As 3 causas mais comuns de perda olfatória devem receber atenção especial: infecção viral prévia, traumatismo cranioencefálico e rinossinusite crônica.[16]Patel ZM, Holbrook EH, Turner JH, et al. International consensus statement on allergy and rhinology: olfaction. Int Forum Allergy Rhinol. 2022 Apr;12(4):327-680.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/alr.22929
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35373533?tool=bestpractice.com
Cada uma dessas 3 causas é responsável por 10% a 20% dos casos.[7]Deems DA, Doty RL, Settle RG, et al. Smell and taste disorders, a study of 750 patients from the University of Pennsylvania Smell and Taste Center. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 1991;117:519-528.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2021470?tool=bestpractice.com
[8]Seiden AM, Duncan HJ. The diagnosis of a conductive olfactory loss. Laryngoscope. 2001 Jan;111(1):9-14.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11192906?tool=bestpractice.com
[9]Hoekman PK, Houlton JJ, Seiden AM. The utility of magnetic resonance imaging in the diagnostic evaluation of idiopathic olfactory loss. Laryngoscope. 2014 Feb;124(2):365-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23775878?tool=bestpractice.com
Causas menos comuns incluem exposição a substâncias químicas tóxicas, radiação ou medicamentos (por exemplo, medicamentos quimioterápicos, spray nasal com gliconato de zinco); cirurgia craniofacial ou neurocirurgia prévia; doença neurodegenerativa; doença autoimune; e neoplasias intracranianas. Raramente, os pacientes apresentam perda olfatória aparentemente congênita ou relacionada à idade avançada. Infelizmente, em muitos casos, a etiologia precisa da perda olfatória permanece desconhecida.
Pós-infecção viral do trato respiratório superior
A maioria das pessoas apresenta uma perda temporária do olfato durante uma infecção respiratória viral aguda do trato superior. No entanto, em casos relativamente raros, a perda persiste após a resolução de todos os outros sintomas de resfriado e gripe. Isso parece ser uma perda sensorial, uma vez que estudos de biópsia demonstraram mudanças degenerativas nos receptores neuronais olfatórios ou no neuroepitélio na fenda olfatória.[10]Jafek BW, Hartman L, Eller PM, et al. Postviral olfactory dysfunction. Am J Rhinol. 1990 May;4(3):91-100. Esses pacientes podem ser anósmicos ou hipósmicos, e muitos podem apresentar disosmia associada. Parece ocorrer mais comumente em uma faixa etária de idade avançada e afeta duas vezes mais mulheres que homens. Uma perda induzida por infecção viral não exibe flutuação, mas até 66% dos pacientes podem apresentar alguma recuperação espontânea em alguns anos.[19]Duncan HJ, Seiden AM. Long-term follow-up of olfactory loss secondary to head trauma and upper respiratory tract infection. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 1995 Oct;121(10):1183-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7546588?tool=bestpractice.com
Um estudo retrospectivo analisando um grande número de pacientes revelou que a incidência de recuperação estava inversamente relacionada à idade na apresentação inicial, com 38.7% dos pacientes demonstrando, de modo geral, melhora clinicamente significativa.[20]Cavazzana A, Larsson M, Münch M, et al. Postinfectious olfactory loss: a retrospective study on 791 patients. Laryngoscope. 2018 Jan;128(1):10-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28556265?tool=bestpractice.com
A incidência de perda olfatória associada a variantes iniciais da COVID-19 (aproximadamente 60%) foi relatada como maior do que a atribuível a outras infecções virais.[21]Addison AB, Wong B, Ahmed T, et al. Clinical Olfactory Working Group consensus statement on the treatment of postinfectious olfactory dysfunction. J Allergy Clin Immunol. 2021 May;147(5):1704-19.
https://www.jacionline.org/article/S0091-6749(21)00004-X/fulltext#secsectitle0070
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33453291?tool=bestpractice.com
No entanto, as variantes posteriores da COVID-19 (por exemplo, a ômicron) parecem causar menos disfunção olfatória do que as variantes anteriores.[22]Butowt R, Bilińska K, von Bartheld C. Why does the omicron variant largely spare olfactory function? Implications for the pathogenesis of anosmia in coronavirus disease 2019. J Infect Dis. 2022 Oct 17;226(8):1304-8.
https://academic.oup.com/jid/article/226/8/1304/6573859
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35467743?tool=bestpractice.com
[23]von Bartheld CS, Wang L. Prevalence of olfactory dysfunction with the omicron variant of SARS-CoV-2: a Systematic review and meta-analysis. Cells. 2023 Jan 28;12(3).
https://www.mdpi.com/2073-4409/12/3/430
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A anosmia total tem sido comumente relatada em pacientes com COVID-19, com recuperação significativa (se não total) em questão de semanas a meses.[21]Addison AB, Wong B, Ahmed T, et al. Clinical Olfactory Working Group consensus statement on the treatment of postinfectious olfactory dysfunction. J Allergy Clin Immunol. 2021 May;147(5):1704-19.
https://www.jacionline.org/article/S0091-6749(21)00004-X/fulltext#secsectitle0070
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[24]Hannum ME, Ramirez VA, Lipson SJ, et al. Objective sensory testing methods reveal a higher prevalence of olfactory loss in COVID-19-positive patients compared to subjective methods: a systematic review and meta-analysis. Chem Senses. 2020 Dec 5;45(9):865-74.
https://academic.oup.com/chemse/article/45/9/865/5912953
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Os pacientes podem relatar início espontâneo de disosmia, que pode se apresentar vários meses após o início dos sintomas de COVID-19.[25]Lerner DK, Garvey KL, Arrighi-Allisan AE, et al. Clinical features of parosmia associated with COVID-19 infection. Laryngoscope. 2022 Mar;132(3):633-9.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/lary.29982
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A evolução clínica pode ser explicado pela infecção, por COVID-19, de células de suporte (sustentaculares) do neuroepitélio olfativo, em vez de receptores neuronais olfativos.[26]Wei G, Gu J, Gu Z, et al. Olfactory dysfunction in patients with coronavirus disease 2019: A Review. Front Neurol. 2021;12:783249.
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fneur.2021.783249/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35115994?tool=bestpractice.com
Nesses pacientes, o prognóstico em longo prazo ainda está sendo avaliado.[27]Tan HQM, Pendolino AL, Andrews PJ, et al. Prevalence of olfactory dysfunction and quality of life in hospitalised patients 1 year after SARS-CoV-2 infection: a cohort study. BMJ Open. 2022 Jan 25;12(1):e054598.
https://bmjopen.bmj.com/content/12/1/e054598
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Traumatismo cranioencefálico
De modo geral, aproximadamente 5%-17% dos pacientes que sofrem traumatismo cranioencefálico apresentam perda olfatória associada, sendo que a incidência aumenta com a gravidade da lesão e a duração da amnésia pós-traumática.[28]Howell J, Costanzo RM, Reiter ER. Head trauma and olfactory function. World J Otorhinolaryngol Head Neck Surg. 2018 Mar;4(1):39-45.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1016/j.wjorl.2018.02.001
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30035260?tool=bestpractice.com
[29]Collet S, Grulois V, Bertrand B, et al. Post-traumatic olfactory dysfunction: a cohort study and update. B-ENT. 2009;5 Suppl 13:97-107.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20084810?tool=bestpractice.com
[30]Temmel AF, Quint C, Schickinger-Fischer B, et al. Characteristics of olfactory disorders in relation to major causes of olfactory loss. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2002 Jun;128(6):635-41.
https://jamanetwork.com/journals/jamaotolaryngology/fullarticle/482893
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O comprometimento olfatório pós-traumático ocorre com maior frequência após uma pancada frontal ou occipital e está relacionado às forças de golpe-contragolpe que causam cisalhamento dos filamentos olfatórios quando da sua passagem pela placa cribiforme. Esses pacientes tendem a ser anósmicos e, geralmente, estão na faixa etária de 20 a 50 anos, além de serem do sexo masculino (o que condiz com o grupo de risco elevado para trauma cranioencefálico). Em outros casos, pode ser decorrente de uma lesão concussiva resultante de pancada frontal ou occipital, e os pacientes podem apresentar alguma recuperação da função, normalmente no primeiro ano após a lesão. A incidência relatada de anosmia após uma lesão cerebral traumática varia muito com a gravidade da lesão (4% a 60%).[31]Singh R, Humphries T, Mason S, et al. The incidence of anosmia after traumatic brain injury: the SHEFBIT cohort. Brain Inj. 2018;32(9):1122-8.
https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/02699052.2018.1483028
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[32]Haxel BR, Grant L, Mackay-Sim A. Olfactory dysfunction after head injury. J Head Trauma Rehabil. 2008 Nov-Dec;23(6):407-13.
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[33]Doty RL, Yousem DM, Pham LT, et al. Olfactory dysfunction in patients with head trauma. Arch Neurol. 1997 Sep;54(9):1131-40.
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Sinusite ou doença nasal crônica
Patologias dos seios nasais e doença nasal crônica que causam uma perda olfatória geralmente por obstrução da cavidade nasal, impedindo assim o acesso de odorantes aos receptores olfatórios. Isso causa uma perda condutiva em vez de uma perda neurossensorial, embora algumas evidências sugiram que também possam existir alterações inflamatórias dentro do neuroepitélio olfatório.[34]Kern RC. Chronic sinusitis and anosmia: pathologic changes in the olfactory mucosa. Laryngoscope. 2000 Jul;110(7):1071-7.
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[35]Konstantinidis I, Witt M, Kaidoglou K, et al. Olfactory mucosa in nasal polyposis: implications for FESS outcome. Rhinology. 2010 Mar;48(1):47-53.
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[36]Yee KK, Pribitkin EA, Cowart BJ, et al. Neuropathology of the olfactory mucosa in chronic rhinosinusitis. Am J Rhinol Allergy. 2010 Mar-Apr;24(2):110-20.
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Essa obstrução pode ser decorrente de pólipos nasais francos, mas também resultar de edema secundário devido a patologia localizada dentro dos seios etmoidais sem pólipos. Uma revisão da literatura constatou que a prevalência da disfunção olfatória em pacientes com rinossinusite crônica chega a 70%, dependendo do método de teste utilizado.[37]Kohli P, Naik AN, Harruff EE, et al. The prevalence of olfactory dysfunction in chronic rhinosinusitis. Laryngoscope. 2017;127:309-20.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27873345?tool=bestpractice.com
Entretanto, os pacientes podem não se queixar de obstrução nasal ou outros sintomas nasais, mas podem se apresentar simplesmente com perda olfatória.[8]Seiden AM, Duncan HJ. The diagnosis of a conductive olfactory loss. Laryngoscope. 2001 Jan;111(1):9-14.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11192906?tool=bestpractice.com
Isso pode tornar o diagnóstico difícil, especialmente ao tentar distinguir de uma etiologia viral. A distinção é importante, pois a rinossinusite crônica pode ser tratada de maneira eficaz para restaurar o sentido do olfato.[12]Kohli P, Naik AN, Farhood Z, et al. Olfactory outcomes after endoscopic sinus surgery for chronic rhinosinusitis: a meta-analysis. Otolaryngol Head Neck Surg. 2016 Dec;155(6):936-48.
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[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Exame físico da cavidade nasal direita usando um endoscópio nasal rígido; pode-se observar um pólipo em protrusão do meato superior (seta), enquanto o meato médio está limpo; a = corneto médio, b = corneto superior, c = septoDo acervo de Dr. Allen M. Seiden [Citation ends].
Exposição tóxica
A maioria dos casos ocorre no local de trabalho. Mas o aumento da exposição a poluentes do ar ambiente pode estar associado à disfunção olfatória.[38]Ajmani GS, Suh HH, Pinto JM. Effects of ambient air pollution exposure on olfaction: a review. Environ Health Perspect. 2016 Nov;124(11):1683-93.
https://ehp.niehs.nih.gov/doi/10.1289/EHP136
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A exposição a diversos agentes tóxicos industriais e ambientais foi associada à perda olfatória, embora muitos relatos na literatura sejam anedóticos.[39]Amoore JE. Effects of chemical exposure on olfaction in humans. In: Barrow CS, ed. Toxicology of the nasal passages. Washington. DC: Hemisphere Publishing; 1986;263-73.[40]Upadhyay UD, Holbrook EH. Olfactory loss as a result of toxic exposure. Otolaryngol Clin N Amer. 2004 Dec;37(6):1185-207.
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Tais relatos frequentemente envolvem exposições excessivas e súbitas em vez de exposições de baixo grau ao longo de anos. Exposições tóxicas comuns incluem incêndio de fósforo, gás cloro, poeira de metais, solventes, fumaças ácidas, vapores de óleo e alguns produtos de limpeza domésticos. Embora sua incidência seja provavelmente subestimada, a exposição tóxica é responsável por aproximadamente 5% dos distúrbios olfatórios.[40]Upadhyay UD, Holbrook EH. Olfactory loss as a result of toxic exposure. Otolaryngol Clin N Amer. 2004 Dec;37(6):1185-207.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15563910?tool=bestpractice.com
Diversos medicamentos (por exemplo, anfetaminas, estrogênio, nafazolina, fenotiazinas, uso prolongado de descongestionantes nasais) podem afetar o sentido do olfato. Há relatos de perda olfatória após o uso de spray nasal de gluconato de zinco de venda livre (para o resfriado comum).[41]Jafek BW, Linschoten MR, Murrow BW. Anosmia after intranasal zinc gluconate use. Am J Rhinol. 2004 May-Jun;18(3):137-41.
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Acredita-se que a perda olfatória ocorra após a exposição do epitélio olfatório ao cátion de zinco.[42]Alexander TH, Davidson TM. Intranasal zinc and anosmia: the zinc-induced anosmia syndrome. Laryngoscope. 2006 Feb;116(2):217-20.
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Agentes quimioterápicos podem causar perda do olfato e do paladar, e radioterapia aplicada no crânio ou pescoço provoca uma perda transitória de ambos os sentidos.[43]Doty RL, Bromley SM. Effects of drugs on olfaction and taste. Otolaryngol Clin North Am. 2004 Dec;37(6):1229-54.
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[44]Comeau TB, Epstein JB, Migas C. Taste and smell dysfunction in patients receiving chemotherapy: a review of current knowledge. Support Care Cancer. 2001 Nov;9(8):575-80.
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[45]Ophir D, Guterman A, Gross-Isseroff R. Changes in smell acuity induced by radiation exposure of the olfactory mucosa. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 1988 Aug;114(8):853-5.
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Pós-cirurgia
A perda olfatória geralmente ocorre após procedimentos neurocirúrgicos na fossa craniana anterior por meio de uma abordagem de craniotomia anterior, bem como após certos procedimentos craniofaciais. Isso é esperado e, portanto, esses pacientes raramente marcam consultas para testes olfatórios adicionais.
A perda olfatória pode ocorrer após a cirurgia endoscópica dos seios paranasais, em razão de lesão direta da fenda olfatória ou de cicatrização que obstrui a fenda. No entanto, isso é muito incomum, provavelmente ocorrendo em menos de 2% dos casos.[46]Hosemann W, Gode U, Wigand ME. Indications, technique, and results of endonasal endoscopic ethmoidectomy. Acta Otorhinolaryngol Belg. 1993;47(1):73-83.
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A maioria dos casos de perda olfatória persistente após cirurgia do trato sinusal é decorrente de sinusite inflamatória crônica.
Doenças neurodegenerativas
Observou-se que a perda olfatória é um sintoma precoce de vários distúrbios neurodegenerativos, notavelmente a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson, embora não seja claro se a perda reflete um deficit verdadeiro ou a demência.[47]Kovacs T. Mechanisms of olfactory dysfunction in aging and neurodegenerative disorders. Ageing Res Rev. 2004 Apr;3(2):215-32.
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Estudos constataram que o declínio olfatório mais rápido em idosos sem demência pode prever maior incidência de comprometimento cognitivo ou demência subsequente.[48]Dintica CS, Marseglia A, Rizzuto D, et al. Impaired olfaction is associated with cognitive decline and neurodegeneration in the brain. Neurology. 2019 Feb 12;92(7):e700-9.
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Na doença de Alzheimer, emaranhados e placas neurofibrilares parecem afetar áreas do cérebro associadas ao olfato, incluindo os bulbos olfatórios. Pacientes com doença de Alzheimer e perda olfatória frequentemente podem não ter consciência de seu deficit olfatório e, portanto, não procuram atendimento médico.[49]Devanand DP, Michaels-Marston KS, Liu X, et al. Olfactory deficits in patients with mild cognitive impairment predict Alzheimer's disease at follow-up. Am J Psychiatry. 2000 Sep;157(9):1399-405.
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Em pacientes com doença de Parkinson, a identificação prejudicada de odores está associada à degeneração neurológica mais rápida, particularmente ao distúrbio da marcha.[50]Wilson RS, Arnold SE, Buchman AS, et al. Odor identification and progression of parkinsonian signs in older persons. Exp Aging Res. 2008 Jul-Sep;34(3):173-87.
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Estudos em pessoas com doença de Parkinson sugerem que o comprometimento do olfato se deve, pelo menos em parte, a um declínio do sistema nervoso central.[51]Iannilli E, Stephan L, Hummel T, et al. Olfactory impairment in Parkinson's disease is a consequence of central nervous system decline. J Neurol. 2017 Jun;264(6):1236-46.
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Doenças autoimunes
Granulomatose com poliangiite (antes conhecida como granulomatose de Wegener) e sarcoidose podem manifestar-se no nariz e, frequentemente, causar obstrução inflamatória da fenda olfatória, embora a sarcoidose também possa afetar estruturas neurais). A sinusite pode ser a primeira manifestação de granulomatose com poliangiite, com desenvolvimento subsequente de sintomas pulmonares e renais.[52]Gottschlich S, Ambrosch P, Kramkowski D, et al. Head and neck manifestations of Wegener's granulomatosis. Rhinology. 2006 Dec;44(4):227-33.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17216737?tool=bestpractice.com
A doença de Sjögren foi associada à perda olfatória, possivelmente relacionada à mucosa nasal muito ressecada ou à infiltração linfocítica e à destruição das glândulas exócrinas.[53]Xu X, Geng L, Chen C, et al. Olfactory impairment in patients with primary Sjogren's syndrome and its correlation with organ involvement and immunological abnormalities. Arthritis Res Ther. 2021 Sep 29;23(1):250.
https://arthritis-research.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13075-021-02624-6
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A maioria desses pacientes provavelmente apresenta outros sintomas além da disfunção olfatória.
Malignidades sinonasais
Tumores sinonasais, benignos ou malignos, podem causar perda olfatória obstrutiva, mas esses pacientes geralmente apresentam outros sintomas nasais, como obstrução nasal ou epistaxe.[7]Deems DA, Doty RL, Settle RG, et al. Smell and taste disorders, a study of 750 patients from the University of Pennsylvania Smell and Taste Center. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 1991;117:519-528.
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[54]Goodspeed RB, Gent JF, Catalanotto FA. Chemosensory dysfunction. Clinical evaluation results from a taste and smell clinic. Postgrad Med. 1987 Jan;81(1):251-7.
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O estesioneuroblastoma, uma neoplasia maligna incomum que se acredita surgir do neuroepitélio olfatório, tende a causar anosmia. Normalmente, esses pacientes apresentam outros sintomas nasais.
Um tumor da fossa craniana anterior, como um meningioma do sulco olfatório, pode causar perda olfatória. No entanto, os pacientes geralmente apresentam cefaleia, deficits cognitivos ou perda da visão ou desenvolvem outros sinais neurológicos focais que fazem com que busquem atendimento médico.
Síndromes genéticas
A anosmia congênita é responsável por aproximadamente 3% dos casos.[8]Seiden AM, Duncan HJ. The diagnosis of a conductive olfactory loss. Laryngoscope. 2001 Jan;111(1):9-14.
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Embora várias síndromes congênitas bem descritas, como a síndrome de Turner e a síndrome de Kallmann, tenham sido associadas à perda olfatória, na maioria dos pacientes a perda olfatória é um achado isolado. Os pacientes descrevem não se lembrar de terem sido capazes de sentir odores antes.[55]John H, Schmid C. Kallmann's syndrome: clues to clinical diagnosis. Int J Impot Res. 2000 Apr;12(2):121-3.
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Uma ressonância nuclear magnética (RNM) pode demonstrar hipoplasia ou aplasia do bulbo ou trato olfatórios; ou, raramente, uma encefalocele do lobo frontal; ou ainda pode ser normal.[56]Hamilton BE, Weissman JL. Imaging of chemosensory loss. Otolaryngol Clin N Amer. 2004 Dec;37(6):1255-80.
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Envelhecimento
A perda olfatória pode ocorrer com o avanço da idade, mas geralmente não é significativa até depois da sétima década. Mesmo assim, ela tende a ocorrer de maneira gradual, juntamente com a diminuição dos outros sentidos, de modo que os pacientes geralmente aceitam essa limitação e raramente procuram atendimento médico. No entanto, é importante não atribuir a perda olfatória à idade quando um paciente com idade avançada aparece para avaliação.
Os testes quimiossensoriais devem ser comparados com controles de idade correspondente.[57]Doty RL, Shaman P, Dann M. Development of the University of Pennsylvania Smell Identification Test: a standardized microencapsulated test of olfactory function. Physiol Behav. 1984 Mar;32(3):489-502.
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