Etiologia

Há miríades de etiologias da síncope, as quais podem ser classificadas de várias maneiras, inclusive como causas cardíacas, não cardíacas e desconhecidas.[3] Pode haver um certo grau de sobreposição entre causas cardíacas e não cardíacas; a causa da síncope pode não ser determinada (etiologia idiopática) em até um terço dos casos.[4]

A síncope é causada pela redução transitória do fluxo sanguíneo cerebral, ,que resulta em hipoperfusão de ambos os hemisférios cerebrais simultaneamente, ou de seções do tronco encefálico que acredita-se serem responsáveis pelo estado de consciência (o sistema de ativação reticular).

O papel da idade do paciente na avaliação diagnóstica da síncope não está claramente definido. Embora alguns estudos sugiram a importância da idade como um preditor de desfecho desfavorável em pacientes com síncope por qualquer causa, outros demonstraram que a idade não é um preditor independente de desfecho adverso na síncope.[5][6][7]

Enquanto um processo patológico único costuma causar síncope nos pacientes mais jovens, em pacientes idosos ela costuma ser multifatorial. Os pacientes com idade mais avançada são particularmente propensos à síncope como consequência de uma combinação de alterações relacionadas à idade no sistema cardiovascular, comorbidades múltiplas e uso de vários medicamentos.[8]

Síncope cardíaca

Definida como síncope causada por bradicardia, taquicardia ou hipotensão decorrente de baixo índice cardíaco, obstrução do fluxo sanguíneo, vasodilatação ou dissecção vascular aguda.[9]

Disritmias

Produzem síncope ao reduzirem o enchimento ventricular e o volume sistólico, resultando em hipotensão e diminuição do fluxo sanguíneo cerebral. Os exemplos incluem:

  • Arritmias ventriculares

  • Disfunção do nó sinusal: incluindo síndrome de bradicardia/taquicardia

  • Bloqueios no sistema de condução atrioventricular

  • Taquicardia supraventricular paroxística

  • Síndromes hereditárias: síndromes do QT longo, síndrome de Brugada

  • Funcionamento inadequado de dispositivo implantado: marca-passo ou cardioversor-desfibrilador implantável; o funcionamento inadequado do marca-passo pode produzir síncope como resultado de bradidisritmias ou taquicardia induzida por marca-passo

  • Pro-arritmias induzida por medicamentos: sotalol, flecainida, procainamida, quinidina, disopiramida.

Doença cardiopulmonar e cardíaca estrutural

  • Valvopatias cardíacas

    • estenose aórtica ou mitral: a estenose mitral grave está mais comumente associada à síncope durante períodos de fibrilação atrial; a síncope por esforço pode ser devida a estenose aórtica[10]

    • insuficiência aórtica, mitral ou tricúspide aguda

    • disfunção de valva protética

  • Cardiomiopatia obstrutiva hipertrófica: a síncope a esforços pode ser devida a cardiomiopatia hipertrófica

  • Isquemia miocárdica aguda/infarto agudo do miocárdio: a síncope é um sintoma inicial relativamente raro de infarto agudo do miocárdio e está relacionada a disritmia ou a falha no bombeamento

  • Mixoma atrial

  • Dissecção aguda da aorta

  • Embolia pulmonar e hipertensão pulmonar: a hipertensão pulmonar aguda pode causar uma obstrução funcional do fluxo pulmonar, reduzindo abruptamente a pré-carga ventricular esquerda e, assim, o débito cardíaco. É provável que este seja o mecanismo da síncope associada à embolia pulmonar maciça. Nos pacientes com hipertensão pulmonar crônica, as atividades que elevam agudamente a pressão intratorácica, como tosse ou Valsalva durante a defecação, podem produzir o mesmo fenômeno

  • Tamponamento cardíaco: o aumento da pressão pericárdica provoca a compressão das câmaras cardíacas e, subsequentemente, a diminuição do débito cardíaco.

Síncope não cardíaca

Reflexa (neuromediada)

Esta é uma síncope decorrente de um reflexo que causa vasodilatação e/ou bradicardia. Ela tem vários subtipos.

  • Síndrome vasovagal: é o tipo mais comum de síncope nas crianças e nos adultos[11][12]

  • Síndrome do seio carotídeo

  • Síncope situacional.

Ortostática

  • Disautonomia

    • Distúrbios de catecolamina: falha do barorreflexo, deficiência de dopamina-beta-hidroxilase, feocromocitoma, neuroblastoma, síndrome de paraganglioma familiar, deficiência de tetraidrobiopterina

    • Disfunções autonômicas centrais: atrofia de múltiplos sistemas (síndrome de Shy-Drager), doença de Parkinson com insuficiência autonômica.

    • Síndrome de intolerância ortostática: síndrome de taquicardia postural, prolapso da válvula mitral, hipovolemia idiopática

    • Síncopes autonômicas paroxísticas: síncope neurocardiogênica

    • Disfunções autonômicas periféricas: polineuropatia idiopática aguda (síndrome de Guillain-Barré), doença de Chagas, insuficiência autonômica diabética, disautonomia familiar, insuficiência autonômica pura (síndrome de Bradbury-Eggleston)

  • Hipovolemia

    • Diarreia

    • Hemorragia (pode estar oculta): sangramento gastrointestinal, trauma tecidual, aneurisma de aorta roto, cisto ovariano roto, gravidez ectópica rota, hemorragia retroperitoneal, baço rompido

    • Doença de Addison

  • Pós-exercício

  • Pós-prandial

  • Induzida por medicamentos (causa mais comum de hipotensão ortostática): por exemplo, com diuréticos, agentes de bloqueio alfa-adrenérgicos tais como prazosina, inibidores da ECA, álcool, clonidina, antidepressivos tricíclicos, fenotiazinas, anti-histamínicos, L-dopa, inibidores da monoaminoxidase. Os efeitos dos medicamentos e as interações entre eles são exacerbados em idosos devido à disautonomia que ocorre com o envelhecimento.

Anatômica

  • Síndrome do roubo da subclávia.

Neurológica

  • Hemorragia subaracnoide: causa incomum de síncope, possivelmente relacionada a um aumento súbito da pressão intracraniana

  • Lesão cerebral traumática: hipoperfusão transitória reversível no cérebro, que pode ser causada por um aumento súbito da pressão intracraniana em decorrência de trauma ou outras lesões cerebrais que limitam o fluxo sanguíneo cerebral[13]

  • A enxaqueca raramente é associada a síncope (pode ser vasovagal ou decorrente de intolerância ortostática).

Tóxica ou metabólica

  • Toxicidades medicamentosas (como agentes antiarrítmicos que causem efeitos pró-arrítmicos)

  • Agentes anti-hipertensivos (causando hipotensão ortostática)

  • Hipoglicemia

  • Hipóxia

  • Hiperventilação com hipocapnia

Psiquiátrico

Não há um real comprometimento da consciência nesses transtornos.[14][15]

  • Ansiedade

  • Cataplexia

  • Os transtornos de conversão podem, às vezes, se manifestar como síncope.

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