Abordagem
O diagnóstico da contratura de Dupuytren é clínico e baseado em um rigoroso exame físico das mãos, embasado por uma história clínica indicativa.
História clínica
A contratura de Dupuytren é geralmente observada em homens de ascendência norte-europeia e idade >40 anos. Por acreditar-se que a doença seja de herança autossômica dominante e penetrância variável, pode haver uma história familiar de contratura de Dupuytren.[1] A história médica pode ser positiva para diabetes ou epilepsia, enquanto a social pode revelar que o paciente é tabagista ou etilista.
Os pacientes descrevem dificuldades ao lavar o rosto, pentear o cabelo e colocar as mãos no bolso ou calçar luvas.
Exame físico
Um exame físico rigoroso das mãos acometidas revelará diversos achados característicos, dependendo da progressão da doença. O comprometimento bilateral das mãos é comum, sendo que uma das mãos é geralmente mais intensamente acometida que a outra, embora a lateralização do paciente não seja um preditor da intensidade.
Um nódulo palmar firme e espesso sobre a cabeça do metacarpo, no nível da prega palmar distal e proximal à articulação metacarpofalângica é geralmente o sinal mais precoce. Esse nódulo pode estar associado a uma banda na aponeurose palmar. Após a formação do nódulo, ocorrem alterações na pele palmar que envolvem espessamento, perda de mobilidade, enrugamento ou depressões, assim como fibrose da gordura subcutânea.
A formação de cordas pré-tendinosas geralmente ocorre com a diminuição dos nódulos isolados, embora possa haver nódulos e cordas simultaneamente. O dedo mais comumente acometido é o anelar, seguido pelo mínimo, polegar, médio e indicador. Conforme as cordas pré-tendinosas na palma evoluírem, elas poderão se deslocar pela articulação metacarpofalângica e, com o tempo, produzir contraturas em flexão dessa articulação, ocasionando a extensão limitada do dedo acometido. [Figure caption and citation for the preceding image starts]: Visão pré-operatória de contratura em flexão do dedo mínimo com indicação cirúrgicaDo acervo do Dr. C. M. Rodner; usado com permissão [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Visão pré-operatória de contratura em flexão do dedo mínimo com indicação cirúrgicaDo acervo do Dr. C. M. Rodner; usado com permissão [Citation ends].
O grau da contratura depende da gravidade da doença. Cordas digitais atravessando a articulação interfalangiana proximal (IFP) podem causar contraturas nessa articulação.
O exame físico do aspecto dorsal das articulações IFP pode revelar áreas de fibrose subcutânea, conhecidas como nódulos de Garrod ou nós dos dedos, indicativas de doença fascial sistêmica e preditivas de comprometimento bilateral. Os nódulos de Garrod são encontrados em cerca de metade dos pacientes.
O termo "diátese de Dupuytren" refere-se a pacientes com a forma grave da doença. Esses pacientes são geralmente jovens e apresentam uma evolução muito rápida da doença em ambas as mãos, tendo maior probabilidade de apresentar uma doença fascial sistêmica, como a doença de Ledderhose (que acomete a superfície plantar dos pés) e, em homens, a doença de Peyronie (que acomete o pênis).[19]
O teste de Hueston, que auxilia no diagnóstico, envolve o paciente tentar estirar a palma da mão em cima de uma mesa. O teste será positivo se o paciente não conseguir estirar a mão na mesa.
Investigações
Como o diagnóstico da contratura de Dupuytren é predominantemente clínico, uma ultrassonografia da mão seria de utilidade limitada. Ela mostraria uma massa entre o tendão flexor, abaixo, e a pele, acima. A ressonância nuclear magnética (RNM) e radiografias não são indicadas para o diagnóstico da doença.
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