Considerações de urgência

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Emergências obstétricas

Descolamento da placenta

  • O perigo para a mãe depende da gravidade do descolamento, enquanto o risco para o feto está relacionado à gravidade do descolamento e à idade gestacional na qual ele ocorre. Além de causar hemorragia, pode causar coagulação intravascular disseminada (CIVD). Em caso de descolamento grave e com comprometimento do bem-estar materno e fetal, é indicado parto urgente, geralmente por parto cesáreo.

Ruptura uterina

  • Uma catástrofe obstétrica que pode levar à hemorragia maciça intra-abdominal, mortalidade materna e morte fetal. Os sinais e sintomas iniciais podem ser inespecíficos, dificultando o diagnóstico e retardando a cirurgia que poderá salvar vidas. Como o tempo é crítico, o diagnóstico de ruptura do útero é geralmente baseado em achados clínicos. Um parto cesáreo urgente é necessário para o nascimento do feto e para reparar o útero. Uma histerectomia pode ser considerada em casos de sangramento uterino grave intratável ou danos uterinos extensos.

Gravidez ectópica

  • Se não for diagnosticada ou for tratada incorretamente, pode levar à morte materna devido à ruptura do sítio de implantação e hemorragia intraperitoneal. As pacientes com um teste de gravidez na urina positivo e ausência de gestação intrauterina na ultrassonografia transvaginal são consideradas portadoras de gravidez ectópica até que se comprove o contrário. A laparoscopia urgente com salpingectomia ou salpingostomia é realizada em caso de gravidez ectópica rota.

Síndrome de hemólise, enzimas hepáticas elevadas e plaquetopenia (HELLP)

  • Em casos de síndrome HELLP, as taxas de mortalidade maternas variam de 0% a 24%, com as causas mais comuns sendo hemorragia cerebral, parada cardiopulmonar e CIVD.[15] Além disso, as mães com síndrome HELLP tem um risco elevado de parto prematuro, descolamento da placenta e hematoma hepático subcapsular. A mortalidade perinatal varia de 11% a 37%.[34][35] A maioria das complicações neonatais parece ser resultante da prematuridade e insuficiência placentária. O tratamento inclui o parto do feto, assim que possível.

Esteatose hepática aguda da gravidez

  • Se não for tratado, a fase prodrômica evolui frequentemente para icterícia, podendo progredir para insuficiência hepática fulminante. O tratamento envolve a expulsão imediata do feto e a correção da insuficiência hepática.

Síndrome da hiperestimulação ovariana (SHEO)

  • A complicação iatrogênica com maior risco de vida, ocorrendo em 2% das mulheres que se submetem à estimulação por gonadotrofina. Na forma grave (0.2%), a SHEO é caracterizada por ovários aumentados, ascite, aumento da viscosidade sanguínea e disfunção renal ou hepática.[9] Os casos graves necessitam de hospitalização, com monitoramento cuidadoso e tratamento com um médico experiente em SHEO.

Parto prematuro

  • As contrações uterinas, levando a um possível parto prematuro e ruptura prematura de membranas, podem ser desencadeadas por nefrolitíase, infecções do trato urinário (ITUs, especialmente a pielonefrite), síndrome HELLP, descolamento da placenta (envolvido em 10% dos partos prematuros), corioamnionite e apendicite, prejudicando, portanto, a sobrevivência do feto.[10] Os agentes tocolíticos são usados para suprimir as contrações se a gestação tiver <34 semanas.

Massas anexiais

A deficiência de fluxo sanguíneo devido à torção anexial (ovariana) pode levar à congestão, edema, descoloração, isquemia e necrose. Se as massas anexiais não forem imediatamente identificadas e tratadas cirurgicamente, os danos nos anexos podem se tornar irreversíveis.

A torção anexial pode complicar também a síndrome da hiperestimulação ovariana (SHEO), em virtude da presença de ovários císticos aumentados. Se um cisto anexial grande se romper, pode haver dor intensa com vômitos e um grau de choque. Um cisto de corpo lúteo hemorrágico pode causar sangramento livre para dentro da cavidade peritoneal. A cirurgia urgente para controlar o sangramento é indicada na paciente instável hemodinamicamente.

Emergências urológicas

A pielonefrite pode ser uma doença com risco de vida, já que pode causar sepse, síndrome do desconforto respiratório no adulto e insuficiência renal aguda. Ela pode levar ao parto prematuro. A hospitalização e o tratamento com antibióticos intravenosos são necessários.

Emergências gastrointestinais

A pancreatite é um evento incomum e potencialmente devastador na gestação. Pode haver uma progressão rápida de uma fase de edema leve à pancreatite necrosante. Em casos fulminantes, o pâncreas é substituído por pus negro. A morte pode ser causada por choque, insuficiência renal, sepse ou insuficiência respiratória. Uma alta taxa de mortalidade fetal foi relatada como resultado da pancreatite hiperlipidêmica.[36] Há indicação de parecer cirúrgico urgente.

A morbidade e a mortalidade maternais em decorrência da apendicite aguda são geralmente associadas à idade gestacional avançada, ao retardo significativo no diagnóstico e à perfuração do apêndice. A taxa de parto prematuro é maior durante a primeira semana após a cirurgia. A perda fetal aumenta quando há perfuração. Uma consulta cirúrgica imediata deve ser obtida, se houver possibilidade de apendicite.

A colecistite aguda é a segunda condição cirúrgica geral mais comum que afeta a gestação (sendo a apendicite a primeira).[37] O manejo não cirúrgico tem sido associado a uma maior incidência de desfechos adversos na gestação, incluindo baixo crescimento fetal, perda da gravidez, trabalho de parto prematuro e parto prematuro.[38][39]​​​​ As diretrizes da Society of American Gastrointestinal and Endoscopic Surgeons (SAGES) recomendam a colecistectomia laparoscópica em vez do manejo não cirúrgico para as gestantes que apresentarem colecistite aguda.[40]​ Deve-se buscar uma avaliação cirúrgica urgente se houver sintomas biliares agudos presentes em uma gestante.

Trauma

A transmissão ao útero de pressão devido ao traumatismo contuso pode causar descolamento de placenta e ruptura uterina. A lesão fetal direta, comumente envolvendo danos ao cérebro e ao crânio do feto, é causada por fratura pélvica associada a uma apresentação cefálica com encaixe.

Quando ocorre ruptura esplênica na gestação, a maioria dos casos está associada a uma alta mortalidade materna devido à hemorragia intra-abdominal. O abuso doméstico é a causa mais comum, por isso as pacientes costumam demorar para procurar ajuda, resultando no atraso do diagnóstico.

Em casos de lesão traumática grave, o monitoramento fetal deve ser implementado imediatamente e o especialista relevante deve ser consultado.

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