Diagnósticos diferenciais
comuns
Vaginose bacteriana
História
normalmente assintomática; odor de peixe especialmente após relações sexuais sem uso de preservativo; corrimento esbranquiçado, ralo e homogêneo; raramente disúria e dispareunia; fatores de risco que incluem parceiro sexual novo ou >3 parceiros no ano anterior, uso de duchas, tabagismo
Exame físico
corrimento geralmente homogêneo, fino, cinza-esbranquiçado e com odor característico
Primeira investigação
- critérios de Amsel:
pelo menos 3 entre os 4 a seguir: corrimento fino e homogêneo; pH vaginal >4.5; teste de aminas (whiff) positivo ou odor de aminas com a adição de base (hidróxido de potássio a 10%); células-chave (clue cells) à avaliação microscópica de uma preparação em câmara úmida com soro fisiológico
- teste de hidróxido de potássio (KOH) de corrimento vaginal:
presença de odor de peixe quando hidróxido de potássio (KOH) a 10% é adicionado ao corrimento vaginal
Mais - microscopia de corrimento vaginal em câmara úmida:
células clue
Mais - coloração de Gram:
concentração relativa de lactobacilos
Mais
Tricomoníase
História
corrimento fino, purulento e com odor fétido; também pode apresentar ardência, prurido, disúria, polaciúria e dispareunia; os sintomas podem agravar-se durante a menstruação
Exame físico
geralmente, eritema da vulva e da mucosa vaginal; corrimento vaginal (verde-amarelado, espumoso) e colo uterino em morango não são sinais clínicos confiáveis, mas podem estar presentes
Primeira investigação
Outras investigações
- cultura de amostra vaginal em meio de Diamond:
positiva
Mais
Candidíase vulvovaginal
História
prurido vulvar, disúria, dor, ardência, edema, vermelhidão, inflamação, irritação, dispareunia; geralmente pouco ou nenhum corrimento, mas, quando presente, é branco, grumoso e de aspecto caseoso; ocorre com mais frequência em pacientes com diabetes
Exame físico
eritema vulvar, edema da mucosa vaginal e vulvar; com Candida albicans, o corrimento geralmente é espesso, aderente, semelhante a queijo cottage, mas pode ser fino e não aderente; com Candida glabrata, o corrimento geralmente é escasso
Primeira investigação
Outras investigações
- teste de amplificação de ácido nucleico:
positiva para Candida
Mais - sonda de ácido nucleico:
positiva para Candida
- glicose sérica em jejum:
pode confirmar diabetes em doença recorrente ou resistente
- HbA1c:
pode confirmar diabetes em doença recorrente ou resistente
Infecção por Chlamydia trachomatis
História
frequentemente assintomática; ou corrimento purulento ou mucopurulento da endocérvix, sangramento intermenstrual ou pós-coito, disúria, polaciúria, dispareunia, irritação vulvovaginal; dor e febre raras
Exame físico
colo uterino friável, eritematoso e edematoso, com corrimento purulento ou mucopurulento; possível dor à mobilização do colo; com Chlamydia trachomatis: corrimento endocervical amarelo opaco, sangramento cervical facilmente induzido
Primeira investigação
- teste de amplificação de ácido nucleico:
positiva
Mais
Infecção por Neisseria gonorrhoeae
História
assintomática; ou prurido vaginal e/ou corrimento mucopurulento; dor abdominal ou dispareunia sugere extensão para o trato superior; se não tratada, pode causar doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica, infertilidade
Exame físico
colo uterino normal ou com mucosa friável e corrimento purulento
Primeira investigação
Outras investigações
- ensaio imunoenzimático de amostra cervical ou de urina:
positiva
Mais
Mycoplasma genitalium
História
frequentemente assintomático; ou corrimento purulento ou mucopurulento da endocérvix, sangramento intermenstrual ou pós-coito, disúria, polaciúria, dispareunia, irritação vulvovaginal; dor abdominopélvica
Exame físico
colo uterino friável, eritematoso, com corrimento purulento ou mucopurulento; possível dor à mobilização do colo; sangramento cervical facilmente induzido
Primeira investigação
- teste de amplificação de ácido nucleico:
positiva
Mais
Outras investigações
Vaginite alérgica ou por irritantes
História
prurido e corrimento vaginal em associação com o uso de medicamentos tópicos, produtos espermicidas, soluções para duchas, preservativos ou diafragmas; pode ser uma reação ao esperma, látex, corante, sabonete, absorvente higiênico interno e externo
Exame físico
eritema vulvar, corrimento vaginal abundante inespecífico
Primeira investigação
- nenhuma:
o diagnóstico é clínico
Mais
Outras investigações
- teste de contato:
pode ser positivo para possíveis irritantes
Corrimento fisiológico em adultas
História
geralmente consiste em 1 a 5 mL de secreção a cada 24 horas; normalmente é transparente, sem odor (mas também pode ser levemente fétido), mucoso e branco-amarelado; mais perceptível com estados estrogênicos mais altos (por exemplo, durante a gestação, ao se usarem contraceptivos à base de estrogênio-progestina, ou na ovulação)
Exame físico
secreção um pouco transparente, mucosa e branco-amarelada
Primeira investigação
- microscopia de amostra vaginal:
lâminas de células epiteliais vaginais
Outras investigações
Corpo estranho em crianças
História
corrimento geralmente com odor desagradável e sangue
Exame físico
corpo estranho, corrimento com sangue e purulento
Primeira investigação
- radiografia abdominal ou pélvica:
visualização de corpo estranho
Outras investigações
- exame pélvico (talvez precise ser realizado sob anestesia):
visualização de corpo estranho
Vaginite inespecífica
História
a irritação pelo uso de espumas de banho, sabonetes com perfume, roupas apertadas, papel higiênico de trás para frente, uso inadequado de papel higiênico após o desfralde podem causar vaginite inespecífica; pele vulvar facilmente traumatizada
Exame físico
corrimento escasso a abundante com odor desagradável
Primeira investigação
- nenhuma:
o diagnóstico é clínico (após se descartarem outras causas)
Outras investigações
Corrimento fisiológico em crianças
História
alguns meses antes da menarca (9-13 anos de idade); corrimento fisiológico cinza-esbranquiçado causado por aumento nos níveis de estrogênio
Exame físico
corrimento escasso a moderado, transparente a branco; caso contrário, normal
Primeira investigação
- microscopia de amostra vaginal:
lâminas de células epiteliais vaginais
Outras investigações
Incomuns
Infecção por vírus do herpes simples (HSV)
História
inflamações ou úlceras vulvares superficiais; às vezes ocorre corrimento vaginal aquoso 7 a 11 dias após a infecção primária; possibilidade de febre e mal-estar generalizado; envolvimento do sistema nervoso central é raro
Exame físico
múltiplas úlceras vulvares, vaginais e cervicais superficiais e dolorosas, que frequentemente coalescem e remitem espontaneamente sem cicatrização
Primeira investigação
- teste de amplificação de ácido nucleico:
positiva
Mais
Outras investigações
- culturas virais de lesões:
vírus detectado
Mais
Vaginite estreptocócica em adultos
História
fatores predisponentes presentes: história domiciliar ou pessoal de infecção do trato respiratório superior com estreptococos do grupo A; contato sexual; atrofia vaginal
Exame físico
corrimento vaginal profuso/abundante
Primeira investigação
- swab para cultura vaginal:
positivo para Streptococcus pyogenes (estreptococos do grupo A)
Outras investigações
Esquistossomose genital
História
moradia em área endêmica; pode ser encontrada no Ocidente após o aumento do turismo
Exame físico
colo uterino eritematoso; corrimento vaginal abundante
Primeira investigação
- microscopia de urina para parasitas:
presença de ovos
Outras investigações
- biópsia por punção cervical:
presença de ovos
Mais - colposcopia de grande ampliação:
manchas arenosas com cor amarela nas superfícies mucosas
Entamoeba gingivalis associada ao uso de dispositivo intrauterino (DIU)
História
associada a uso de dispositivo intrauterino; identificada em pacientes com infecção oral concomitante e uso de DIU de cobre-T 380A
Exame físico
pode haver corrimento vaginal profuso
Primeira investigação
- lavagens de DIU para esfregaços diretos e coloração e extração de ácido desoxirribonucleico (DNA)/reação em cadeia da polimerase:
presença de parasitas
- exame concomitante para infecção oral:
presença de parasitas
Outras investigações
Higiene inadequada
História
história de uso de papel higiênico de trás para frente, absorventes higiênicos internos e externos não trocados oportunamente, limpeza vaginal inadequada; prurido; possivelmente infecções vaginais fúngicas mais frequentes
Exame físico
corrimento vaginal com odor fétido, esmegma
Primeira investigação
- nenhuma:
o diagnóstico é clínico
Outras investigações
Corpo estranho em adultos
História
corrimento com odor desagradável e/ou sangue
Exame físico
irritação ocasional dos grandes lábios e da parte interna das coxas; corpos estranhos duradouros podem causar extensa formação de aderências com a obstrução quase completa da porção inferior da vagina em relação à localização do corpo estranho
Primeira investigação
- exame pélvico:
visualização ou palpação de corpo estranho, pode haver obliteração total ou parcial da vagina
- radiografia abdominal/pélvica:
visualização do corpo estranho
Mais
Relacionada ao uso de anel vaginal hormonal ou contraceptivo combinado
História
início dos sintomas com uso de anel contraceptivo
Exame físico
possível irritação no local da pressão do anel na vagina
Primeira investigação
- o diagnóstico é clínico:
em geral, o anel causa irritação localizada, e não vaginite, mas a vaginite deve ser descartada via câmara úmida
Outras investigações
Síndrome geniturinária da menopausa
História
mulheres menopausadas ou perimenopausadas; prurido, ardência, desconforto, dispareunia, corrimento vaginal amarelado com odor fétido ou sangramento vaginal
Exame físico
o epitélio atrófico parece pálido, liso e brilhante; pode haver inflamação com eritemas irregulares, petéquias e maior friabilidade
Primeira investigação
- nenhuma:
o diagnóstico é clínico (com base no estado de pós-menopausa)
Outras investigações
Vaginite atrófica pós-puerperal; loquiação
História
parto recente, a loquiação passa por mudanças de branco a vermelho; prurido, ardência, desconforto, dispareunia, corrimento vaginal amarelado com odor fétido ou sangramento vaginal
Exame físico
corrimento avermelhado nos primeiros dias, rosado nos dias seguintes e esbranquiçado a partir do 10º dia pós-parto aproximadamente; achados de vaginite atrófica subsequentemente: o epitélio parece pálido, liso e brilhante; pode haver inflamação com eritemas irregulares, petéquias e maior friabilidade
Primeira investigação
- nenhuma:
o diagnóstico é clínico
Outras investigações
Síndrome de Behçet
História
história conhecida de síndrome de Behçet; úlceras aftosas recorrentes, ulcerações genitais às vezes associadas a corrimento vaginal e uveíte, causando cegueira
Exame físico
úlceras genitais recorrentes na vulva e vagina, dolorosas e com cicatrização; corrimento vaginal ocasional
Primeira investigação
- nenhuma:
o diagnóstico é clínico
Mais
Outras investigações
- biópsia de úlceras genitais:
vasculite e invasão de plasmócitos e linfócitos na camada espinhosa da epiderme
Mais
Vaginite inflamatória descamativa
História
vaginite crônica e exsudativa associada a corrimento purulento e abundante; dispareunia intensa, sintomas vulvares secundários, como irritação e/ou prurido
Exame físico
corrimento vaginal profuso e purulento; aparência manchada ou equimoses focais (vulva, vagina e colo uterino)
Primeira investigação
- microscopia de corrimento vaginal em câmara úmida:
infiltrado polimorfonuclear, células epiteliais basais e parabasais; ausência de lactobacilos; ausência de células-chave (clue cells)
Mais
Outras investigações
Líquen plano erosivo
História
erupção crônica com predominância nas superfícies flexoras, membranas mucosas e pele vulvar; as lesões geralmente são extremamente pruriginosas e às vezes dolorosas
Exame físico
pápulas violáceas e brilhantes que aparecem principalmente nas superfícies flexoras, membranas mucosas e pele vulvar; a maior parte das lesões localiza-se nos aspectos internos da vulva, especialmente no vestíbulo e nos pequenos lábios
Primeira investigação
- nenhuma:
o diagnóstico é clínico
Outras investigações
- biópsia por punção da vagina ou vulva:
hiperceratose, degeneração da camada celular basal, infiltração de células inflamatórias e cristas interpapilares (rete pegs)
Mais
Pós-operatório de procedimento com sling/malha
História
história de slingoplastia ou fístula intravaginal; corrimento vaginal purulento e fétido
Exame físico
corrimento vaginal de odor fétido, fístula ou erosão da malha visualizada ao exame especular
Primeira investigação
- nenhuma:
o diagnóstico é clínico
Mais
Outras investigações
Pós-irradiação
História
história de irradiação pélvica
Exame físico
também pode haver atrofia vaginal
Primeira investigação
- microscopia de corrimento vaginal em câmara úmida:
pode ajudar a excluir outras causas de corrimento vaginal
Outras investigações
Câncer cervical
História
algumas mulheres podem apresentar corrimento vaginal de odor fétido, indicando infecção por grande tumor necrótico; no câncer cervical em estádio tardio, pode ocorrer corrimento vaginal aquoso ou com odor desagradável provavelmente causado pelo tecido necrótico
Exame físico
o exame especular apresenta possível corrimento aquoso com odor desagradável, bem como massa pélvica vegetante
Primeira investigação
- esfregaço de Papanicolau:
alteração das células epiteliais
- biópsia de massa cervical:
positiva para câncer cervical
Outras investigações
Carcinoma das tubas uterinas
História
raro; apenas cerca de 16% das pacientes apresentam a tríade clássica (hidropisia tubária profluens [hidrossalpinge intermitente]) de corrimento vaginal, dor pélvica em cólica e massa pélvica palpável, embora os dados sejam muito limitados; sangramento vaginal; um corrimento vaginal transparente é o sintoma mais comum relatado pelas pacientes
Exame físico
sinais e sintomas característicos de malignidade (por exemplo, perda de peso, ascite)
Primeira investigação
- ultrassonografia pélvica:
neovascularização no Doppler transvaginal colorido ou ascite sugere malignidade
Outras investigações
- cirurgia (histerectomia abdominal total e salpingo-ooforectomia bilateral, citorredução do tumor, estadiamento total):
estadiamento da doença
Mais - CA-125:
elevado na maioria das pacientes com carcinoma tubário avançado
Mais - tomografia computadorizada (TC) de abdome ou pelve com contraste intravenoso/oral:
demonstra doença metastática
Infecção por oxiúros
História
prurido vulvar e perianal noturno
Exame físico
eritema vulvar, oxiúros podem ser visíveis
Primeira investigação
- fita de celofane adesiva e transparente examinada ao microscópio:
ovos de oxiúros
Mais
Outras investigações
Vaginite estreptocócica em crianças
História
faringite estreptocócica sintomática atual ou recente; causada pela transmissão da flora respiratória do nariz e faringe oral para a área vulvar
Exame físico
corrimento purulento, vulva com aparência de carne vermelha
Primeira investigação
- swab vaginal:
positivo para Streptococcal pyogenes (estreptococos do grupo A)
Outras investigações
Abuso sexual
História
corpos estranhos na vagina ou no reto, queixas geniturinárias, defecção ou micção dolorosa, corrimento, sangramento ou prurido vaginais, marcas de apertões ou corda, queixas orais, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ou possível gravidez
Exame físico
a maioria dos casos de abuso sexual em meninas pré-púberes apresenta achados normais ao exame físico, com hímen de aparência normal; ausência de todo ou de partes do hímen, ou uma rotura himenal posterior, representa sinais de abuso sexual; um corrimento amarelo-esverdeado profuso pode ser sinal de infecção; a avaliação deve ser realizada por um especialista em abuso sexual infantil
Primeira investigação
Infecção transmitida pelo canal vaginal
História
vaginite por N gonorrhoeae, Chlamydia e Trichomonas pode ser encontrada em neonatos, por aquisição através de canal vaginal infectado até 1 ano ou mais após o parto; é muito importante descartar abuso sexual nesses lactentes
Exame físico
corrimento amarelo-esverdeado profuso
Primeira investigação
- testes de amplificação de ácido nucleico cervical e vaginal da mãe:
pode ser positivo para N gonorrhoeae, Chlamydia e Trichomonas
- teste de amplificação de ácido nucleico da lactente:
pode ser positivo para N gonorrhoeae, Chlamydia e Trichomonas
Mais
Outras investigações
Mioma prolapsado
História
história de miomas, corrimento profuso ou com sangue
Exame físico
o mioma pode ser visível ao exame físico ou palpável no colo uterino ao exame bimanual
Primeira investigação
- ultrassonografia:
aparência sonográfica de mioma uterino
Outras investigações
Fístula vaginal
História
história de cirurgia pélvica, irradiação ou doença de Crohn com corrimento contínuo consistente com urina ou fezes líquidas
Exame físico
exame especular, avaliação cuidadosa das paredes vaginais
Primeira investigação
- teste do absorvente higiênico interno com colocação de corante na bexiga:
positivo quando há visualização do corante no absorvente higiênico interno
Outras investigações
- pielografia retrógrada:
revela vazamento entre o ureter e a vagina; sigmoidoscopia ou anoscopia: fístula observada à sondagem
- cistoscopia:
visualização de trajeto fistuloso comunicante com bexiga urinária
- fistulografia:
visualização de trajeto fistuloso
Linfoma do trato genital
História
massa, corrimento com odor fétido ou sangramento vaginal, dor ou plenitude abdominal
Exame físico
é possível palpar uma massa no exame bimanual ou visualizar uma massa no exame especular
Primeira investigação
- ultrassonografia pélvica:
confirma a presença de massa
- biópsia:
positiva para linfoma genital
Outras investigações
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