Abordagem
Na maioria dos pacientes, os soluços são benignos e autolimitados, ou curados com remédios caseiros simples, e não requerem intervenção médica. Os tratamentos farmacológicos e mais invasivos devem ser reservados para raros pacientes com soluços crônicos, para alívio sintomático e para evitar possíveis complicações.
O tratamento deve ser orientado pela duração e intensidade dos soluços e iniciado por um médico especialista. Os riscos associados do tratamento invasivo devem ser avaliados em relação aos benefícios previstos, a fim de evitar que uma condição geralmente benigna se transforme em complicações graves, relacionadas ao tratamento.
Todos os pacientes devem evitar fatores conhecidos por predisporem a soluços, como consumo excessivo de alimentos ou bebidas alcoólicas, consumo de bebidas carbonatadas, mudanças súbitas na temperatura ambiente ou gastrointestinal (por exemplo, banhos frios, consumo de bebidas quentes ou frias), agitação súbita e estresse emocional.[5]
É difícil encontrar dados científicos válidos sobre o tratamento de soluços.[21] A grande maioria das evidências de tratamentos de soluços provém de ensaios observacionais não controlados, séries de casos-controles ou relatos de casos. São necessários ensaios clínicos randomizados controlados por placebo válidos.
Remédios caseiros
Vários remédios caseiros, usados isoladamente ou em combinação, são geralmente eficazes para curar episódios de soluços benignos. Eles incluem apneia voluntária, a manobra de Valsalva (uma expiração forçada contra a glote fechada), respirar em um saco de papel, empurrar a língua, espirrar, deglutir uma colher de chá de açúcar granulado, beber goles de água gelada, comprimir o diafragma levando os joelhos ao tórax, deglutir grandes quantidades de água enquanto fecha o nariz e os ouvidos e um susto súbito.
Tratamento da causa subjacente
O tratamento bem-sucedido da causa subjacente dos soluços crônicos pode causar o término desses soluços.[22] Se os soluços persistirem apesar da terapia específica, deve-se tentar a manipulação física.[23]
Caso a dexametasona seja considerada o medicamento causador, se possível, deve-se considerar o uso de outro corticosteroide, pois isso pode resultar em alívio do soluço.[24]
Algumas evidências clínicas sugerem que o uso de um dispositivo similar a um canudo para beber água e a ingestão de uma substância azeda podem ser úteis.[25][26] No entanto, essas intervenções requerem estudos adicionais para demonstrar sua eficácia.
Manipulação física
A interrupção do arco reflexo do soluço causa o término dos soluços e pode ser obtida através de várias técnicas. É possível tentar estimular a nasofaringe com um dedo, um cateter de borracha ou um aplicador com ponta de algodão, levantar a úvula ou induzir um arquejo cheirando sais ou outros agentes nocivos.[27]
As técnicas de segunda linha incluem massagem do seio carotídeo, aplicar pressão supraorbital, compressão digital na raiz do pescoço ao longo do nervo frênico e compressão da cartilagem tireoide.[28] Esses procedimentos não são livres de risco, e devem ser realizados apenas com extrema precaução. As manobras vagais podem causar bradicardia grave, e a aplicação de agentes nocivos pode causar efeitos adversos locais, como corrosão.
É possível realizar aspiração nasogástrica e manipulação do canal auditivo. O tratamento de soluços com massagem retal digital e relação sexual também é documentado.[29][30]
Como as técnicas de manipulação física estão associadas a possíveis efeitos prejudiciais, deve-se tentá-las apenas quando medidas menos invasivas não forem bem-sucedidas.
Farmacoterapia
Os soluços crônicos sem resposta clínica à manipulação física frequentemente requerem terapia farmacológica. O uso do baclofeno é respaldado por dois ensaios clínicos randomizados de pequeno porte.[31][32] Outros agentes, como a clorpromazina e a metoclopramida, foram testados com sucesso e estudos de pequeno porte, mas são limitados por seus perfis de efeitos colaterais.[33][34][35] Nenhum agente apresenta eficácia comprovada e bem estabelecida.[27][36]
Terapias alternativas
Além das técnicas de manipulação física e farmacoterapia convencionais, é possível tentar terapias alternativas, como acupuntura, hipnose e psicoterapia, para os soluços crônicos.[1][30][37]
Terapia invasiva
Nos soluços refratários associados a desconforto e morbidade significativos, pode-se considerar a ruptura do nervo frênico (isto é, do ramo eferente do arco reflexo do soluço). A ruptura ou a transecção permanente do nervo frênico deve ser precedida por um bloqueio do nervo com um anestésico local de ação prolongada. Antes do tratamento, é necessário estabelecer qual folheto do diafragma está sendo contraído e identificar claramente, pela estimulação, o nervo frênico responsável pela contração unilateral. Como pode ocorrer um comprometimento grave da função pulmonar após a paralisia diafragmática, esse procedimento só é recomendável em casos extremos, sendo necessário esgotar todos os outros tratamentos conservadores possíveis, inclusive terapias alternativas, antes de realizar a ruptura do nervo frênico.[1][30]
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