto de alumínio tópico, iontoforese, glicopirrônio tópico e toxina botulínica tipo A.[23][24][25]

  • Esses tratamentos são relativamente seguros, embora a toxina botulínica tipo A cause o efeito adverso temporário de fraqueza das mãos.

  • A BTXA tem prevalência sobre iontoforese.

Alergias a níquel

  • Diversos estudos sugerem uma função sistêmica para a exacerbação relacionada ao níquel da dermatite disidrótica em pacientes alérgicos a níquel.[26][27]

  • Depois que os pacientes sensíveis a níquel são identificados por meio do teste de contato ou do teste de desencadeamento oral, eles devem rigorosamente evitar contato com qualquer objeto que contenha níquel. Pode ser usado um kit de dimetilglioxima para testar o teor de níquel em objetos frequentemente encontrados.

  • Se, após essas precauções, o paciente ainda apresentar crises, alguns autores recomendam tentar diminuir a exposição sistêmica ao níquel.[27][28] Uma dieta com baixo teor de níquel é útil para alguns pacientes motivados com dermatite disidrótica persistente e alergia a níquel comprovada por meio de teste de contato ou de desafio oral.[27][28]

  • Outros métodos empregados para diminuir os efeitos sistêmicos de níquel incluem tratamento com agentes orais (como vitamina C, ferro, dissulfiram e cromoglicato de sódio) e dessensibilização.[29][30][31]​ Um metabólito do dissulfiram se liga a metais bivalentes, incluindo o níquel, ao passo que o cromoglicato de sódio inibe a degranulação de mastócitos. Acredita-se que a anemia ferropriva aumente a absorção de níquel (de maneira secundária a uma up-regulation do transportador de metal divalente 1 [TMD1]] na superfície luminal do enterócito), e é tratada com suplementação de ferro. A vitamina C age na supressão da absorção de níquel.[32]

  • No entanto, as terapias específicas para níquel, como um todo, ainda necessitam de grandes estudos randomizados e controlados.

Pacientes que não respondem às modificações do estilo de vida

Se a doença persistir após a tomada de medidas conservadoras referentes ao estilo de vida, frequentemente são usados corticosteroides tópicos.[15][33][34]​​​ Pode ser necessária uma preparação potente durante as primeiras semanas para o controle da erupção. Em seguida, deve-se reduzi-la gradualmente a uma formulação menos potente para o ciclo restante do tratamento.[35]

Imunomoduladores tópicos, como tacrolimo e pimecrolimo, são agentes poupadores de corticosteroide úteis para a manutenção em longo prazo, e quando houver preocupações quanto à atrofia cutânea com corticosteroides tópicos.[15][36][37][38]​​​​ Entretanto, imunomoduladores tópicos não penetram bem na pele espessa; portanto, se esses agentes forem usados em pele espessamente queratinizada, deverá ser também considerado o uso de um queratolítico (como um creme que contenha ureia) para melhorar a absorção.[36][37]

Pode ser necessário o prosseguimento das modificações do estilo de vida em determinados pacientes, apesar da adaptação da terapia.

Pacientes que não respondem a terapias tópicas

Um ciclo curto de prednisolona por via oral é, às vezes, útil se os sintomas do paciente forem muito agudos e não puderem ser controlados com métodos direcionados para a pele.[2] O uso em longo prazo de corticosteroides orais não é incentivado em virtude da conhecida série de efeitos adversos. Corticosteroides tópicos e modificação do estilo de vida podem ser continuados, caso necessário.

Doença recalcitrante

Os pacientes com esse nível de gravidade devem buscar uma consulta em uma clínica especializada em dermatologia.

O uso de fototerapia ou imunossupressores pode ser considerado. Psoralenos tópicos (por exemplo, metoxisaleno) associados a ultravioleta A (PUVA) e UVB de banda estreita são medidas eficazes.[15][38]​​[39][40][41]​​​​ PUVA oral é uma opção de segunda linha, pois, embora seja eficaz, pode representar risco de câncer de pele com a exposição repetida.

Imunossupressores sistêmicos são usados com algum sucesso em pacientes com dermatite disidrótica sem resposta clínica à terapia convencional e para doença recalcitrante sem resposta à fototerapia.[42][43][44][45]​ Entretanto, as evidências de eficácia para dermatite disidrótica são fracas.[38]

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal