Considerações de urgência

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Febre e neutropenia

A febre em um paciente neutropênico é uma emergência e deve ser tratada imediatamente. A febre pode ser o único sintoma de infecção em pacientes neutropênicos.[42] Consulte Neutropenia febril.

Sepse

Os pacientes com neutropenia febril têm risco de sepse e choque séptico.[43][44]​​​​ A sepse é um espectro de doença na qual existe uma resposta sistêmica e desregulada do hospedeiro a uma infecção.[45]​ A apresentação varia desde sintomas sutis e inespecíficos (por exemplo, indisposição com temperatura normal) a sintomas graves com evidências de disfunção de múltiplos órgãos e choque séptico. Os pacientes podem apresentar sinais de taquicardia, taquipneia, hipotensão, febre ou hipotermia, enchimento capilar lentificado, pele manchada ou pálida, cianose, estado mental recém-alterado, débito urinário reduzido.[46]​ A sepse e o choque séptico são emergências médicas.

Os fatores de risco para sepse incluem: idade abaixo de 1 ano, idade acima de 75 anos, fragilidade, imunidade prejudicada (devido a doença ou medicamentos), cirurgia recente ou outros procedimentos invasivos, qualquer violação da integridade da pele (por exemplo, cortes, queimaduras), uso indevido de drogas intravenosas, acessos venosos ou cateteres, gravidez ou gravidez recente.[46]

O reconhecimento precoce da sepse é essencial porque o tratamento precoce melhora os desfechos.[46][47][Evidência C][Evidência C]​​​​​​ Contudo, a detecção pode ser desafiadora porque o quadro clínico da sepse pode ser sutil e inespecífico. Portanto, um limiar baixo para a suspeita de sepse é importante. A chave para o reconhecimento precoce é a identificação sistemática de qualquer paciente que tenha sinais ou sintomas sugestivos de infecção e esteja em risco de deterioração devida a disfunção orgânica. Várias abordagens de estratificação do risco foram propostas. Todas contam com uma avaliação clínica estruturada e o registro dos sinais vitais do paciente.[46][48][49]​​​[50][51]​ É importante consultar as orientações locais para obter informações sobre a abordagem recomendada pela sua instituição. A cronologia das investigações e tratamentos deve ser orientada por essa avaliação inicial.[50]

A Surviving Sepsis Campaign produziu diretrizes de tratamento que constituem ainda hoje o padrão mais amplamente aceito.[47][52]​ O tratamento recomendado para os pacientes com suspeita de sepse é:

  • Meça o nível de lactato e realize novamente a medição caso o lactato inicial esteja elevado (>2 mmol/L [>18 mg/dL])

  • Obtenha hemoculturas antes de administrar antibióticos

  • Administrar antibióticos de amplo espectro (com cobertura de Staphylococcus aureus resistente à meticilina [MRSA], se houver alto risco de MRSA) para adultos com possível choque séptico ou alta probabilidade de sepse

  • Para os adultos com sepse ou choque séptico com alto risco de infecção fúngica, deve-se administrar terapia antifúngica empírica

  • Comece uma administração rápida de cristaloides se houver hipotensão ou um nível de lactato ≥4 ​mmol/L (≥36 mg/dL). Consulte os protocolos locais

  • Administre vasopressores por via periférica se o paciente estiver hipotenso durante ou após a ressuscitação fluídica para manter uma pressão arterial média (PAM) ≥65 mmHg, em vez de protelar o início até que um acesso venoso central esteja assegurado. A noradrenalina é o vasopressor de escolha

  • Para os adultos com insuficiência respiratória hipoxêmica induzida por sepse, deve-se administrar oxigênio nasal de alto fluxo.

Idealmente, essas intervenções devem começar na primeira hora após a identificação da sepse.[52]

Para pacientes com possível sepse sem choque, se a preocupação relativa à infecção persistir, deve-se administrar antibióticos até 3 horas após o reconhecimento inicial de sepse.[47]​ Para os adultos com baixa probabilidade de infecção e sem choque, os antibióticos podem ser postergados e pode-se continuar monitorando o paciente rigorosamente.[47]

Para obter mais informações sobre sepse, consulte nossos tópicos Sepse em adultos e Sepse em crianças.

Agranulocitose (contagem absoluta de neutrófilos <0.1 x10⁹/L ou <100 neutrófilos/mm³)

A agranulocitose grave requer manejo urgente. Caso se suspeite de um medicamento como causa, ele precisa ser descontinuado imediatamente. Os medicamentos causadores de neutropenia mais comuns são clozapina, medicamentos antitireoidianos (tionamidas) e sulfassalazina.[17][18][19][20]

A agranulocitose grave também é observada nas neutropenias congênitas, das quais as mais comuns são neutropenia congênita grave e neutropenia cíclica.

Deve ser administrada profilaxia com antibióticos, incluindo cobertura das espécies Gram-negativas. A citocina fator estimulante de colônia de granulócitos (G-CSF) recombinante de neutrófilos também é usada, especialmente no manejo de neutropenias congênitas.

Deve-se procurar consulta com especialista se o médico não estiver familiarizado com o tratamento de agranulocitose.

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