Considerações de urgência
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Psicose aguda
A psicose aguda é o rápido agravamento dos sintomas psicóticos, inclusive delírios intensos ou experiências alucinatórias, que podem resultar em agitação psicomotora e agressão.[51] A agitação e a agressividade induzidas por psicose são emergências psiquiátricas que exigem intervenções de ação rápida. Os benzodiazepínicos e/ou antipsicóticos orais ou intramusculares, administrados isoladamente ou em combinação, são usados para tranquilização ou sedação farmacológica urgente.
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Segurança
Nos EUA, a esquizofrenia é o segundo diagnóstico mais frequente das hospitalizações relacionadas à saúde mental.[52] Pessoas com psicose podem apresentar alucinações auditivas de comando que as instruem a agredir a si mesmas ou a outras pessoas, juntamente com percepções inadequadas e cognição comprometida. A hospitalização é recomendada se o paciente se sentir impulsionado a agir ou se a cognição dele ficar comprometida ao ponto de ele não poder firmar um pacto pela sua própria segurança. Além dos sintomas psicóticos, as pessoas com transtornos psicóticos têm maior probabilidade de suicídio.[53] Cerca de 20% das pessoas com esquizofrenia tentam suicídio, e cerca de 10% morrem por suicídio.[54]
A psicose pode se apresentar com transtorno intenso do pensamento, pouco discernimento e pouca percepção, o que, juntamente com outros sintomas psicóticos, pode prejudicar muito a capacidade do indivíduo de funcionar, incluindo sua capacidade de conseguir abrigo ou alimentos. O perigo para si mesmo ou para os outros, ou o comprometimento funcional grave são razões comuns para a hospitalização de pessoas com psicose.
Internação hospitalar involuntária
Os critérios para a internação hospitalar involuntária serão específicos do estado/país em que o médico estiver trabalhando. De modo geral, ela será necessária quando os pacientes representarem risco iminente para si mesmos ou outros. Tal risco pode ser causado por desorganização e incapacidade de cuidar de si mesmos, agressividade, imprevisibilidade em consequência de delírios ou alucinações graves (especialmente, alucinações de comando), comportamento bizarro ou depressão acompanhada de tendência suicida ou homicida. Os pacientes que forem involuntariamente internados poderão necessitar de terapia medicamentosa forçada com urgência.
Delirium
O delirium é um estado agudo de confusão associado a morbidade e mortalidade elevadas. Ele é uma emergência médica, ocorrendo na maioria das vezes em pacientes idosos e com afecções médicas. Deve-se suspeitar de delirium se houver uma deterioração aguda ou subaguda do comportamento, cognição ou função. Praticamente qualquer afecção, intoxicação ou medicamento pode causar delirium, e pelo menos duas etiologias contribuintes geralmente estão presentes.
É necessária uma avaliação completa do estado mental para realizar o diagnóstico. A presença de um nível flutuante de consciência é uma característica do delirium que o distingue da psicose. Grandes flutuações nos sintomas podem ocorrer de hora em hora. Pacientes delirantes ficam desorientados e apresentam atenção e memória fracas. Uma anamnese, exame físico e estudos laboratoriais e radiográficos cuidadosos são necessários para identificar as causas subjacentes, como:
Interações de medicamentos
Intoxicação por medicamentos ou abstinência
Hipertermia ou hipotermia
Hipo ou hiperglicemia
Hipóxia
Infecções
"Psicose da unidade de terapia intensiva"
Anormalidades metabólicas
Estados pós-operatório ou pós-ictal
Perturbação do sono
Lesões cerebrais com efeito de massa
Lesão cerebral traumática.
O tratamento é direcionado às causas subjacentes. A segurança do paciente é essencial; é necessário manter observação constante. Devem ser seguidas as orientações nacionais. Restrições físicas não devem ser usadas rotineiramente, mas poderão ser necessárias se um paciente delirante e agitado estiver arrancando os dispositivos médicos necessários ou sendo resistente com os profissionais de saúde.
As diretrizes de qualidade de cuidados do Reino Unido recomendam que os medicamentos antipsicóticos devem ser considerados somente como opção de curto prazo para o delirium, e somente se o paciente estiver com desconforto ou impuser risco para si mesmo ou para os outros e se outras técnicas de manejo não farmacológicas tiverem fracassado ou forem inadequadas.[55]
Lesão cerebral traumática
Um hematoma subdural após trauma cranioencefálico recente pode estar presente juntamente com a psicose. As características incluem história de quedas ou trauma cranioencefálico; uma ressonância nuclear magnética (RNM) ou tomografia computadorizada (TC) com contraste cranioencefálicas confirmarão o diagnóstico. O tratamento do hematoma subdural é geralmente cirúrgico.
O risco de psicose aumenta após uma concussão.
Infecções do sistema nervoso central (SNC)
As infecções do SNC geralmente se manifestam com delirium, mas a psicose raramente será uma característica proeminente. A investigação inclui um hemograma completo, sorologia sanguínea para vírus específicos, análise e sorologia do líquido cefalorraquidiano, EEG (alterações específicas podem ser observadas em alguns tipos de encefalite viral) e uma RNM (alterações específicas podem ser observadas em alguns tipos de encefalite viral) que podem apresentar um padrão de anormalidade específico para o agente infeccioso. Quando o diagnóstico for determinado, o tratamento da infecção subjacente deverá ser iniciado.
Tumores intracranianos
Convulsões, cefaleias e deficits neurológicos focais, como fraqueza nas pernas ou braços ou perda de visão, são sintomas iniciais comuns dos tumores cerebrais. A psicose é um sintoma raro. Os achados focais do exame neurológico dependerão da localização do tumor. Características generalizadas, incluindo um nível alterado de consciência e alterações da personalidade poderão ocorrer. Uma RNM ou TC cranioencefálica auxiliarão no diagnóstico. Uma radiografia torácica também deverá ser considerada se houver suspeita de metástases cerebrais. Os cânceres com maior probabilidade de metástase para o cérebro incluem pulmão, mama, pele, rim e aqueles originados no trato gastrointestinal. Consulte o tópico “Visão geral de tumores cerebrais” do BMJ Best Practice.
Intoxicação por organofosforados
Os organofosforados são um grupo abrangente de substâncias químicas que são usadas em ambientes domésticos e industriais. Os exemplos incluem inseticidas, herbicidas, gases de nervos e agentes oftalmológicos. Os sintomas de toxicidade podem, às vezes, incluir psicose. O consenso é de que os sintomas neuropsiquiátricos ocorrerão apenas se a toxicidade for elevada o suficiente para causar sintomas colinérgicos agudos.[56]
Os sinais e sintomas clínicos variam dependendo da substância química específica, da via e da quantidade de exposição. Geralmente, há uma crise colinérgica aguda inicial e uma fase intermediária de paralisia respiratória (24 a 96 horas), seguidas em 1 a 3 semanas por neuropatia. Os sintomas e sinais físicos abrangem: broncoespasmo, náuseas e vômitos, visão turva, diaforese, confusão, ansiedade, paralisia respiratória e sintomas extrapiramidais. O estado cardiovascular do paciente pode variar. O paciente pode apresentar hipotensão ou hipertensão, e bradicardia ou taquicardia.
O manejo de pacientes envolve ajuda especializada precoce e apoio de cuidados intensivos. Consulte o tópico “Intoxicação por organofosforados” do BMJ Best Practice.
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