Etiologia

A etiologia dos soluços não é totalmente compreendida.

Soluços benignos podem ser causados por distensão gástrica causada por aerofagia, excesso de alimentos e consumo de bebidas alcoólicas e carbonatadas.[5] Outras causas incluem mudanças súbitas da temperatura ambiente ou gastrointestinal (por exemplo, banhos frios, consumo de bebidas frias ou quentes), agitação súbita e estresse emocional.[5]

Vários mecanismos subjacentes podem causar soluços crônicos. Embora haja implicações de mais de 100 afecções, não foram demonstradas relações causais de forma consistente.

As causas do soluço podem ser classificadas em: periférica, central, metabólica, induzida por medicamentos e psicogênica.

Causas periféricas

Os processos periféricos envolvem irritação dos nervos diafragmático, frênico e vago.

A irritação dos nervos diafragmático e frênico pode ser causada por abscesso subfrênico, esplenomegalia, hepatomegalia, infarto do miocárdio, pericardite, uma hérnia de hiato, câncer esofágico ou um eletrodo anormal de um marca-passo cardíaco.

A irritação do nervo vago pode resultar de:[6][7][8][9]

  • um corpo estranho irritando a membrana timpânica

  • faringite, laringite, bócio ou cisto no pescoço

  • pneumonia, empiema, bronquite, asma, pleurite, tuberculose, câncer pulmonar

  • esofagite

  • aneurisma da aorta

  • cor pulmonale

  • mediastinite

  • atonia gástrica, câncer gástrico, gastrite, úlcera duodenal

  • pancreatite, câncer de pâncreas

  • abscesso intra-abdominal

  • obstrução intestinal

  • colecistite, colelitíase

  • colite ulcerativa, doença de Crohn, hemorragia gastrointestinal

  • apendicite

  • hepatite, ou

  • doença prostática.

As causas centrais de soluços incluem:[10][11][12]

  • lesões estruturais (neoplasia intracraniana, siringomielia, esclerose múltipla, derivação ventrículo-peritoneal

  • lesões vasculares (hemorragia intracraniana ou infarto, malformação arteriovenosa, insuficiência vascular)

  • infecção (meningite, encefalite, neurossífilis, malária, herpes-zóster)

  • trauma, e

  • epilepsia.

Causas metabólicas

As causas metabólicas incluem uremia, diabetes mellitus, gota, hiponatremia, hipocalcemia, hipocalemia e alcalose. Distúrbios eletrolíticos podem reduzir a inibição central do arco reflexo do soluço, causando soluços crônicos.

Soluço induzido por substâncias

As bebidas alcoólicas, a dexametasona, o diazepam, as sulfonamidas, os antiepilépticos e a alfa-metildopa podem causar soluços.[13] A quimioterapia contra o câncer pode causar episódios de soluços.[14] Os soluços associados à sedação ou anestesia podem ser considerados um subtipo separado. O reflexo do soluço é geralmente inibido pelo córtex, mas durante a sedação e a anestesia, essa inibição é reduzida, causando soluços.[1][15][16]

Causas psicogênicas

Os distúrbios psicogênicos associados ao surgimento de soluços crônicos são transtorno de personalidade, reação de conversão, neurose histérica, anorexia nervosa, choque súbito e reação de luto.[8][17]

Fisiopatologia

O mecanismo exato subjacente aos soluços permanece desconhecido.

O membro aferente do arco reflexo do soluço envolve os nervos frênico e vago bem como a cadeia simpática. O ramo eferente primário é o nervo frênico; no entanto, também estão envolvidos os nervos eferentes para a glote e os músculos acessórios (por exemplo, intercostais, músculos escalenos).[5] A conexão central envolve o terceiro, o quarto e o quinto segmentos cervicais e o tronco encefálico.[5][18] Os neurotransmissores ácido gama-aminobutírico, dopamina e serotonina estão envolvidos no processamento.[18][19]

Após a ativação do arco reflexo do soluço, ocorre uma inspiração abrupta. Geralmente, os soluços envolvem contração diafragmática unilateral, frequentemente confinada à cúpula diafragmática esquerda. Embora ocorram contrações bilaterais, em geral, há a predominância de um dos lados.[16] O movimento acelerado do ar causa o fechamento súbito da glote após aproximadamente 35 milissegundos. Esse ciclo pode se repetir de 4 a 60 vezes por minuto.

O nível de pressão parcial de dióxido de carbono (PCO₂) arterial afeta a frequência dos soluços.[20] O aumento dos níveis de PCO₂ reduz a frequência, enquanto a hiperventilação (que causa a redução dos níveis de CO₂) aumenta o número de soluços por minuto.

Classificação

Classificação clínica

Soluços benignos

  • Autolimitados com duração de <48 horas e sem complicações associadas.

Soluços crônicos

  • Não são autolimitados e têm duração acima de 48 horas, podendo durar vários anos. Normalmente estão associados a uma causa orgânica subjacente, podendo surgir complicações associadas.

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