Etiologia
A etiologia da espondilose cervical é subjacente à degeneração espontânea da articulação. Ela está relacionada à idade e ao desgaste.[2][7][16] No entanto, em estudos com gêmeos concordantes observa-se uma predisposição genética significativa para desenvolver degeneração cervical, além de fatores relacionados com a ocupação e atividade.[17] Da mesma forma, parece haver uma predisposição genética ou hereditária significativa para o desenvolvimento de mielopatia cervical degenerativa (MCD).[18]
Uma vez que a degeneração começa (geralmente na segunda ou terceira década), a degeneração articular cervical se agrava lentamente ao longo da vida. A influência relativa do desgaste diário, trauma e genética sobre a taxa de degeneração permanece obscura, embora a espondilose radiográfica seja geralmente relacionada à idade e nenhum tratamento conhecido possa reverter o processo.[19]
Fisiopatologia
A coluna inclui duas articulações cartilaginosas básicas: o disco, que inicialmente contém um material de hidrogel complexo, e as facetas articulares, que são as articulações sinoviais.[16]
O hidrogel do disco não é bem conservado com a maturidade em decorrência da perda de células primárias do disco (que produzem e mantêm o hidrogel) e da esclerose das placas terminais (que impede a difusão de nutrientes). A articulação do disco torna-se desidratada e estreita. Em um determinado grau de estreitamento, o anel do disco, que normalmente não tem terminações nervosas, pode tornar-se inervado e desenvolver osteófitos nas margens, semelhantes a qualquer tipo de articulação móvel. Como a função das facetas articulares é principalmente a prevenção de rotação e flexão/extensão, sua degeneração é reforçada com mais carga axial à medida que a articulação do disco se estreita, impondo mais estresse às facetas articulares.
A degeneração articular cervical ou espondilose é totalmente assintomática em muitas pessoas, exceto, talvez, pela redução da amplitude do movimento cervical.[1][4]
No entanto, vários pacientes sentem dor cervical axial com alterações degenerativas leves (isto é, somente um estreitamento articular limitado).[20] Por essa razão, o grau de espondilose nas radiografias cervicais ou na ressonância nuclear magnética (RNM) não se correlaciona necessariamente com a síndrome de dor cervical axial.[1][4][21] A dor cervical axial idiopática, como a que ocorre nas alterações degenerativas, demonstra um desfecho pior que a associada a uma causa específica.[22]
Acredita-se que a dor em pessoas com espondilose cervical seja oriunda dos sinais de receptores das articulações (inclusive os de fibras nervosas anormais que inervam o anel com degeneração), que são encaminhados para os músculos paraespinhais cervicais em particular, resultando em espasmo muscular paraespinhal e na característica dor interescapular e cervical lateral.[2][6][7]
A radiculopatia espondilótica cervical (REC) ocorre se o nervo que sai da medula espinhal e do canal vertebral for comprimido por um disco degenerativo (ou seja, hérnia de disco, em que um ponto fraco anular permite o deslocamento do conteúdo do núcleo do disco, que se torna adjacente à raiz nervosa) ou por alterações articulares degenerativas moderadas a graves, estreitando a saída da raiz no nível foraminal.[23][24]
A MCD geralmente envolve a degeneração grave do disco e das facetas com alterações no alinhamento da coluna, como cifose ou espondilolistese, juntamente com a formação de osteófitos. Isso causa um canal vertebral significativamente estreitado e deformação secundária da medula espinhal.[13][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Ressonância nuclear magnética (RNM) cervical (T2 sagital) com doença articular degenerativa moderada, mas sem compressão significativa da medula espinhalDennis A. Turner, MA, MD [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Ressonância nuclear magnética (RNM) cervical (T2 sagital) com doença articular degenerativa leve e abaulamento do discoDennis A. Turner, MA, MD [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Alterações graves e de múltiplos níveis da doença degenerativa do disco, mas sem compressão significativa da medula espinhal (isto é, sem deformações ou alterações intrínsecas em T2) na ressonância nuclear magnética (RNM) cervical (T2 sagital)Dennis A. Turner, MA, MD [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Um único nível de compressão da medula espinhal com alterações em T2, na sequência sagital cervical de T2 na presença de mielopatia cervical degenerativa sintomáticaDennis A. Turner, MA, MD [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Compressão da medula espinhal prévia em C3/4 na ressonância nuclear magnética (RNM) sagital de T2, com alterações residuais em T2 e nova compressão em C2/3 e C6/7, com alterações em T2Dennis A. Turner, MA, MD [Citation ends].
Classificação
Síndromes clínicas
Não há uma classificação etiológica simples e aceita, mas os sintomas se agrupam em síndromes clínicas.
Muitos pacientes com espondilose cervical radiográfica não apresentam sintomas, por isso comumente há uma dissociação entre os estudos radiográficos (ou seja, ressonância nuclear magnética [RNM]) e a presença de sintomas.[1][2] Os sintomas incluem:
Dor cervical axial, que inclui o movimento reduzido da coluna cervical, espasmo muscular paraespinhal e dor referida, semelhante a outras articulações do corpo
Radiculopatia espondilótica cervical (REC), uma síndrome específica de irradiação da dor no braço seguindo uma única distribuição da raiz nervosa cervical, que surge da compressão mecânica e/ou irritação química dessa raiz nervosa específica, geralmente em sua saída do canal vertebral
A mielopatia cervical degenerativa (MCD), uma síndrome específica de déficit neurológico nos membros superiores e inferiores resultante da pressão da medula espinhal na coluna cervical, em virtude de alterações degenerativas do disco e/ou facetas articulares.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Diagrama de subconjuntos de espondilose cervical, incluindo vários sintomas possivelmente surgidos no campo mais amplo da espondilose assintomática (radiográfica)Dennis A. Turner, MA, MD [Citation ends].
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