A medicina baseada em evidências (EBMa) refere-se à aplicação da melhor pesquisa disponível aos cuidados clínicos, o que requer a integração de evidências com a experiência clínica e os valores do paciente [1,2].  Quando falamos no que há de melhor em pesquisa nos referimos à pesquisa clinicamente relevante (isto é, orientada para o paciente) que:

  • Esclarece a acurácia e precisão dos exames diagnósticos,
  • Destaca a importância dos marcadores prognósticos,
  • Estabelece a eficácia e a segurança das estratégias médicas terapêuticas, reabilitadoras ou preventivas, ou
  • Procura entender a experiência do paciente.

Os médicos devem usar suas habilidades e a experiência pregressa para identificar rapidamente a situação clínica exclusiva de cada paciente, aplicando as evidências adaptadas aos riscos versus benefícios das possíveis intervenções, para cada indivíduo. Finalmente, o objetivo normativo da EBM é dar suporte ao paciente, contextualizando as evidências de acordo com suas preferências, preocupações e expectativas. Isto resulta em um processo de tomada de decisão compartilhada, no qual os valores do paciente, as circunstâncias e o contexto ditam o melhor cuidado.

O uso disseminado de EBM em muitas disciplinas de saúde reflete seu amplo impacto. A EBM também é uma ferramenta importante para a justiça social. Se aplicada corretamente, ela tem potencial para ser um grande equalizador – lutar pela igualdade de cuidados dos pacientes em diferentes partes do mundo. Além disso, a EBM desempenha um papel de destaque na formulação de políticas; os políticos estão falando cada vez mais sobre o uso que fazem das evidências advindas da pesquisa para basear sua tomada de decisão, como uma declaração de legitimidade. [3, 4]

Sua história foi artisticamente descrita em 'uma história oral da EBM', apresentada pelo Dr. Richard Smith, que inclui discussões com os fundadores da EBM - incluindo Drs David Sackett, Brian Haynes, e Gordon Guyatt. Os leitores interessados também podem fazer referência à Biblioteca James Lind, que descreve muitos momentos seminais na história da EBM [6].  A conclusão desses artigos é que a EBM não é um conceito novo, mas que ela reflete o trabalho de inúmeras pessoas que melhoraram o processo de gerar evidências clínicas ao longo de várias décadas e que ela continua a evoluir.

Desenvolver as habilidades para a prática da EBM requer acesso às evidências, oportunidades para praticar e tempo. Esperamos que este portal venha a ser um ponto de partida. Você poderia optar pela utilização deste recurso para se tornar um consumidor mais esclarecido da literatura ou a próxima pessoa a colaborar com o progresso desta sabedoria coletiva. Ainda há muito trabalho pela frente: é chegado o momento de empreender esforços para descobrir novas maneiras de integrar as evidências nos registros de saúde pessoal para que possam ser usadas à beira do leito e na casa do paciente, melhorar as estratégias para comunicação do risco e encontrar maneiras para aprender e exercer a medicina diante da incerteza [7]. Esperamos que você participe deste bate-papo permanente.

Reena Pattani MD MPH FRCPC
Professor Auxiliar,
Division of General Internal Medicine
Department of Medicine
St. Michael’s Hospital
University of Toronto

Sharon E. Straus MD MSc FRCPC
Professor,
Division of Geriatric Medicine
Department of Medicine
St. Michael’s Hospital
University of Toronto

Reconhecimentos: a SES é financiada por um Presidente de Pesquisa do Canadá de Nível 1.

O termo MBE é utilizado de forma intercambiável com práticas baseadas em evidências ou cuidados de saúde baseados em evidências.
Terapiaocupacional, fisioterapia, enfermagem, odontologia e medicina complementar, para citar alguns.

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O que realmente significa 'baseada em evidências'?

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Referências

  1. Evidence-based Medicine Working Group. Evidence-based medicine.  A new approach to teaching the practice of medicine. JAMA 1992; 268:2420 -5.
  2. Straus SE, Glasziou P, Richardson WS, Haynes RB. Evidence-based medicine: How to practice and teach it, 4th ed. Churchill Livingstone, Elsevier: Edinburgh, 2011.
  3. Edwards P. A cabinet that looks like Canada:’ Justin Trudeau pledges government built on trust: Toronto Star Newspaper; 2015. [acessado pela última vez em fevereiro de 2019]. Disponível em: https://www.thestar.com/news/canada/2015/11/04/new-government-to-be-sworn-in-today.html.
  4. Malterud K, Bjelland AK, Elvbakken KT. Evidence-based medicine – an appropriate tool for evidence-based health policy? A case study from Norway. Health Research Policy and Systems. 2016; 14 (1) :15.
  5. The JAMA Network. Evidence Based Medicine: An Oral History 2014 [acessado pela última vez em fevereiro de 2019]. Disponível em: https://ebm.jamanetwork.com/.
  6. The James Lind Library. Illustrating the development of fair tests of treatments in health care 2003 [acessado pela última vez em fevereiro de 2019]. Disponível em: https://www.jameslindlibrary.org/.
  7. Simpkin AL, Schwartzstein RM. Tolerating Uncertainty — The Next Medical Revolution? N Engl J Med 2016; 375(18):1713-1715.