Considerações de urgência
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Isquemia cardíaca
A apresentação de novo episódio de insuficiência cardíaca com dispneia e dor torácica deve alertar o médico para isquemia como possível causa. As investigações incluem um ECG e a medição de marcadores cardíacos (por exemplo, troponinas e creatina quinase fração miocárdica [CK-MB]).
O tratamento deve atacar a reperfusão coronária imediata por terapia trombolítica ou intervenção coronária percutânea primária para restaurar o fluxo sanguíneo coronário. Além disso, pode ser necessário implantar um balão intra-aórtico para estabilização imediata. A insuficiência cardíaca é uma consequência comum da isquemia miocárdica e requer avaliação e intervenção urgentes. Entretanto, é importante observar que o termo "cardiomiopatia isquêmica" não é mais recomendado pelos autores da exposição científica da American Heart Association.[1]
Cardiomiopatia hipertrófica
A apresentação inicial pode ser com síncope ou morte súbita cardíaca, o que realça a importância do diagnóstico precoce e do rastreamento de parentes de primeiro grau. O exame físico pode revelar um sopro de saída similar à estenose aórtica, que pode ser diferenciado por manobras de Valsalva, preensão manual e acocoramento. O tratamento envolve evitar diurese, em contraste com o manejo de outras cardiomiopatias. Além disso, betabloqueadores e/ou bloqueadores dos canais de cálcio são indicados, enquanto exercícios extenuantes são proibidos (com o objetivo de evitar morte súbita). Agentes e dispositivos antiarrítmicos podem ser necessários em pacientes com arritmias cardíacas graves ou vários fatores de risco para morte súbita.
Morte súbita em indivíduos jovens (<40 anos)
A morte súbita cardíaca é de importância fundamental para a saúde pública.[71] Entretanto, a maioria dessas mortes súbitas ocorre em indivíduos mais velhos e são secundárias à doença coronariana. A morte cardíaca súbita e inesperada de indivíduos jovens apresenta efeitos profundos não apenas para a família e os amigos, mas também para a sociedade em geral. Números precisos não estão disponíveis, mas estima-se que a incidência de morte súbita em indivíduos jovens seja de aproximadamente 1 em 100,000 por ano.[72][73]
As causas comuns de morte súbita cardíaca incluem vários tipos de cardiomiopatias e canalopatias, bem como doença arterial coronariana aterosclerótica, dissecção da aorta e artérias coronárias anômalas. As cardiomiopatias hereditárias são uma causa significativa de morte cardíaca súbita em todas as faixas etárias. Indivíduos com cardiomiopatias hereditárias são frequentemente assintomáticos e só podem ser diagnosticados incidentalmente ou após o rastreamento familiar.[5]
Em até 31% dos casos de morte súbita cardíaca, nenhuma anormalidade estrutural pode ser detectada após a morte.[74] Em muitos casos, um diagnóstico definitivo não é estabelecido após a morte, apesar de haver uma base hereditária clara. Embora possa ser diagnosticamente desafiador, é muito importante tentar estabelecer uma causa precisa da morte. Portanto, é necessário realizar uma investigação clínica e, quando necessário, o teste genético de parentes vivos.[5]
Miocardite
Dois cenários descrevem as apresentações mais comuns de miocardite fulminante e da miocardite de células gigantes:[47]
Insuficiência cardíaca inexplicável inicial recente <2 semanas de duração em associação com ventrículo esquerdo (VE) de tamanho normal ou dilatado e comprometimento hemodinâmico
Insuficiência cardíaca inexplicável inicial recente de 2 semanas a 3 meses de duração em associação com um VE dilatado e evidência de arritmias ventriculares ou bloqueio atrioventricular de alto grau ou falha em responder aos cuidados usuais dentro de 1 a 2 semanas.
A ressonância nuclear magnética (RNM) cardíaca pode fornecer uma ferramenta diagnóstica adicional, pois os estudos mostram uma boa correlação entre regiões ativas de miocardite e áreas de intensidade de sinal anormal na RNM.[10]
Após um diagnóstico ser estabelecido, os pacientes com miocardite requerem tratamento da disfunção sistólica (usando tratamentos de insuficiência cardíaca padrão) e de complicações arrítmicas associadas, o que inclui estratégias para manejar bradicardias e taquiarritmias. Se o paciente desenvolver comprometimento hemodinâmico, a inserção de uma bomba de balão intra-aórtico ou o uso de dispositivos de assistência ventricular poderá ser necessário. Esses detalhes devem ser discutidos com um centro cardíaco que ofereça suporte mecânico e/ou transplante em um estágio inicial. A base de evidências para o uso de terapias antivirais específicas e/ou imunossupressão é muito limitada. No entanto, os pacientes com miocardite de células gigantes e miocardite eosinofílica geralmente respondem à imunossupressão, e isso é um dos principais motivos para a realização de biópsia endomiocárdica em determinados subconjuntos de pacientes. Em caso de dúvidas, deve-se recorrer à opinião de especialistas no manejo de miocardite.[46][47]
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